Christine Lagarde: mais liderança feminina para reformar sistema financeiro

A presidente do FMI lembrou os riscos que o sistema financeiro enfrenta hoje, 10 anos após a falência do banco Lehman Brothers, e defendeu que uma liderança com maior diversidade de género traz mais prudência e mudança da cultura e ética.

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu.

“Se a Lehman Brothers se tivesse sido a Lehman Sisters teria sobrevivido à crise financeira.” A frase do economista e autor sueco Kjell Nordstrom, dita no rescaldo do colapso do poderoso banco investimento, foi relembrada por Christine Lagarde, presidente do Fundo Monetário Internacional, num artigo publicado ontem, dia 5, no blog do FMI, assinalando os 10 anos sobre a falência da Lehman, que se cumprem a 15 de setembro.

Lagarde lembrou que, apesar da resposta à crise financeira de 2008 ter sido eficaz, os riscos para o sistema financeiro continuam a ser bem reais, exigindo uma mudança de paradigma a nível de valores, cultura e ética. “Neste contexto, um ingrediente chave para a reforma do sistema financeiro seria maior liderança feminina. Primeiro, a maior diversidade aguça sempre o pensamento, reduzindo o potencial do pensamento de grupo. Em segundo lugar, essa diversidade também leva a maior prudência, com menos decisões precipitadas como aquelas que provocaram a crise. A nossa investigação confirma-o — uma maior percentagem de mulheres nos conselhos de administração dos bancos e agências do supervisão financeira está associada a uma maior estabilidade.”

Para a presidente do FMI, na última década foi percorrido um grande caminho, mas é preciso ir mais longe ainda. “O sistema está mais seguro, mas ainda não é seguro o suficiente. O crescimento recuperou, mas ainda não é suficientemente partilhado.” Apontou também para novos sinais de alerta no cenário mundial pós-crise, nomeadamente para as consequências da desigualdade excessiva, para a possibilidade de reversão da regulamentação financeira, o protecionismo e políticas voltadas para dentro, bem como para o aumento dos desequilíbrios globais. “A forma como respondemos a estes desafios determinará se interiorizámos as lições do Lehman. Nesse sentido, o verdadeiro legado da crise não poderá ser adequadamente avaliado após 10 anos porque ainda está a ser escrito.”

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