Mulheres ocupam apenas 30% dos cargos de gestão em Portugal

As empresas cotadas são as que registam a maior evolução, mas é nas grandes empresas do Estado que a participação feminina em cargos de gestão está acima dos 40%. São estas as grandes conclusões da análise da Informa D&B entre 2013 e 2019.

A presença feminina em cargos de gestão diminui à medida que aumenta a responsabilidade dos cargos.

No panorama geral do tecido empresarial, entre todos os 477 mil cargos de gestão das empresas portuguesas, 29,8% são ocupados por mulheres. Empresas cotadas, grandes empresas do Estado e grandes empresas privadas foram aquelas onde se verificaram as evoluções mais significativas, em especial no último ano, no que respeita à participação feminina em cargos de gestão. A evolução tem sido lenta mas consistente, revela a 10.ª edição do estudo da Informa D&B Gestão e Liderança Feminina em Portugal.

Todos os indicadores analisados (cargos de decisão em empresas públicas e privadas, nas cotadas, em todas as dimensões de empresas) apresentam crescimento nos últimos anos, destacando-se em especial as empresas de maior dimensão públicas e privadas mas também os cargos de direção executiva. No entanto, a representação feminina em cargos de gestão continua a ser menor em cargos de maior responsabilidade.

Segundo Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, “a implementação de legislação tem favorecido o processo de transformação nas empresas de maior dimensão, sendo acompanhada pelo restante tecido empresarial mas de forma mais lenta”.

Empresas cotadas registam a maior evolução

Foi nas empresas cotadas que se registou a maior evolução. A presença feminina nos conselhos de administração destas empresas mais que duplicou face a 2013, acelerando no último ano. 

 

Grandes empresas do Estado têm maior presença de gestoras que setor privado

As empresas do setor empresarial do Estado registam uma presença feminina na gestão de 32,2%, superior aos 29,8% das empresas privadas. É nas empresas de maior dimensão que esta diferença é mais significativa, com as grandes empresas do Estado a atingirem os 42,9% de cargos de gestão feminina.

Para esta diferença contribuiu a Lei 62/2017, que promove uma representação equilibrada entre os dois géneros nos órgãos de administração e fiscalização das empresas pertencentes ao setor empresarial do Estado, bem como nas empresas cotadas. 

Nos cargos de direção executiva, é também nas empresas do setor empresarial do Estado que se regista uma maior presença feminina, com 40,1% face aos 28,2% do setor privado.

Grandes empresas privadas aceleram na gestão feminina

No setor privado, as grandes empresas são as que registam o crescimento mais significativo face a 2013, tendo inclusive subido em 2019, ano em que todas as outras dimensões não mostraram qualquer evolução neste indicador.

Esta evolução começa a atenuar a diferença entre a maior dimensão das empresas e os cargos de gestão ocupados por mulheres.

É nos pequenos negócios (microempresas) que a percentagem de cargos de gestão ocupados por mulheres é maior, com 30,9%, em muitos casos fruto da sua própria iniciativa empreendedora.

Menos gestoras femininas em funções ligadas à tecnologia

Entre os cargos de direção executiva, registaram maiores aumentos as direções de Recursos Humanos e de Marketing/Comunicação, que já eram, a par da direção de Qualidade/Técnica, os que registavam maior presença feminina. O valor mais baixo surge nas direções executivas das empresas de sistemas de informação, um registo que tem vindo a recuar.

 

Em conclusão as maiores alterações surgem nas empresas de maior dimensão. O restante tecido empresarial tem vindo a evoluir consistentemente mas de uma forma mais lenta, continuando a verificar-se que a percentagem de mulheres que ocupam cargos de gestão desce à medida que cresce a responsabilidade dos cargos.

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