O que Soraya Gadit aprendeu como empreendedora

Trabalhou durante 15 anos na indústria farmacêutica, mas um MBA ajudou-a a ganhar asas e aventurar-se por conta própria. Com a InoCrowd entrou no mundo das tecnologias de informação, onde diz que uma mulher tem de trabalhar a 300% para vencer. Este ano foi distinguida com o Prémio Femina pelo seu contributo para o prestígio de Portugal e da Lusofonia nas áreas do empreendedorismo e inovação.

Soraya Gadit inspirou-se no LinkedIn para criar a InoCrowd

O sonho comanda a vida, escrevia o poeta. E mesmo quando a vida parece seguir outros caminhos, muitas vezes acaba por regressar a eles. Foi o que aconteceu com Soraya Gadit, licenciada em Ciências Farmacêuticas, que deixou os seus sonhos em banho-maria durante os 15 anos em que trabalhou na indústria farmacêutica na área do Marketing, até que, em 2010, se cansou da monotonia e da falta de desafios do seu trabalho e achou que estava na altura de os tirar da gaveta. Tinha três sonhos – encontrar a cura para o cancro, encontrar a cura para o HIV ou contribuir para estimular a inovação das empresas -, um MBA na AESE deu-lhe as ferramentas para concretizar o último. Criou a InoCrowd com o propósito de revolucionar o mercado da inovação. Como? Pondo em contacto investigadores e universidades especialistas em inovação com empresas e organizações que procuram soluções para problemas que não conseguem resolver. A inspiração para a plataforma tecnológica web 2.0 que usa para unir milhões de pessoas e entidades em todo o mundo, veio das redes sociais, como o LinkedIn.

Como gestora de produto na indústria farmacêutica, Soraya Gadit já estava habituada a fazer business plans, a planear e a antecipar acontecimentos bons e maus, bem como a fazer cenários A, B e até C, algumas das principais dificuldades dos candidatos a empreendedores. Com metade da preparação feita, faltava-lhe apenas entrar no mercado e foi o que fez em 2011. A sua proposta, que consiste em “encontrar soluções inovadoras em 4-6 semanas para problemas de inovação complexos que as empresas não conseguem resolver”, já convenceu a ANA Aeroportos, a AutoEuropa, Sonae Indústria e a Bosch.

O caminho tem sido de grande aprendizagem para esta empreendedora que acaba de ser distinguida com o Prémio Femina pelo seu contributo para o prestígio de Portugal e da Lusofonia nas áreas do empreendedorismo e inovação. Soraya Gadit partilha com a Executiva as principais lições que aprendeu como empreendedora nos últimos quatro anos.

Não é fácil convencer as empresas de que têm de inovar para continuarem a ser competitivas e sustentáveis. Quando iniciei a InoCrowd em 2011 o mercado estava em crise e as empresas relutantes em investir em inovação, pois achavam que o retorno só seria a longo prazo. Por vezes, esta é a realidade quando falamos de inovação disruptiva, mas existem pequenos problemas do dia-a-dia que a InoCrowd pode ajudar a resolver, num período de 4-6 semanas, através dos seus 350 milhões de solvers. Nestes casos, a empresa vê logo o retorno do seu investimento, ou em aumento do lucro ou em redução de custos.

Uma mulher precisa de trabalhar a 300% no mundo das tecnologias de informação que é dominado por homens. Uma mulher com um negócio na área das TI necessita de construir uma base sólida de confiança e de credibilidade, de forma a ganhar clientes e depois fidelizá-los. Se já é difícil ser empreendedora, mais difícil é ser empreendedora na área das TI.

A intuição feminina é muito útil para quem quer montar uma empresa. Este sexto sentido ajuda-me a escolher os colaboradores e também selecionar as melhores propostas de negócio e potenciais clientes.

A afinação do modelo de negócio é uma constante. Não me foi fácil encontrar um modelo de negócio que satisfaça os clientes e a InoCrowd.

Ouvem-se muitos “nãos” até se conseguir ouvir um “sim”. Há que ser persistente e resiliente. O segredo para não desistir é celebrar pequenas vitórias e “levantar a cabeça e partir para outra” quando as coisas não correm como planeado

Aprende-se mais ao errar do que ao não tentar. Quando erro quase de certeza que não volto a cometer o mesmo erro. É necessário arriscar e falhar muitas vezes até conseguir uma vitória. Em Portugal fomos educados para não falhar, mas nos Estados Unidos  ninguém é estigmatizado por ter falhado na sua empresa. Os empreendedores acabam uma empresa e iniciam outra logo no dia a seguir. Em Portugal não é bem assim. É necessário acabar com a cultura do “se falhaste é porque não prestas”

No mundo dos negócios nem todos são honestos. O meu modelo de negócio de início era muito ingénuo porque sempre acreditei muito nas pessoas e na ética nos negócios.. Infelizmente vê-se de tudo, pelo que neste momento estou muito mais cautelosa.

As reuniões devem ser bem preparadas. Antes de uma reunião tento saber muito bem com quem me vou reunir. Hoje com a Internet consegue-se saber muito sobre as pessoas, mas também ligo a alguns contactos para saber mais. Não me posso dar ao luxo de perder tempo

É importante recorrer a quem sabe. Quando tenho dúvidas ou não encontro uma solução ligo a um dos meus cinco mentores – professores universitários e empresários de sucesso, todos de diferentes áreas. Não me dão a solução, mas ajudam-me a aclarar as ideias e a descobrir o caminho.

Nunca se deve almoçar sozinho. Aproveito todas as oportunidades para fazer ou reforçar contactos. Tento almocar com um cliente, potencial cliente, mentor, amigo ou ex-colega.

A vida não é apenas trabalho. Reservo uma hora do dia só para mim. Aulas de Pilates, yoga ou alongamentos ajudam-me a manter o equilíbrio.

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