Luísa Ribeiro: “Não tenha medo de se reinventar”

Luísa Ribeiro é uma arquiteta que se converteu à consultoria. Um MBA deu-lhe as competências que precisava para entrar nesta área, mas continua a usar a sua veia de arquiteta para ajudar as suas equipas a olhar os problemas com uma perspetiva diferente e assim conseguir soluções mais criativas.

Luísa Ribeiro continua a usar a sua formação em Arquitetura no dia a dia da consultoria.

Nas fileiras da consultoria não se encontram apenas jovens licenciados em Economia e Gestão. Há muito que este setor descobriu as virtudes de ter diferentes backgrounds nas suas equipas para conseguir abordagens mais criativas e eficazes aos desafios que os seus clientes enfrentam. Mas recrutar uma arquiteta com cinco anos de experiência não é tão comum. Mas foi o que aconteceu a Luísa Ribeiro, em grande parte por “culpa” do The Lisbon MBA que decidiu na fazer em 2011 para ganhar novas competências além das que tinha aprendido na licenciatura em Arquitetura. A sua sede de aprender colocou-a no sítio certo. Poucas empresas oferecem tantas possibilidades de trabalhar com setores e projetos diferentes como as grandes consultoras. Hoje, a Business Strategy Manager usa muitas das competências que adquiriu no MBA, mas também a sua veia de arquiteta, que está sempre presente e é muito valorizada nas equipas em que participa. Luísa Ribeiro é mais um exemplo de Millennial Talent que não tem receio de “testar, errar e voltar a tentar” e que ambiciona contribuir para a transformação e desenvolvimento de Portugal.

Como se parte da Arquitetura e se chega à consultoria? 
De certa forma foi um conjunto de passos fortuitos. Em determinada altura, com cerca de cinco anos de experiência profissional em Arquitetura e a trabalhar em Londres, senti ser o momento certo de ganhar novas competências. A dúvida na altura foi se devia aprofundar ou alargar conhecimentos, a decisão acabou por recair na segunda opção, no sentido de me tornar mais polivalente. Foi com esse objetivo em vista que frequentei um MBA. Na Accenture surgiu a oportunidade de cumprir e evoluir essa aprendizagem, foi um desafio que eu e a empresa abraçámos e que trouxe bons resultados.

Que novas competências teve de desenvolver ou aprender?
Tudo começou necessariamente com o MBA onde adquiri capacidades nas áreas de gestão, analítica, marketing e estratégia, e que aplico recorrentemente nas minhas funções na Accenture Strategy. Mas julgo que uma das competências mais relevantes e que melhor me preparou foi a capacidade de aprender continuamente e isso também se treina, a profissão de consultor estratégico dá-nos as ferramentas para o fazer, basta saber aplicá-las.

O que usa diariamente do que aprendeu em Arquitetura?
Uma das características que os meus colegas mais valorizam no meu trabalho é a forma diferente como abordo os problemas que nos são colocados, o que de certa forma contribui para soluções mais criativas. Diria que essa diferença se deve ao facto de eu ter tido uma aprendizagem e experiência profissional distintas, mas também ao facto da Arquitetura enquanto prática nos obrigar a colocar no lugar do utilizador, levando-nos a aplicar múltiplas perspetivas na definição e construção da solução (o “espaço”), o que enquanto metodologia tem paralelismo com o trabalho de consultoria, apenas com diferentes instrumentos e resultados.

Como arquiteta, gostava de deixar “obra”, gostava de daqui a alguns anos sentir que os projetos e iniciativas em que participei contribuíram para a transformação e desenvolvimento de Portugal e a capacitação de pessoas e empresas.

Que competências e características considera cruciais para se ser boa na sua função?
A área de consultoria estratégica requer um à vontade perante o estado de permanente mudança, por isso diria que resiliência e um certo gosto pela descoberta são sem dúvida características chave para alguém que trabalhe na área. Por outro lado, e porque os desafios que nos colocam e/ou que colocamos têm sempre uma componente de inovação, julgo que ter uma visão multifacetada sobre o mundo que nos rodeia nos permite antever e dar suporte aos desafios e transformações sobre os quais empresas e organizações se deparam.

Qual a principal conquista que alcançou até hoje na sua carreira?
É uma pergunta de difícil resposta, sinto que ainda estou no início. Talvez o facto de ter sido bem-sucedida na minha reinvenção e de sentir reflexo disso no meu trabalho e no feedback que recebo de colegas e clientes. Gosto de me ver como uma “jack-of-all-trades”, a ideia de que posso combinar e aplicar múltiplas disciplinas com conhecimento de causa.

O que mais a apaixona naquilo que faz?
A vertigem do desafio, o facto de não existir uma solução pré-definida para os projetos com os quais nos deparamos e de ser necessário diagnosticar, investigar e testar diferentes opções, envolvendo vários interlocutores e disciplinas. Trabalhar numa multinacional com a dimensão da Accenture dá-me acesso a uma rede enorme de especialistas de todos os cantos do mundo, poder alcançar esse conhecimento de forma tão simples é algo incrível!

Qual a sua maior ambição em termos profissionais?
Continuar a enriquecer-me de conteúdo, tornar-me uma referência para outros e saber que, de alguma forma, os ajudei a concretizar os seus objetivos. Como arquiteta que sou, gostava também de deixar “obra”, nesse sentido gostava de daqui a alguns anos sentir que os projetos e iniciativas em que participei contribuíram para a transformação e desenvolvimento de Portugal e a capacitação de pessoas e empresas, sobretudo nesta fase transformacional estimulada pela digitalização em que vivemos.

Uma das características que mais nos distingue [Millennials] é sermos mais temerários, e por isso termos menos receio de testar, errar e voltar a tentar acompanhada também por algum desapego às instituições.

Como consegue o equilíbrio entre vida pessoal e profissional?
Numa área tão exigente como é a consultoria estratégica é importante gerir bem os meus objetivos profissionais e pessoais e identificar prioridades em diferentes momentos garantindo o balanço ideal, mas sem ser fundamentalista. Permito-me desvios aqui e ali. Estou certa de que atravessamos um período de mudança neste capítulo, daqui a alguns anos a forma como gerimos o equilíbrio entre vida pessoal e profissional será distinto, já se vêem sinais dessa transformação como a flexibilização de horários e locais de trabalho e o número crescente de profissionais freelance.

Este equilíbrio é uma característica da geração Millennial. Que outras particularidades vos distinguem da geração anterior?
Não sei se será uma característica unicamente relevante para a geração Millennial, mas sim dos tempos que correm. No entanto, para os Millennials, é sem duvida uma variável que assume maior importância face a outras tradicionalmente mais relevantes, como salário e benefícios. Mas não é a única, o reconhecimento, aprendizagem e evolução na carreira são também fatores muito relevantes. Sendo eu uma Millennial na fronteira, há até quem diga que existe uma geração intermédia – os Xennials –, julgo que uma das características que mais nos distingue é sermos mais temerários, e por isso termos menos receio de testar, errar e voltar a tentar acompanhada também por algum desapego às instituições.

Quais os pontos fortes da geração Millennial?
Destaco sobretudo a inquietude e conhecimento mais multifacetado, certamente facilitado pelo maior acesso a várias fontes de conhecimento, mas também a forma como nos disponibilizamos mais e encaramos a mudança e diferentes formas de existir e fazer com curiosidade e naturalidade. Julgo que esta curiosidade e flexibilidade são fundamentais para facilitar a transformação pela qual a nossa sociedade está a atravessar.

Aguardo com curiosidade o momento em que, à semelhança com o que já acontece com várias startups, a geração Millennial esteja à frente das grandes empresas.

O que mais valorizam no local de trabalho?
Fundamentalmente valorizam o reconhecimento, sobretudo quando é público e veiculado não apenas por superiores hierárquicos, mas também pelos seus pares. Também apreciam estruturas que lhes permitam alguma autonomia e fugas à rotina, nomeadamente a possibilidade de participar em projetos pontuais e o acesso a formação e treino que tenha reflexo na evolução das suas carreiras.

De que forma esta geração está a impactar as empresas?
Sobretudo na forma como nos está a fazer repensar arquétipos e formatos até aqui tidos como verdades absolutas. Aguardo com curiosidade o momento em que, à semelhança com o que já acontece com várias startups, a geração Millennial esteja à frente das grandes empresas.

Que conselho deixaria a uma jovem que está a iniciar a sua carreira?
Que não se conforme com formatos pré-definidos, mas que tenha a humildade de aprender primeiro e desafiar depois, mantendo um espírito de desassossego e que seja fiel aos seus princípios. Por outro lado, que não tenha pressa nem receio de experimentar e aproveite todas as oportunidades para continuar a aprender e aumentar as suas competências. Que não tenha medo de se reinventar!

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