Marta Cardeano: transformar uma experiência pessoal numa solução para milhares de mulheres

Marta Cardeano tornou-se directora-geral da Bloom porque conseguiu sensibilizar a empresa onde trabalha, a SWORD Health, para a resolução do problema da dor pélvica. Atualmente, 25% de mulheres no mundo têm um patologia pélvica e esta startup portuguesa desenvolveu uma forma de as ajudar a viver sem dor.

Marta Cardeano é directora-geral da Bloom.

Quando se licenciou em Ciências da Comunicação, o sonho de Marta Cardeano era ser jornalista. Nunca lhe passou pela cabeça que poucos anos depois um problema com que se habituou a viver pudesse abrir-lhe uma outra carreira. A trabalhar na startup portuguesa SWORD Health, Marta Cardeano partilhou o seu problema e o CEO rapidamente percebeu que se a dor pélvica é uma patologia que afeta 25% de mulheres em todo o mundo, se era um mercado que não estava a ser explorado, então existia uma oportunidade. Foi assim que surgiu a Bloom, uma solução não invasiva para melhorar a função do interior pélvico e para ajudar a reduzir a dor crónica que pode diminuir a necessidade de analgésicos ou opções invasivas recomendadas prematuramente, como a cirurgia.

Marta Cardeano, que faz parte da equipa da SWORD Health desde o início, onde foi chief of staff desde 2016, gerindo as operações internas e diversos desafios da empresa a partir da sua sede em Portugal, trabalhou na liderança da SWORD Health na missão da empresa de libertar dois mil milhões de pessoas da dor. A sua experiência a trabalhar com a equipa executiva da SWORD Health ajudaram a escalar a empresa e hoje Marta Cardeano é diretora-geral da Bloom.

 

Como foi o seu percurso até chegar à Bloom?

Licenciei-me em Ciências da Comunicação, pela Universidade do Porto, e fiz um estágio em assessoria de imprensa, mas como não gostei da experiência, nem da área, decidi fazer um mestrado em Marketing, na Universidade Católica Portuguesa em período pós-laboral porque estava, paralelamente, à procura de uma oportunidade para começar a trabalhar. Não acabei o mestrado — digamos que é a maior desilusão dos meus pais e, sobretudo, da minha avó — falta-me a tese, porque, entretanto, comecei a trabalhar na SWORD Health, a startup portuguesa que criou a primeira solução digital para o tratamento de patologias músculo-esqueléticas.

Nunca pensei trabalhar nesta área, mas procurei uma oportunidade e encontrei a SWORD Health. Sou uma das primeiras colaboradoras, comecei por fazer business development mas depois assumi o cargo de chief of staff numa fase muito early stage da empresa.

Antes de assumir o cargo de diretora geral da Bloom — o novo vertical de negócio da SWORD Health e que é a nova solução digital clínica direcionada para a prestação de terapia de saúde física para ajudar mulheres a recuperarem no conforto das suas casas — trabalhei ainda, em paralelo, numa startup de empreendedorismo na área do vinho.

Sei que tenho um background muito diferente do que seria expectável para uma diretora geral. Mas a curiosidade e a vontade de fazer sempre foram os catalisadores que me levaram a aceitar desafios como o da SWORD e, por isso, acredito que mais do que ter uma formação específica, devemos tentar ter o máximo de experiências que nos levem a perceber, no mundo real, como se faz e sermos recetivas a desafios que nos façam crescer.

Mais do que formação, a SWORD dá valor à meritocracia, procura e valoriza as capacidades e as características das pessoas, e dá-lhes oportunidade quando vê potencial. Neste sentido, tive alguém que acreditou nas minhas capacidades, deu-me oportunidade para as demonstrar, apesar de não ter a formação que, supostamente, teria de ter para assumir este cargo.

Independentemente da área ou do sector, uma vez que acredito que é transversal, considero fundamentais traços de personalidade como o querer e gostar de trabalhar, o querer ser bem-sucedida, o ser resiliente e ser também pró-ativa. Acredito muito na inteligência emocional e, por isso, defendo que é preciso ter vontade de alcançar, de ir à procura, de aceitar desafios, mas também acreditar e aceitar o risco. A nível de competências, considero essencial ter motivação por objetivos, ser independente, ser inteligente, não deixar levar-se pelo ego, e querer fazer acontecer.

 

Como surgiu a ideia?

A génese da Bloom está na minha experiência pessoal. Tenho endometriose e não sabia que era possível ultrapassar a dor que me causava. Vou ter sempre endometriose, mas a dor, que afeta bastante a minha vida, pode ser mitigada.

O nosso CEO e fundador percebeu que isto é um problema que afeta milhares de mulheres e que, à semelhança da minha experiência, desconhecem que existem soluções ou quando têm acesso a soluções, elas não são convenientes. Percebemos que existia uma grande oportunidade e que era um mercado que não estava a ser explorado, e por isso decidimos lançar a Bloom.

Estamos a falar de uma solução que combina tecnologia clínica e inovadora com a orientação humana de um especialista em saúde pélvica, para criar a primeira solução terapêutica para ajudar as mulheres com problemas de saúde pélvica na comodidade das suas casas. Ou seja, com a Bloom é possível fazer fisioterapia intensiva, não evasiva, que permite a uma paciente recuperar de uma patologia pélvica tendo em conta três fatores: é uma solução clínica (há um acompanhamento), que recorre à tecnologia, e que permite uma acessibilidade que permite fazer em casa e de forma confortável e conveniente. Com a Bloom é possível evitar algumas cirurgias e reduzir níveis de medicação, direcionados para a dor.

Temos a ambição de libertar as pessoas da dor e para atingir essa missão é necessário criar soluções que vão responder às várias patologias que a provocam. Atualmente, 25% das mulheres têm uma patologia pélvica. Estamos a falar de uma patologia que é ignorada, não é discutida, tanto pelo sector da saúde como pelas próprias mulheres que não sabem que existe uma forma de melhorar estas patologias que têm. Estamos a falar de um problema à escala mundial e como a SWORD já tem a tecnologia e o know-how fazia todo o sentido lançar esta solução que é única no mercado.

 

Quais os principais desafios?

A Bloom nasceu dentro da SWORD Health, ou seja, foi uma aposta estratégica como expansão da missão da SWORD, é um novo vertical de negócio. Relativamente à equipa, foquei-me em contratar mulheres, porque têm empatia e experiência com estes problemas, com diferentes backgrounds — quer em Portugal quer nos EUA — e que tivessem experiências com valor e diversificadas. Desde a área de saúde, clínica, marketing e vendas, operações, tentei criar uma equipa com uma capacidade de execução, rapidez e fiabilidade à semelhança do que aconteceu com a minha experiência na SWORD.

O objetivo é disponibilizar a Bloom para colaboradores e empresas com planos de saúde nos EUA, garantindo que as mulheres têm acesso a esta solução e a cuidados de saúde tão relevantes como os homens têm, com impacto na produtividade e que permite, em última análise, reter talento.

Neste momento, os principais desafios passam pela escalabilidade, em crescer de forma consistente, mas sempre focada nos pacientes e garantindo que este produto responde a todas as necessidades das mulheres com uma inovação constante. Queremos ter o melhor talento a trabalhar connosco e escalar para garantir a nossa missão.

Quais os sonhos para o futuro?

Queremos disponibilizar a nossa solução terapêutica aos 25% da população feminina mundial que têm uma patologia pélvica e, dessa forma, concretizar a nossa missão. Para atingir estes objetivos estamos a recorrer ao talento da nossa equipa, à inovação do nosso produto, e resolver um problema que tem um grande e real impacto na vida de milhares de mulheres em todo o mundo.

 

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