Uma outsider na Chanel e o que andará Angela Merkel a fazer

A ler na Executiva

Entrevista com Anabela Fernandes, directora-geral da farmacêutica Biogen. Começou a trabalhar aos 16 anos no Sporting, passando depois por empresas tão distintas como TAP, Autoeuropa, Merloni e CTT até chegar à indústria farmacêutica. Foi nesta indústria que deixou a área dos recursos humanos e iniciou um novo percurso na gestão, que a conduziu à liderança da Biogen. A não perder na Executiva

A ler na Web

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A nova CEO da Chanel não vem da moda

Aos 52 anos, uma executiva de nacionalidade indiana passa da liderança dos Recursos Humanos de uma das maiores empresas de bens de consumo, para a liderança de uma das mais tradicionais e icónicas companhias do mundo da moda e do luxo. Depois de mais de cinco anos sem um CEO global, a casa de moda francesa Chanel contratou Leena Nair, substituindo a americana Maureen Chiquet, que deixou a empresa após nove anos no seu comando, no início de 2016, altura em que o bilionário francês Alain Wertheimer, que em conjunto com o irmão Gerard detém a marca, assumiu essa função.
Leena Nair transita da Unilever, onde está há cerca de 30 anos. Entrou em 1992, como trainee no chão da fábrica, a que se seguiram funções de general manager Human Resources of Home & Personal Care, na Índia. Em 2013, mudou-se para Londres para assumir o cargo de senior vice president com o pelouro da Diversidade e Inclusão. Três anos mais tarde, foi nomeada chief human resources officer e membro do comité executivo da Unilever, funções que desempenhará até ao final de janeiro, quando, a  partir de Londres, ficará a comandar os destinos da Chanel. De acordo com a revista Harper’s Bazaar,a executiva distinguiu-se nos últimos anos por ter conseguido que a Unilever chegasse à paridade de género nos cargos globais de chefia.
Em comunicado oficial, a Chanel afirma que os irmãos Alain e Gerard Wertheimer, proprietários da reputada casa de moda, passarão a desempenhar o cargo de presidentes executivos globais.

Valérie Pécresse, a mulher que pode ser a próxima presidente de França

Em abril, os franceses vão às urnas para eleger o presidente da República. A nova esperança do partido conservador é uma mulher, Valérie Pécresse, de 54 anos, que aspira a tornar-se na primeira presidente de França. E segundo alguns meios respeitados, como o britânico Financial Times, poderá mesmo destronar Emmanuel Macron na segunda volta das eleições. Depois de ganhar as primárias do partido conservador, esta admiradora de líderes como Margaret Thatcher e Angela Merkel, enfrentará Macron, e também outras duas mulheres que aspiram ocupar Eliseu: Anne Hidalgo, candidata do partido socialista francês, e Marine Le Pen, líder da extrema-direita. Experiência não lhe falta, pois acumula mais de duas décadas na primeira linha de política francesa.
Cresceu numa família de intelectuais de direita (o pai é professor de economia; o avô o psiquiatra que tratou a anorexia da filha de Jacques Chirac). Depois de estudar na conceituada École Nationale d’Administration, entrou na política em 1998, precisamente, para combater a extrema-direita, que então era liderada por Jean-Marie Le Pen. Depois de trabalhar como assessora de Chirac no Eliseu, foi ministra de Nicolas Sarkozy, primeiro da Educação Superior e da Investigação e mais tarde do Orçamento, das Contas Públicas e da Reforma do Estado, cargo em que teve de gerir a crise da dívida.
Com experiência de governo, reputação de moderada, enérgica e grande oradora, é considerada a nova esperança dos conservadores que não chegam à presidência desde que Sarkozy saiu do Eliseu em 2012. A própria Valérie Pécresse abandonou o partido em 2019, tendo regressado às suas fileiras com a ideia de ser a primeira mulher a encabeçar uma campanha presidencial na sua história. Abraça o “desafio histórico de reconstruir” a nação francesa, o que passa pelo amor pela sua história. “A partir daí, a França poderá ser a primeira potência europeia em menos de dez anos”, antevê.

Quem sabe, ensina

Kendra Scott  deixou a faculdade para abrir uma empresa em que investiu apenas 500 dólares. Bateu no fundo do poço, quando se divorciou e ficou com dois filhos pequenos no exacto momento em que chegou a Grande Recessão. Mas esta designer de jóias fez uma aposta audaciosa: abrir a sua própria loja de joalharia e acabou por construir um império que vale milhões de dólares e em que 95% dos empregados são mulheres.
Agora, a empresária de Austin e investidora do programa televisivo Shark Tank, está a lançar os dados do seu segundo ato: um novo programa de Empreendedorismo na Universidade do Texas em Austin, que visa treinar a próxima geração de mulheres empresárias. Em 2019, doou 1 milhão de dólares à Universidade do Texas para fundar um novo instituto vocacionado para as mulheres de negócios: The Kendra Scott Women’s Entrepreneurial Leadership Institute, ou WELI. Passou as suas funções de CEO a um executivo de longa data da sua empresa, Tom Nolan, e colocou toda a sua energia na educação — incluindo a lecionação de algumas aulas. Dois anos volvidos, Scott e a UT começaram a conversar sobre como reproduzir o programa noutras universidade e até exportá-lo.

O que andará Merkel a fazer?

“Quero escrever, quero falar, quero fazer trilhos, quero ficar em casa, quero ver o mundo? Decidi começar por não fazer nada e ver o que acontece depois”, revelou Angela Merkel em setembro de 2021. Para já, sabe-se que vai escrever a sua autobiografia política com a chefe de gabinete que a acompanha desde 1992, e que pediu ao parlamento alemão para ter um gabinete com nove funcionários, o que significa que deverá desenvolver alguma atividade pública. 
Além disso, é provável que passe mais tempo na sua casa de campo perto de Templin, onde foi criada, que continue presença assídua em concertos de música clássica e óperas na Alemanha e na Áustria (o governo austríaco ofereceu-lhe um passe vitalício quando deixou o governo alemão), ou mesmo que realize o desejo de voltar às universidades que a nomearam doutor honoris causa para poder conversar tranquilamente com os estudantes — ainda que para isso precise de visitar duas dezenas de cidades em 13 países, da China aos Estados Unidos. O tempo livre de que desfruta depois de 16 anos no governo e a pensão de 15 mil euros que receberá até ao fim da vida, deixam-lhe muita margem para escolha. A verdade é que a 9 de dezembro, o seu primeiro dia como ex-chanceler, foi fotografada a entrar no seu novo gabinete às… 8h20!

10 pessoas que ajudaram a moldar a ciência em 2021, segundo a Nature

Nesta altura do ano multiplicam-se os dossiês sobre o balanço do ano anterior e as perspectivas para o que agora começa. Desta vez trazemos-lhe a lista da Nature, que explora desenvolvimentos importantes na ciência e algumas das pessoas que desempenharam papéis importantes nesses marcos. Não é um prémio ou um ranking; a seleção é feita pelos editores da publicação para destacar os principais eventos da ciência através das histórias das pessoas envolvidas.
Entre esses 10 cientistas transformadores, encontramos seis mulheres:

1. Winnie Byanyima, líder da UNAIDS, a agência das Nações Unidas que coordena os esforços para erradicar a SIDA, a que a Nature chama “a guerreira das vacinas” contra a COVID-19.
2. Friederike Otto, detetive meteorológica. À medida que as ondas de calor, inundações e secas se multiplicam, esta investigadora e os seus colaboradores do grupo World Weather Attribution avaliam se os humanos têm alguma culpa nessa mudança climática.
3. Timnit Gebru: líder de ética em IA. Depois de perder o emprego na Google, na sequência de uma discussão sobre a verificação do seu trabalho pelo gigante da tecnologia, esta pioneira da inteligência artificial fundou um instituto independente para lidar com questões de ética na tecnologia.
4. Victoria Tauli-Corpuz, líder indígena das Filipinas que serviu por seis anos como relatora especial da ONU para os direitos dos povos indígenas, trabalhou durante décadas  para convencer governos, ambientalistas e ONG de que os povos indígenas são os melhores gestores das florestas e outros hotspots da biodiversidade. Os direitos indígenas foram reconhecidos durante a Convenção virtual da ONU sobre Diversidade Biológica em outubro.
5. Meaghan Kall. Esta epidemiologista do governo britânico foi contra as normas ao tweetar explicações sobre os dados do coronavírus no Reino Unido. Graças aos seus posts no Twitter, tornou-se o rosto humano de uma equipa do governo que forneceu muitas respostas iniciais a perguntas candentes sobre o COVID-19 em 2021.
6. Janet Woodcock. Nomeada por Joe Biden como líder da Food and Drug Administration, dos Estados Unidos, esta médica que há mais de 35 anos trabalha no Center for Drug Evaluation and Research, avaliando se os novos medicamentos são seguros e eficazes, liderou a organização num ano desafiador, no meio de muita controvérsia.

Histórias fascinantes de mulheres na moda

Como superar adversidades, segundo a mãe do mais rico do mundo

Maye Musk parece uma daquelas lendárias editoras de revistas de moda, do estilo de Anna Wintour. É modelo há 51 anos, tendo sido capa da edição de Saúde da Time (ela é também nutricionista), da Womans Day e até da Vogue. Hoje com 71 anos, ela é uma supermodelo em todos os sentidos da palavra, com milhões de seguidores nas redes sociais e uma lista de amigos formada pelo jet set internacional. Mas a mãe de Elon Musk, o homem mais rico do mundo e a pessoa do ano segundo a Time, estava longe de imaginar o rumo que a sua vida iria tomar.
A verdade é que a sua vida foi pouco glamourosa. Nasceu no Canadá, mas a sua família mudou-se para a África do Sul quando ela era pequena. Começou a trabalhar como modelo aos 15 anos. Conheceu um engenheiro rico, Errol Musk, e foram infelizes para sempre. Maye passou a maior parte dos seus 20 anos presa num casamento brutalmente abusivo, física e emocionalmente, que, “lhe roubou toda a esperança”.
Numa entrevista ao Entrepreneur, conta que quando completou 31 anos decidiu fugir com os três filhos: Elon, hoje CEO da Tesla e da SpaceX; Kimbal, magnata dos alimentos orgânicos, e Tosca, produtor e diretor de cinema. Passou por oito cidades em três países e dois continentes diferentes até conseguir reconstruir a sua vida, o que aconteceu apenas dez anos depois.Chegou a ter cinco empregos para conseguir levar pão para a mesa.
Ela relata a sua história de constantes reinvenções no best-seller A Woman Makes a Plan: Advice for a Lifetime of Adventure, Beauty, and Success, onde defende que podemos ter a vida que desejamos, em qualquer idade, desde que façamos um plano para o alcançar.
Numa altura em que o mundo se debate com uma pandemia, durante a sua participação no INCmty, quando lhe perguntaram onde poderíamos encontrar forças para recomeçar, respondeu que embora tenhamos de lidar com a rejeição, há sempre pessoas dispostas a apoiar-nos. Mas reconheceu que não pediu ajuda, nem mesmo à sua irmã gémea e aos irmãos, quando sofria de violência doméstica. À questão se os últimos 30 anos lhe deixaram alguma lição de vida, respondeu enfaticamente: “Se está a viver uma situação má na sua vida pessoal ou profissional, deve fazer um plano para sair dela”, pois esse é o primeiro passo para recuperar a esperança. “Precisa de fazer um plano de mudança todos os dias. É assustador, mas aos poucos pode recuperar a confiança, trabalhando para sobreviver.”

Haus of Gaga, a equipa por detrás dos negócios milionários

“É melhor chorar num Rolls-Royce do que ser feliz numa bicicleta.” A frase é de Patrizia Reggiani, proferida perante câmaras de televisão quando se movia entre a elite italiana. Pouco tempo depois, foi condenada a perto de 30 anos de prisão por, em 1995, ter encomendado o homicídio do seu ex-marido, Maurizio Gucci, herdeiro do império de moda. Cumpriu 18 anos da pena e chegou a um acordo financeiro com a família da vítima.
A sua figura volta agora a ser notícia, devido à estreia do filme “House of Gucci” (Casa Gucci), a história da saga contada por Ridley Scott, com Lady Gaga no papel da viúva negra da moda. E esta é uma oportunidade para conhecer os negócios de Haus of Gaga, o nome com que Stefani Joanne Angelina Germanotta, em 2008 batizou a sua equipa criativa pessoal, responsável por fabricar Lady Gaga, personagem que a tornou mundialmente famosa pelo seu estilo ímpar.
Com a sua interpretação Lady Gaga poderá ser de novo nomeada para um Oscar — ela já tem um Globo de Ouro pela sua participação na 5.ª temporada de “American Horror Story: Hotel”, onde segundo a Fox Business teria ganhado entre 75 e 150 mil dólares por episódio, numa temporada que teve 12 episódios. Na sua estreia no cinema com Bradley Cooper, Gaga embolsou pelo menos 10 milhões de dólares e poderá ter recebido 20 milhões de dólares por este mais recente filme.
Mas a actuação não é a sua única fonte de rendimento. Ao longo da sua carreira, Lady Gaga vendeu mais de 15 milhões de discos e 51 milhões de singles em todo o mundo, e ganhou cinco Grammys. Tudo isso faz com que a RIAA (The Recording Industry Association of America) estime que sua fortuna musical chegue a 80,5 milhões de dólares. Ela ganha um milhão por performance em Las Vegas e tornou-se na 5.ª mulher com um show na cidade conhecida por Sin City a atingir  500 milhões de dólares em ganhos totais.
Mas há mais a somar. Em 2012 lançou um perfume que no ano seguinte atingiu vendas de mil milhões de dólares em todo o mundo. Seguindo os passos de outras celebridades, criou um império de beleza de género neutro sob o nome de Haus Laboratories. De acordo com o Women’s Wear Daily, em 2020 esse negócio gerou receitas de 141 milhões de dólares. O seu merchandising esgota e é considerado peças de colecionador no mercado negro. Além disso, a equipa que a assessora mexe-se bem nas redes sociais e Lady Gaga que tem dezenas de milhões de seguidores, pode cobrar entre 500 a 600 mil dólares por conteúdos patrocinados.

Work hard, play hard!

LIVRO

O que distingue um bom CEO

Mesmo que a cadeira n.º 1 da empresa não seja o seu objetivo, este livro vai revelar-se muito útil, até para cumprir as suas resoluções de ano novo.
A McKinsey fez uma pesquisa para identificar os CEO cujas empresas cresceram de forma sustentada ​​durante a sua liderança, analisando dados de mais de 20 anos sobre 7800 CEO de 3500 empresas públicas em 70 países e 24 setores de atividade, para identificar os que conseguiram maior sucesso. De seguida, três dos seus sócios seniores, Carolyn Dewar, Scotte Keller e Vik Malhotra, conduziram entrevistas detalhadas com uma amostra representativa de 67 CEO de alto desempenho e sintetizaram as suas descobertas no livro CEO Excellence: The Six Mindsets That Distinguish the Best Leaders from the Rest (Scribner). Já pode pre-encomendar o livro, que só sairá a 15 de março. Veja a entrevista com os autores aqui.

LIVRO

100 grandes vinhos, escolhidos por Maria João de Almeida

Através de uma seleção de brancos, tintos, espumantes e até de alguns rosés, a jornalista Maria João de Almeida dá-nos a conhecer as histórias de muitos produtores nacionais, explica os diferentes métodos de produção e as razões de cada enólogo quando fez um vinho de determinada forma. São 100 néctares de elevada qualidade, mas quem conhece a qualidade dos vinhos nacionais pode imaginar a dificuldade da escolha. “Por diversas vezes, vi-me entre a espada e a parede quando tive de optar por este ou por aquele vinho. Mas a vida é mesmo assim, feita de escolhas, e sei que o leque de vinhos escolhidos é motivo de grande orgulho para Portugal”, afirma a autora. Os prefácios são de duas personalidades incontornáveis do setor, a crítica de vinhos inglesa Julia Harding (Master of Wine), e o Presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão. Publicado pela Zest Books, editora especializada nas áreas do vinho, da gastronomia e do turismo o livro é publicado separadamente em duas línguas, (português e inglês), e tem distribuição nacional e internacional. Compre o livro aqui.