Texto de Paulo Neto, Coach ICF ACC , Team and Agile Coach, Facilitador e fundador da Building Bridges
“Gosto muito da Serra da Arrábida, os verdes da serra em contraste com o mar e o azul do infinito dão-me uma sensação de liberdade, o espaço parece não ter fim… Na agitação diária, procuramos encaixar o mais possível em agendas já sobrecarregadas, e o espaço desaparece… A agitação exterior vai-se tornando a agitação interior e as nossas emoções e pensamentos vão reflectindo o que se passa à nossa volta.
Quando numa interacção o impacto da outra parte é grande e nos impele a reagir fazemo-lo de forma automática, inconsciente e com a energia do outro. Se o impacto não for suficiente para provocar reacção, então temos o espaço para agir com a nossa energia e de forma consciente. A diferença está no espaço que quando perdido nos retira opções e perdemos liberdade.
Para que possamos responder agindo, e não reagindo, precisamos de criar espaço e fazer uma pergunta pode ser o suficiente. Esta capacidade para estar consciente e agir é desafiante, mas dá-nos espaço e liberdade.
Quando nos envolvemos em interacções difíceis abandonamos a ‘nossa casa’ e precisamos de voltar. Para isso precisamos de ter consciência de que já não estamos lá e que no limite, por momentos, não fomos nós que estivemos presentes, foram as nossas emoções. Para melhorar, precisamos de parar para desenvolver a capacidade de estar consciente – veja o texto “São só 7 minutos“. Esta é uma capacidade que se vai melhorando… e com ela a nossa liberdade também.
A educação, as organizações em que vivemos, deram-nos uma ‘forma’ que não questionamos, sempre foi assim. O problema é se essa forma não deixou espaço para sermos nós para a nossa liberdade. Digo muitas vezes “Passo o tempo a tentar ser quem sou”. Uma amiga disse-me que devia adicionar a este pensamento a palavra coragem e concordei com ela, mas em muitas situações tentar já é uma forma de coragem.
A liberdade está em ter espaço para que tenhamos a possibilidade de optar e de agir com a nossa energia. Precisamos no entanto de ter claro que uma resposta rápida pode não ser uma reacção, a diferença está na energia que usamos, a nossa ou a dos outros. Um abraço espontâneo de amizade é certamente um bom exemplo.
Precisamos também de ter consciência de que este espaço não depende dos outros, se esse for o pensamento estamos automaticamente a abdicar e a diminuir a nossa liberdade.
Os nossos pensamentos e emoções ‘regulam’ a nossa liberdade. Teremos liberdade com opções, teremos opções com espaço, teremos espaço com presença.”