A app da creche

Esta semana, dei por mim emocionada a olhar para as fotografias que as educadoras da creche partilham pela app. O Frederico estava de pé, agarrado a uma mini mesa e entretido com os seus brinquedos. Pensei “Está tão crescido!” e sorri aliviada com a escolha de o meter na creche aos 8 meses! Ele gosta da creche, eu e o pai também e, isto, dá-nos uma estabilidade importante como família: a de acharmos que tomamos a decisão certa.

Ao mesmo tempo, aparecia-me algures num post de instagram sobre maternidade, qualquer coisa como “os bebés não precisam da creche, os pais é que precisam”. Acho bem que se protejam os bebés, mas acho péssimo que isso se faça à custa do papel das mães nas sociedade. Existem mães que certamente preferiam ficar com os bebés em casa e não podem (por motivos financeiros, por exemplo), mas há outras, que não querem ficar em casa a tomar contas dos filhos. Assumo-me como uma dessas mães e digo, para que outras não se sintam sozinhas, que as mães que deixam os filhos na creche para poderem continuar com a sua carreira gostam tanto deles como as que decidem abdicar do trabalho e ficar com eles em casa.

As mães não precisam de se sentir culpadas por deixar os filhos na creche, precisam de se sentir apoiadas para que, no tempo que estão com os filhos, possam estar dedicadas, felizes e sentir-se realizadas!

Da mesma maneira que não sinto culpa por o deixar na creche, também não escondo o sorrido, quando em reunião, recebo uma notificação e espreito a fotografia que foi partilhada. É este combo que me faz sentir bem e, como diz o pediatra Hugo Rodrigues, se as mães estão bem, os bebés estão bem!

 

Ana Cadete @ncscientist é cientista em Boston. Doutorada em Nanomedicina e Inovação Farmacêutica, foi viver para os EUA em 2016 para fazer o seu postdoc no MIT. É atualmente Project Leader na área de produção de vacinas de RNA mensageiro no mRNA Center of Excellence da Sanofi e a fundadora da The Non-Conformist Scientist (NCS), uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivos partilhar conhecimento científico a nível global, impulsionar a carreira dos cientistas e motivar mais mulheres na ciência a serem líderes. 

Leia mais artigos de Ana Cadete.

Publicado a 15 Novembro 2024

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