A I Guerra mundial abriu brechas nas estruturas na sociedade. Esbate-se na convivência social a distinção entre homens e mulheres. Estas emancipam-se, adoptam comportamentos mais livres e passam a frequentar, mesmo sem companhia masculina, os espaços nocturnos. É uma época de enorme efervescência cultural, tão bem retratada em O Grande Gatsby. São os loucos anos 20, tempo do charleston, do jazz, e do cinematógrafo.
A arte Déco faz a sua aparição em 1925, na Grande Exposição de Artes Decorativas de Paris. A moda segue os seus arquétipos. Adopta um visual mais leve, sem realce de formas e, contudo, sensual porquanto deixa antever os tornozelos… Os cabelos são cortados à la garçonne, sobre os quais se colocam chapéus modelo cloche.
A Alta-Costura continua em evidência
Novos estilistas criadores de moda livre aparecem em cena. O princípio da reprodução em séries limitadas de centenas ou de milhares de exemplares começa, também, a emergir. Já em 1847 existiam em França 233 manufacturas de roupas prontas para uso com 7 mil trabalhadores. Mas a roupa burguesa não era democrática. Daí que se tenha desenvolvido o comércio de roupas em segunda mão.
A moda sofre a influência da Art-Nouveau, com formas curvilíneas. As cinturas são marcadas e a figura feminina assemelha-se a uma ampulheta, com ausência de decotes, golas altas; As saias são muito volumosas, ajustadas ou em forma de sino. Usam-se botas de cano curto e chapéus com flores.
Em 1909 surge Chanel, que cria os seus chapéus. Lança-se em 1925, na costura, onde vai impor o seu estilo prático e chique, do tailleur sem gola, e o vestido negro clássico, adornado de longos colares que são ainda hoje distintivos da marca. Paul Poiret e Mariane Fortuny (1879-1919), Jacques Doucet (1853-1929) , Jeanne Lavin (1847-1946) Eduard Molyneuse (1871-1949) e Jean Patou (1880-1936) são, de igual modo, nomes muito conceituados.
No princípio do século passado dois italianos rivalizavam em criatividade: o milanês Prada (1913) e o Florentino Gucci (1921). Este último é hoje o recordista mundial de vendas italianas, com mais de 425 lojas em todo o mundo e, depois de Louis Vuitton, a maior marca de moda em vendas. Prada, com 79 lojas espalhadas pelo mundo tem hoje à frente da direcção criativa a neta do seu fundador, Miuccia Prada. Talentosa estilista a quem a editora da Vogue americana se referiu nestes termos: “ Prada é o único motivo para alguém assistir à temporada de moda em Milão”
A casa Dior faz o seu primeiro desfile em 1947. Um sucesso imediato. Com uma visão de futuro, Dior lança em simultâneo o seu perfume e uma linha de acessórios, (meias e gravatas). Oito anos são decorridos e a sua casa é guindada ao 1º lugar no pódio das casas de costura mais importantes de Paris. Dois anos depois, após a morte de Dior sucede-lhe Yves Saint Laurent que, após quatro anos, cria a sua própria marca. Em 1984 a Dior é comprada por Bernard Arnault.
Outros capítulos de “A deslumbrante história do luxo”
Capítulo 1. Introdução: tudo o que luz é luxo
Capítulo 2. Paleolítico: o luxo espiritual
Capítulo 3. Antiguidade: o luxo torna-se ostentação
Capítulo 4. Esbanjar para impressionar
Capítulo 5. Idade moderna, paixão por antiguidades
Capítulo 6. O luxo das amantes e do champanhe
Capítulo 7. O brilho da corte do rei Sol
Capítulo 8. As mulheres e amantes de Luís XIV
Capítulo 9. As mulheres que brilharam na corte do Bem Amado
Capítulo 10. Maria Antonieta, Madame Déficit
Capítulo 11. D. João V, o Rei Sol Português
Capítulo 12. Alta costura e boas maneiras