Célia Santos: “Integrar quatro gerações, em simultâneo, na organização é um desafio espetacular!”

À frente dos Recursos Humanos da AbbVie há 10 dez anos, Célia Santos tem assistido e participado na mudança profunda que se tem verificado nesta área e que começara já antes da pandemia. A maior valorização das pessoas por parte das empresas traz novos desafios aos profissionais de Recursos Humanos.

Célia Santos é diretora de Recursos Humanos da AbbVie.

Célia Santos leva anos como diretora de Recursos Humanos da AbbVie, como os anos de vida da empresa. Ao longo de uma década tem tido oportunidade de pôr em prática as melhores políticas de atração e retenção de talento, o que em muito deve contribuir para que esta empresa farmacêutica tenha sido sempre distinguida pelo Great Place To Work, na categoria entre 101 e 200 colaboradores — por sete vezes ficou no top 3, e destas, três vezes em primeiro lugar, uma delas este ano. Medidas aparentemente simples, como facilitar a integração dos recém-chegados com o acompanhamento de um colaborador da empresa preparado para antecipar e responder a todas as dúvidas normais a quem chega de novo, pelos 25 dias de férias de que gozam todos os colaboradores, e pela promoção de pequenos-almoços que juntam o diretor-geral e grupos de seis colaboradores com o objetivo de os escutar, independentemente da função ou antiguidade na empresa, são apenas alguns dos exemplos muito valorizados pelos colaboradores. Nesta entrevista Célia Santos revela duas das medidas que tiveram um impacto mais positivo no seu bem-estar e fala também sobre o momento mais desafiante da sua carreira.

 

O que a atraiu na AbbVie e a tem feito ficar ao longo de quase 11 anos?

O que mais me atraiu na AbbVie foi a inovação e o propósito, saber que trabalhamos para ter um impacto significativo na vida das pessoas. O que me tem feito ficar ao longo destes quase 11 anos tem sido tudo isto, acrescido da cultura que construímos, uma cultura corporativa transparente e inclusiva que valoriza a saúde e o bem-estar dos colaboradores, que é única e diferenciadora.

Qual o momento mais desafiante do seu percurso e como impactou a sua carreira?

O momento mais desafiante foi sem dúvida o meu início de carreira. Comecei a trabalhar em consultoria de Recursos Humanos, na SHL Portugal, onde estive sete anos e onde fui altamente desafiada. Desafiada a fazer coisas que nunca tinha feito e com um nível de responsabilidade elevado. Cedo assumi responsabilidades que achava que estavam acima do que seria esperado para a minha experiência profissional, envolvendo contacto direto com clientes e gestão de projetos. Hoje, olhando para trás, tenho a certeza que foi determinante para todo o meu percurso. O Dr. Jorge Horta Alves desafiou-me sempre, “empurrou-me” para fora da minha zona de conforto e acreditou sempre que eu era capaz e estarei sempre grata por essa jornada maravilhosa de início de carreira.

Quais as principais mudanças a que assistiu na sua área?

Ao longo dos anos temos assistido a importantes mudanças resultantes da maior valorização das pessoas por parte das empresas. O foco de RH deixou de lado o operacional e passou a focar-se mais na dimensão estratégica e também nas pessoas e comportamentos. Nos últimos anos começamos  também a falar de conceitos novos, como é o caso de Diversidade e Inclusão, que por mais que seja um tema exaustivamente discutido e debatido, traz uma consciencialização sobre a importância da pluralidade para o mercado de trabalho.

Quais os principais desafios de um diretor de RH atualmente?

Neste momento destaco o desafio de integrar quatro gerações em simultâneo na organização. É um desafio espetacular!

Qual o impacto que a pandemia teve na política de RH da AbbVie? Que novas medidas adotaram e com que resultados?

Na AbbVie sempre tivemos uma política de flexibilidade, centrada acima de tudo nos resultados. Não obstante, antes da pandemia, embora possível, apenas ocasionalmente os nossos colaboradores ficavam a trabalhar a partir de casa. A pandemia deixou-nos a oportunidade de definir de forma clara uma política a que demos o nome “Where We Work”, que permite que os nossos colaboradores office based possam trabalhar 2 dias por semana a partir de casa. Adicionalmente, definimos um conjunto de equipamentos que passámos a disponibilizar de forma a melhorar as condições de trabalho em casa (monitor, teclado, cadeira de escritório, etc.). Os nossos colaboradores valorizam bastante a flexibilidade e o feedback que temos é muito positivo.

Qual a medida que o seu departamento tomou que tem um impacto mais positivo na sua vida?

O pacote de benefícios da AbbVie é muito competitivo e julgo que contribui bastante para o bem-estar dos colaboradores. Gostava de destacar duas medidas que podem parecer de pouca importância mas que valorizo muito. Uma delas foi a criação/aproveitamento de uma varanda no escritório como um espaço de encontro e que uso imensas vezes para tomar café e ter uma boa conversa com colegas e a outra são as massagens semanais, que muitas vezes têm o real propósito de aliviar o stress e relaxar a meio do dia de trabalho. Não são medidas que tenham um grande impacto na minha vida, mas têm no meu dia-a-dia e valorizo muito!!

Há 10 anos que integram o Great Place to Work e em 2023 ocupam o primeiro lugar na nossa categoria. Qual o segredo para essa consistência?

É muito interessante a forma como coloca a pergunta, porque na realidade não há um segredo, tem havido acima de tudo consistência!

No ano em que celebramos o nosso 10.º aniversário, é de facto com enorme orgulho que recebemos mais uma vez o reconhecimento de primeiro lugar na nossa categoria. Desde 2013, que procuramos que a AbbVie seja um ótimo local para trabalhar, apostando no envolvimento de cada um dos nossos colaboradores, reconhecendo a sua individualidade e procurando contribuir para o desenvolvimento do verdadeiro potencial de cada um. Sabemos que cada contributo é fundamental para conseguirmos ter um verdadeiro impacto na vida dos doentes. Para a AbbVie, este reconhecimento é o resultado do seu empenho em criar uma cultura corporativa transparente e inclusiva que valorize a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores.

Que conselho deixa a uma jovem executiva que queira chegar a diretora de Recursos Humanos?

Talvez tenha alguma dificuldade em resumir apenas num conselho, considero  fundamental dois pilares, por um lado ter um excelente background científico na área de Recursos Humanos e por outro lado ser uma “business junkie”, que é seguramente uma das melhores formas de desenvolver o pensamento estratégico.

 

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