O que as autoras de As Sufragistas aprenderam com o filme

Hollywood ainda é um mundo onde os homens predominam. As Sufragistas fogem à regra. Foi realizado por mulheres, Sarah Gavron e Abi Morgan, que desvendam as principais lições que retiraram deste projeto.

A luta das sufragistas pelo direito de voto não foi apenas uma guerra de palavras

O filme As Sufragistas, que estreou esta semana, recria a luta de um grupo de mulheres pelo direito ao voto, no início do século XX. Também duas mulheres estiveram à frente deste projeto: Sarah Gavron, realizadora, e Abi Morgan, guionista, num mundo que ainda é predominantemente masculino.

Em 2014, segundo a revista Time, apenas 7% dos êxitos de bilheteira foram realizados por mulheres e somente 12% têm protagonistas femininos. Assim, Sarah e Abi foram desafiadas pela revista norte-americana a partilharem o que aprenderam nesta sua experiência enquanto mulheres realizadoras/guionistas num filme centrado em mulheres.

Para obter financiamento foi preciso enfatizar as cenas de ação do filme.

Lição n.º 1 – O enquadramento é importante

Para conseguirem financiamento para o filme, Sarah e Abi tiveram de ser criativas e utilizar uma linguagem de ação. Falavam de perseguições de carruagens e de explosões e não tanto da mensagem de paridade de género. Angariaram 10 milhões de libras, muito menos do que o valor normal para um filme de ação, mas o suficiente para concretizarem o seu objetivo.

Muitas destas mulheres eram presas, ficando afastadas dos filhos.

Muitas destas mulheres eram presas, ficando afastadas dos filhos longos períodos de tempo.

Lição n.º 2 – Os papéis masculinos devem ser complexos mesmo quando não são principais

Conseguir atribuir os papéis femininos não foi difícil, ao contrário dos papéis masculinos. Abi referiu à Time que a perceção geral por parte dos atores era a de que os papéis não eram suficientemente importantes, que eram apenas os maridos. “Bem vindos ao mundo das atrizes”, afirma Abi.

Lição n.º 3 – As mulheres têm a responsabilidade de gerar oportunidades para outras mulheres

Sarah e Abi afirmam que estão constantemente a encontrar formas de abrir portas a outras mulheres e a encorajá-las, inspirando-as. Falam acerca dos seus projetos e do seu sucesso, de forma a criar oportunidades para outras mulheres entrarem na indústria cinematográfica, como camerawomen, como guionistas, realizadoras, entre outras.

A separação entre “filmes para mulheres” e “filmes para homens” deve ser evitada.

Lição n.º 4 – A Suécia tem muito a ensinar

Anna Serner, CEO do Swedish Film Institute, apercebeu-se de que havia uma percentagem muito baixa de mulheres por detrás das câmaras. Decidiu assim instituir uma política de financiamento 50/50 para realizadores masculinos e femininos. Em dois anos e meio, conseguiu igual financiamento para ambos os géneros.

Lição n.º 5 – Um filme feito por mulheres não é exclusivamente para mulheres

Muitos espectadores do filme afirmaram que não era só importante que as filhas o vissem; é igualmente importante os filhos fazerem-no. Segundo Sarah, é crucial desmantelar a separação entre “filmes para mulheres” e “filmes para homens”.

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