Empresas familiares, o novo paradigma

As empresas familiares representam uma ampla fatia da demografia empresarial em todo o mundo. Uma empresa familiar tem toda a complexidade que qualquer outra empresa, a que acrescenta a complexidade das dinâmicas familiares.

Em Portugal, as empresas familiares constituem 70% a 80% do universo empresarial. Dados divulgados pela Associação de Empresas Familiares dão conta de que a faturação anual global dos associados se cifra em mais de uma dezena de milhares de milhões de euros, e que as empresas familiares representam 60% do emprego e 50% do PIB.

As empresas familiares em Portugal estão a entrar num novo limiar por factores que podem provocar uma mudança radical de contexto. Um está relacionado com a qualificação das novas gerações. O país está a ficar mais qualificado e isso vai ter reflexo nas empresas familiares com gestores e funcionários com mais competências técnicas e de gestão.

O segundo aspecto tem a ver com a paridade de género. Há medida que a presença das mulheres na sociedade e na empresa se torna uma evolução natural, a base de recrutamento do talento numa empresa familiar aumenta e há mais possibilidades na seleção dos melhores para a gestão e para a empresa. Hoje já existem muitas empresas em que a sucessão e a gestão é assegurada por mulheres.

Por sua vez há dois aspectos que parecem cruciais nas empresas familiares. O conflito familiar público é muitas vezes mortal para uma empresa, sobretudo se está a atravessar uma situação económica e financeira difícil. Cria uma desconfiança nos stakeholders, as condições tornam-se mais complicadas e depois é difícil encontrar uma boa solução. A debacle do Grupo GES ou do Banif têm a ver com muitos aspectos, mas o conflito familiar ajudou muito à queda.

Depois há um aspecto que é muitas vezes menosprezado nas empresas familiares. Estas centram as suas preocupações em encontrar e formar líderes para a geração seguinte mas se esquecem de educar os accionistas da geração seguinte. Os grandes grupos familiares já têm esta preocupação mas as pequenas e médias empresas têm menos.

 

Com base na intervenção feita na apresentação do livro, Como liderar empresas familiares, da autoria de Miguel Pina e Cunha, Alexandre Dias da Cunha, Arménio Rego e Filipe S. Fernandes, numa edição da Lua de Papel.

Publicado a 05 Julho 2017

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