Texto de Paulo Neto, Coach ICF ACC , Team and Agile Coach, Facilitador e fundador da Building Bridges
Lidera pessoas, gere pessoas ou gere processos? Qual destas opções tem mais relevância, para si, para as pessoas que trabalham consigo, para a organização onde colabora? Se ainda não reflectiu nas diferenças inerentes a cada uma delas e no impacto que podem ter na sua vida profissional e pessoal, talvez seja o momento.
Quando dá uma tarefa ou missão a uma pessoa ou equipa, onde coloca a sua atenção? Na explicação dos detalhes e em assegurar que executam de acordo com as suas recomendações; em informar a relevância e o que espera deles; em informar a relevância e em escutar as ideias dos outros promovendo uma conversa geradora de soluções.
A opção que escolher define qual a relação que estabelece. Se a sua visão para as relações com pessoas e equipas não der espaço para desenvolvimento, ele não vai acontecer, a organização não cresce e para si não será muito diferente. Hoje, mais do que em qualquer outro momento, as pessoas pedem oportunidades para crescer e querem passar para o próximo nível.
É possível que, neste momento, os seus pensamentos sejam: tudo isto é um grande desafio e as ameaças nesta abordagem são significativas. Se confiar e não correr bem, o que tenho de fazer? Eles não sabem como fazer e por isso preciso de lhes dizer. São eles que perguntam qual a minha recomendação.
Riscos
É verdade existem riscos, mas os riscos são relativos ao que se faz e também ao que não se faz.
Pode também pensar: o que vai perder se correr bem? Como sabe que eles não sabem, perguntou-lhes? Como sabe que eles não têm uma ideia melhor?
As melhores pessoas, os talentos, sem espaço para crescer vão procurar organizações onde possam contribuir e serem eles mesmos explorando o seu potencial. Os outros, os que tiram, vão ficando. Se quer crescer e fazer crescer a sua organização, este é o caminho errado.
Se habitualmente está submerso em trabalho e as pessoas lhe perguntam como podem executar, é difícil pensar em novas opções e em desenvolvimento, o seu e o dos outros.
Como fazer
Comece por observar a sua comunicação: habitualmente faz perguntas? E as pessoas fazem-lhe perguntas? Se tem poucas perguntas ou se não há perguntas, é preciso reflectir no que isso significa. Pode ser habitual, mas não é normal! Uma conversa sem perguntas e respostas é pobre, talvez nem seja uma conversa! É preciso reflectir sobre quais relacionamentos que quer construir.
Se a sua intenção é liderar prepare o contexto e o momento. Se precisa de realizar uma conversa importante, faça uma preparação adequada. Comece por perguntar: eu lidero pessoas, faço gestão de pessoas ou faço gestão de processos? O que é que quero, qual é a minha intenção?
Desenvolva a sua capacidade de perguntar e de ficar em silêncio, de escutar. É uma boa maneira de começar a criar espaço para os outros e talvez também para si.
Liderar, gerir pessoas é gerir a sua atenção. Quando entrega um trabalho a uma pessoa ou a uma equipa responde às quatro questões: O quê? Quem? Quando? Como? Se o faz provavelmente está a gerir processos ou pior está a controlar a execução não deixando espaço para os outros. Eles não podem dar pouco, quase tudo vem de si.
Gerir processos é executar, é sobre cada pessoa ser uma peça da máquina; gerir pessoas é dar-lhes espaço para executar, suportando-as, encorajando-as, desafiando-as a assumir responsabilidade e a encontrarem respostas para as expectativas solicitadas;
Liderar é dar espaço para serem elas próprias, é inspirá-las a dar o seu melhor, a pensar para além dos seus limites, a serem melhores pessoas e melhores profissionais. É ter a coragem para que eles sejam melhores que você mesmo!
Conclusão
Se liderar pessoas cria novos líderes. Se gerir pessoas cria novos manager. Se gerir processos cria repetidores.
Liderar pessoas é inspirar os outros, mas simultaneamente é ser inspirado por eles. É ter equipas motivadas que se inspiram entre si, trabalhando em colaboração numa cultura de participação e contribuição que inova. É ter o propósito de criar espaço para o desenvolvimento de todos numa organização com bons valores. É oferecer o seu melhor aos outros.