A tradição dos Pastéis do Belém

Não me lembro de quando começou esta tradição, mas há vários anos que a primeira coisa que faço quando volto a Portugal é ir tomar o pequeno almoço aos Pastéis de Belém. Há toda uma rotina de chegada implementada que me dá uma sensação de aconchego e de “chegar a casa”. Os meus pais vão sempre buscar-me(nos) ao aeroporto e estão sempre à espera no mesmo sitio, do lado esquerdo de quem sai do terminal. Todos os encontros são especiais, mas há dois que me marcam particularmente: quando voltei no pós-pandemia, depois de mais de dois anos sem vir a Portugal, e na viagem que fiz quando soube que estava grávida. Ainda estava a passar a porta e já estava de lágrimas nos olhos. Os aeroportos têm tanto de insensível como de emocionante, e é nas chegadas que se sente o amor, entre abraços e beijos, de quem nos vê, tantas vezes diferente da pessoa que partimos.

Rumamos aos pastéis de Belém. Na fila, nunca me sinto turista, mas em casa. Pedimos sempre uma mesa na sala com mais luz, 6 pastéis para começar, outros 12 para levar (porque os pastéis de Belém não são sobremesa, são conforto!), cafés e, eu, um Compal de manga laranja (que não sei porque não se consegue internacionalizar) e uma torrada ou tosta mista, um croquete e uma empada, enfim, é mandar vir o que apetece porque um dia não são dias e, esta ida aos Pastéis de Belém é sempre especial, nem que seja porque celebramos que estamos juntos outra vez!

No sábado repetimos a tradição. Desta vez, com mais um à mesa. O Frederico ainda não come pastéis de Belém, mas há uma coisa que já sabe: em Portugal, é à mesa que passamos os melhores momentos. E este foi o primeiro de muitos, numa quadra que tem tudo para ser ainda mais especial: o primeiro Natal em família!

E por aí? Que tradição de viagem têm?

 

Ana Cadete @ncscientist é cientista em Boston. Doutorada em Nanomedicina e Inovação Farmacêutica, foi viver para os EUA em 2016 para fazer o seu postdoc no MIT. É atualmente Project Leader na área de produção de vacinas de RNA mensageiro no mRNA Center of Excellence da Sanofi e a fundadora da The Non-Conformist Scientist (NCS), uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivos partilhar conhecimento científico a nível global, impulsionar a carreira dos cientistas e motivar mais mulheres na ciência a serem líderes. 

Leia mais artigos de Ana Cadete.

Publicado a 25 Novembro 2024

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