Carla Rebelo é diretora mundial do negócio de recrutamento permanente da Adecco.
Se há algo que deveríamos ensinar e aprender o mais cedo possível na vida é que tudo se resume a agir com propósito e a aceitar os resultados com coragem.
A este primeiro axioma segue-se o círculo virtuoso de reiniciar o processo e procurar melhorar sempre e a cada iteração com os elementos do universo.
A disponibilidade para aprender condiciona a forma como se capta a informação. A mediocridade é um hábito que significa a ausência de esmero. Dizem os bombeiros que “nenhum incêndio começa grande”.
Há um poder nas ações que escolhemos realizar e uma sabedoria em auscultar os sinais. O silêncio, por um lado, é algo importantíssimo quando se sente que não é vazio, enquanto que o cansaço derruba o ego e liberta a mente para que surjam coisas maravilhosas.
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. E apequenar a alma é não colocar o melhor que somos em tudo o que fazemos, deixou-nos Fernando Pessoa como Mensagem.
De Ricardo Reis ficou o conselho que, sempre será ele próprio, a estrela do norte quando dela precisarmos, mesmo quando as missões são complexas, difíceis ou sem recursos:
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive
A indiferença funciona como modo de evitar o sofrimento, mas também significa entorpecer o que de mais poderoso temos em nós. É que tudo vem de dentro e há que aprender a aproveitar todas as caixas de ressonância de que dispomos.
Liderar é também indicar às equipas como sair do mínimo, criar as condições para promover a lucidez de sair do que é pequeno. De um pequeno que funciona, não como diminutivo afetuoso, mas como amplificador da mediocridade. E isto, ao contrário de alguma demagogia não esclarecida, não é incompatível com o equilíbrio, pois que equilíbrio é, sim, a capacidade de ir aos extremos e não se perder, não ficar preso neles, ganhando assim “amplitude e longitude.”
A verdade é que há uma insatisfação chamada de positiva. Esta é a que faz avançar.
Segundo a civilização grega a esperança era um malefício. Porque quem a tem espera simplesmente que tudo dê certo, ao passo que a ausência de esperança faz com que se afaste a mediocridade.
A Filosofia como saber reflexivo relembra-nos que os ausentes nunca têm razão e que a vida é muito curta para ser pequena.
Não há para mim nada mais emocionante do que uma pessoa que faz o seu trabalho do modo mais cuidado e primoroso que consegue, com as condições que tem em dado momento, para o fazer. E quando tem melhores condições procura fazer melhor ainda. A forma como trabalhamos diz mais sobre nós do que o título do cargo.
É por isso que do Líder se deve esperar que procure fazer uma obra de arte por dia.
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