Philomène Tia criou a primeira empresa de autocarros da Costa de Marfim e é descrita como uma “empreendedora em série”. A indonésia Husriana, 29 anos, deixou uma promissora carreira na educação para abrir a sua empresa de produtos alimentares saudáveis. Aos 20 anos, a peruana Andrea Gala já preside a uma associação de produtores de trutas em aquicultura. São apenas três exemplos que normalmente não vemos nos rankings anuais das mulheres mais poderosas do mundo, mas que estão determinadas a vencer em mercados emergentes, a quebrar estereótipos, criar postos de trabalho e desenvolvimento económico nas suas comunidades.
“São 500 extraordinárias mulheres de negócios que fazem crescer as suas empresas no mais difícil dos ambientes para startups. Não, não falamos de Silicon Valley”, pode ler-se na apresentação da lista Foundation 500, que a H&M Foundation e a agência humanitária Care criaram com o propósito de “desafiar os estereótipos e redefinir a imagem do que é um líder empresarial”. A iniciativa pretende também ser uma forma de ajudar a reduzir a pobreza e a alcançar as metas de desenvolvimento sustentável definidas pelas Nações Unidas, no que toca a igualdade de género e empowerment feminino, através da divulgação dos casos inspiradores destas mulheres.
A lista faz assumidamente referência ao famoso ranking “Fortune 500”. Mas aqui a história é outra, dizem os responsáveis, e conta-se apresentando os retratos e histórias de empreendedoras originárias de países em vias de desenvolvimento, nascidas sem privilégios financeiros. “O empreendedor é o herói do nosso tempo e estima-se que mil milhões de mulheres entrem no mercado de trabalho nos próximos anos — grande parte delas através do empreendedorismo”, diz Diana Amini, global manager da H&M Foundation. “As mulheres raramente são capa das revistas de economia. A última vez que uma mulher foi capa da Fortune foi em outubro de 2014.”
A elaboração da lista — e não ranking, já que não existe propriamente uma classificação de nomeadas — tem por pilar os dados recolhidos pelo Global Program on Empowering Women, lançado em 2014 pela H&M Foundation em parceria com a Care. Este programa de apoio ao desenvolvimento chegou, na sua primeira fase, a mais de 100 mil mulheres no Burundi, Costa do Marfim, Filipinas, Indonésia, Guatemala, Jordânia, Peru, Sri Lanka, Nepal, Serra Leoa, Iémen e Zâmbia, segundo dados da organização.
A H&M Foundation comprometeu-se a financiar o programa com 120 milhões de coroas suecas (12 milhões de euros) até 2020, prestando apoio a 200 mil mulheres de mercados emergentes, através da concessão de capital inicial e formação para a criação e expansão de negócios.