A norte-americana Daniella Zalcman tem 10 anos de carreira como fotojornalista e fotógrafa documental e sabe que ainda hoje é difícil encontrar colegas de profissão do sexo feminino numa profissão ainda muito dominada por homens. Um bom exemplo deste desfasamento são os números de fotógrafas que, nos últimos cinco anos submeteram o seu trabalho aos prémios do World Press Photo, e que perfaz apenas 15% do total, segundo números avançados por aquela organização ao New York Times.
Por isso, Daniella decidiu lançar um projeto pioneiro que promete dar que falar e alterar o rumo das coisas. A plataforma Women Photograph já congrega mais de 400 nomes e contactos de fotógrafas documentais e fotojornalistas de 67 países, todas com mais de cinco anos de experiência profissional, de modo a que qualquer editor de fotografia ou diretor criativo no mundo possa conhecer o seu trabalho e contratá-las. Em julho de 2016, Daniella criou um documento no Google sobre este projeto, que enviou a 20 amigas fotógrafas para que anotassem os nomes de outras colegas que fossem contactos mútuos. Em dezembro, quando o número chegou aos 200, criou o site, conta em entrevista à Wired.
Zalcman acredita que contratar mais mulheres profissionais desta área é essencial para uma prática de “bom jornalismo”, acrescentando ainda: “Precisamos de fazer um esforço concertado para promover a diversidade das pessoas que contam as histórias nesta indústria. É profundamente importante para informarmos o público.”
Bolseira do Pulitzer Center on Crisis Reporting e membro do International Women’s Media Foundation, Daniella Zalcman ganhou o FotoEvidence Book Award 2016, pelo seu trabalho ‘Signs of Your Identity’, sobre a herança cultural indígena. Tirou o curso de Arquitetura na prestigiada Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mas foi a fotografia que a cativou de imediato quando, ainda estudante, começou a trabalhar como fotojornalista para o New York Daily News, há 10 anos, tempos que que a equipa de fotografia só contava consigo e outra mulher e “uma série de tipos de meia idade”. Hoje o trabalho leva-a a viver entre Nova Iorque e Londres, onde já trabalhou para meios conceituados como o Wall Street Journal, o New York Times, a Vanity Fair ou a Sports Illustrated.