Conhecidos pela eficácia da sua produtividade, os suecos são mestres no delicado equilíbrio entre vida privada e vida profissional. A moderação, a modéstia e a harmonia são ideias-chave para a arte de viver bem, que na Suécia tem um termo específico (e quase tão intraduzível como “saudade” é em português) — lagom.
Um dos conceitos mais importantes dentro o lagom, e também uma das palavras mais comuns e queridas dos suecos, é fika, que se traduz por um intervalo ou uma pausa a meio do dia de trabalho para comer, socializar e descontrair um pouco. A sua grande missão é servir como “ato de recalibragem” para que se possa continuar a produzir de forma harmoniosa e equilibrada. Ou como diz Lola Akerström, autora do livro “Lagom — o segredo sueco para viver bem” e colaboradora regular de publicações como o Guardian, National Geographic Traveller ou Travel + Leisure, “dar descanso às nossas mentes e equilibramos os nossos pensamentos e emoções, convivendo com os nossos amigos, colegas e família.”
Tradicionalmente, durante a fika retemperam-se forças com uma chávena de café e bolinhos de canela e cardamomo. É muito comum fazerem-se até três pausas destas durante a jornada de trabalho.
Regra n.1: não pode fazê-la sozinha, à secretária. Deve passá-la em ameno convívio, ainda que mais calmo e silencioso, com colegas e amigos. Afinal, este é um “ritual que refresca o cérebro e fortalece as relações”, como explica John Duxbury, do site Sweedishfood.com. “E é um bom negócio: as empresas onde a fika está institucionalizada têm melhores equipas e são mais produtivas.”
E como os suecos acreditam que é no meio que está a virtude, até as suas escolhas para degustar durante a fika refletem a proverbial moderação escandinava, patente no conceito de lagom, diz Lola Akerström. Para o café, preferem a mellan bryggrost, ou infusão média, de forma a equilibrar os gostos de todos: nem demasiado forte nem demasiado fraco. E o mellanmjolk, ou leite meio gordo, também é a opção mais popular nas prateleiras dos supermercados.