As baixas médicas relacionadas com a saúde mental dispararam nos EUA, aumentando 300% entre 2017 e 2023, e 33% só em 2023, revela um novo estudo da ComPsych, que mostra que este aumento é maioritariamente impulsionado pelas mulheres, que registaram 69% destas baixas médicas, o ano passado, avança a Forbes. De facto, o tempo de descanso para a saúde mental é tão essencial que uma cadeia de supermercados na China permitiu recentemente que os seus colaboradores gozassem até 10 “dias de infelicidade” por ano, além das férias e de baixas médicas por doença, como divulga o The Independent.
Como ainda há algum estigma e pouco à vontade para falar sobre saúde mental no local de trabalho, este poderá ser novo conceito para criar uma cultura e atitude diferentes em relação ao bem-estar laboral. Mas, até que isso aconteça, não é surpreendente que as empresas continuem a registar um aumento das baixas relacionadas com a saúde mental. Pela primeira vez, de acordo com o estudo, a ansiedade é a principal razão para as faltas ao trabalho, ultrapassando a depressão, que caiu para a quinta posição. O stress, os problemas de relacionamento e os problemas psicológicos em geral, incluem o top cinco deste ranking. Esta mudança, explica um dos principais especialistas em saúde mental, Richard Chaifetz, pode ser influenciada pela alteração das perceções sociais. “As pessoas sentem-se mais à vontade para dizer que estão ansiosas, dado o atual contexto social. A ansiedade é muito mais fácil de relatar e tem menos carga negativa”.
Começa-se a começar a falar mais abertamente de saúde mental no local de trabalho, ainda que as estatísticas não sejam elevadas, garante o especialista, sendo já um indicador de que temas tabus estão a diminuir e que as pessoas estão agora em ambientes de trabalho mais seguros do ponto de vista psicológico, pelo que podem falar e tirar o tempo que anteriormente hesitariam em pedir. Porém, o expressivo aumento do número de mulheres que faltam por motivos de saúde mental pode significar que as dinâmicas de género no local de trabalho não foram resolvidas. E o relatório da McKinsey, Women in the Workplace, do ano passado, mostrou que as mulheres sofrem mais microagressões que os homens, tendo três vezes mais probabilidades de pensar em abandonar o emprego e quatro vezes mais probabilidades de se sentirem quase sempre esgotadas.
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