Os PJ’s de Isabel Costa

Foi modelo, editora de moda, buyer e hoje dedica-se a duas paixões: o blogue The Life Juice e a linha de roupa PJ's, que lançou recentemente. Para concretizar um sonho, Isabel Costa acabou por ser tornar empreendedora.

A linha PJ's, que Isabel Costa desenvolveu para si, transformou-se num negócio.

“Eu gosto de roupa, mas não gosto de moda, não gosto de tendências”, dizia há alguns dias Isabel Costa num pequeno-almoço promovido pelo Hotel Verride, que juntou algumas mulheres interessantes e interessadas em conhecer o percurso profissional de outras mulheres. Isabel Costa gosta de roupas bonitas, peças elegantes que não passam de moda e que podem ser usadas em qualquer situação. Exatamente o que pretende com a recém criada PJ’s, uma linha de roupa que inicialmente pretendia dar resposta a uma necessidade sua e que depois de conquistar também as amigas, se foi transformando aos poucos num negócio.

Mesmo não gostando de moda, Isabel foi modelo, editora de moda da Cosmopolitan e da Lux Woman e buyer da Fashion Clinic e da Gucci. Nos últimos anos, tem-se dedicado ao personal shopping e à consultoria de imagem, ao seu blogue The Life Juice, que tenta atualizar diariamente, e mais recentemente, à PJ’s.

Quando lhe perguntamos como concilia todas estas atividades, a resposta surge pronta: “Acordo cedo, levo as crianças ao colégio, atiro-me para dentro do ginásio, saio com imensa energia e começo o meu dia”. Dito assim, parece simples, mas não é, sobretudo para quem trabalha em casa. O segredo de Isabel Costa é a disciplina, “até para estar minimamente arranjada e apresentável, pois recebo clientes no meu atelier”. E foi assim que nasceu a PJ’s, que lhe permite receber alguém em casa ou sair para uma reunião inesperada sem precisar de trocar de roupa.

Conversámos com a Isabel Costa para saber mais sobre este negócio.

Como surgiu a ideia? 

Há alguns anos que sonhava em ter umas peças que fossem para todos os dias, confortáveis e práticas mas que, ao mesmo tempo, num piscar de olhos, pudessem ser usadas em situações mais sofisticadas, adicionando uns bons acessórios. Queria ter roupa de usar por casa, confortável mas com bom ar, que me permitisse levar a qualquer lado, até a um casamento. Surgiu a ideia de duas peças, camisa e calças, como se fosse um fato de homem, mas com um corte mais cintado. Os pormenores, que acabaram por definir o corte e o nome, iriam ser os vivos, que, quando colocados em certos lugares, fizeram com que estas peças se parecessem um pijama de homem. E assim nasceram os PJ’s by The Life Juice, que são “ageless, timeless e seasonless”. Para todas as idades, intemporais e sem estação.

Que passos deu antes de avançar?

Andei a sondar amigas que tinham criado marcas recentemente para saber onde seria viável mandar fazê-las. Já tinha uns tecidos que tinha comprado em Bali. Como não iria fabricar em grandes quantidadese não queria recorrer à China ou à Índia, porque requer imenso controle de qualidade e é longe, queria fabricar em Portugal. Essa pesquisa foi importante. A parte da escolha de matéria prima foi difícil também, pois tive de encontrar tecidos de qualidade sem terem preços exorbitantes e sem ter de comprar em quantidades enormes para não comprometer a exclusividade.

Quais as fases mais importantes na concretização deste negócio?

Isto não começou de todo por ser um negócio, mas sim uma ideia de fazer algo para mim e de que talvez algumas amigas iriam gostar. Com algum sucesso dos primeiros, pensei, então, em fazer outra colecção. Já tinha etiquetas, depois fiz um sacos em algodão para embrulhar o PJ e a seguir fiz uma sessão de fotografias… E, pouco a pouco, o negócio foi crescendo organicamente, com mais procura de mulheres que querem um produto mais exclusivo, de qualidade, com um preço acessível.

Qual o investimento inicial?

Foi bastante pequeno. O maior investimento foi o meu tempo, sou eu que faço tudo, menos fabricá-los! E muito amor e paixão, com uma dose grande de fé no que estava a fazer.

Quais as principais dificuldades que enfrentou?

Encontrar tecidos únicos, com padrões lindos e com bom toque e de qualidade, e conseguir alguém que fabricasse em pequenas quantidades, porque esses aspectos são uma das diferenciações do meu produto. É uma caminhada elucidativa, pois também descobrimos quem são os nossos amigos de verdade, os que apoiam e dão força, e ganhamos novas amizades, que acreditam na ideia e que nos querem ver a crescer com sucesso. Isso tem sido tão gratificante!

Encontrar os tecidos e os padrões que pretende são um dos principais desafios deste negócio.

Que características tem que são fundamentais como empreendedora?

Tenho um braço direito que me ajuda a desenvolver essas qualidades, o meu marido! Sou muito criativa, isso ajuda imenso, mas sou uma perfeccionista, uma característica que deve ser inimiga do empreendedorismo, porque só avanço se está tudo perfeito. E como nada nunca está, não avanço… Faz-me bem ter alguém ao meu lado que é destemido! Mas gosto de aprender, de trabalhar, sou flexível, e tenho paixão.

Em que medida as experiências anteriores a têm ajudado?

Trabalhei sempre em moda, como manequim, como stylist e editora de moda e depois como buyer, e graças a essas experiências bastante opostas, mas complementares, ganhei algum conhecimento de como as coisas funcionam. Portanto, sabia que não queria ser escrava das estações – spring/summer, fall/winter, pre-fall, resort, etc, nunca mais acaba e só se inventa mais coisas para compramos, que de facto não acrescem nada de especial! Queria criar uma marca de lifestyle, algo intemporal, que cada mulher usasse como queria. Sem preconceitos, sem regras. Gosto de peças clássicas, que se misturam com as mais irreverentes e os PJ’s são para pôr numa mala e usar de variadíssimas maneiras.

Qual o principal erro e o que aprendeu com ele?

Não planeei nada e de repente a marca cresce e é preciso dar resposta a este crescimento. Eu fiz, mas ao meu ritmo. Descobri que estou num caminho desafiante e que tenho de me manter focada e sem medos!

Quando teve a certeza de que estava no caminho certo?

O sucesso da marca perante desconhecidas, mulheres com gosto e estilo, que me contactam do nada a mostrar o seu interesse pelos PJ’s são a força necessária que precisei para sentir que estava a construir algo diferente e especial.

Qual o passo seguinte?

Quero continuar a fazer pequenas coleções, cuidadas e exclusivas, e procurar mais parceiros comerciais que tenham este espírito de lifestyle.

Onde está a comercializar as peças?

Na Loja SAL, em Lisboa, na Rice, na Comporta e na The Hut Boutique, em Almancil. E, claro, online, no meu blogue, e através do instagram @pjsbythelifejuice. Também recebo clientes no meu atelier porque gosto de dar um atendimento personalizado e explicar a razão de ser e como usar os PJ’s.

Quais os preços?

O preço do conjunto são 290 euros.

Desenha as suas peças? E onde as manda fazer?

Fiz protótipos com base em várias peças e desde aí tenho feito melhorias. O conceito base é o mesmo mas tenho adaptado os cortes aos tecidos e aprendi muito com a equipa da fábrica onde os produzo e com as minhas clientes. Os PJ são produzidos em Lisboa, numa fábrica centenária com quem me orgulho muito de trabalhar e que começou como camisaria de homem – hoje faz muito mais do que isso, e tem um corte maravilhoso.

Em que materiais são feitos?

Os materiais variam, são em seda, viscose, algodão e seda. Para a coleção #1 os tecidos vieram todos de Bali, para a #2 vieram de Como, Itália, e para a #3 da Índia. São sempre padrões especiais e únicos e com tiragens muito pequenas, para manter a exclusividade.

Quem gostaria de ver a vestir uma peça sua?

Adoro as minhas clientes, são todas tão diferentes, em idades e estilo, e interpretam à sua maneira os PJ’s, (já tenho várias repetentes), e fico tão feliz de as ver giras e confiantes. Sonhando, gostava de ver a Cate Blanchett, a Viviana Volpicella, as gémeas Olsen, a Diane Kruger, a Carolyn Bessette, se fosse viva, enfim, qualquer mulher que tem uma personalidade forte e um estilo independente.

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