Inês Cruz da Silva: “O The Lisbon MBA teve um impacto profundo no desenvolvimento da minha carreira”

Com formação em Economia, Inês Cruz da Silva começou o seu percurso pelas telecomunicações. O The Lisbon MBA Católica|Nova abriu-lhe as portas da Google, onde é hoje Head of Global Insights para dispositivos móveis e se tornou uma apaixonada pela tecnologia.

Inês Cruz da Silva é Global Head of Consumer Insights (Mobile Products) na Google.

Inês Cruz da Silva estudou Economia, na Nova SBE, e conta com 16 anos de experiência na definição de estratégias de negócios com foco em tecnologia e telecomunicações. Ao longo da carreira foi tendo contacto com diferentes vertentes das áreas de negócios, desde finanças até marketing e vendas de produtos. Com um profundo conhecimento da tecnologia, das suas complexidades e de como as empresas devem operar para ter sucesso na atual era pós-digital, Inês Cruz da Silva liderou projetos globais, desde o conceito do produto e a estratégia de entrada no mercado até a definição da visão e a fusão dos pontos de vista dos clientes com as metas internas de negócios, e orgulha-se de ter um bom histórico de sucesso comercial e de liderança de equipas.

A carreira de Inês Cruz da Silva começou na Vodafone, onde trabalhou cinco anos. Fez o The Lisbon MBA Católica|Nova em 2010 e pouco depois entrava para a Google. Nesta empresa já ocupou várias funções e trabalhou com vários mercados, e, desde o ano passado, Inês Cruz da Silva desempenha a função de Global Head of Consumer Insights (Mobility Products).

 

O seu percurso tem sido feito na área da tecnologia e com uma experiência muito diversificada. Qual tem sido o fio condutor da sua carreira?

Apesar de ter uma experiência diversificada em várias áreas — comecei na área financeira, depois marketing, vendas e agora desenvolvimento de estratégia e produto — o grande fio condutor tem sido uma aproximação natural à indústria de Telecom e Tech, evoluindo também para áreas de negócio adjacentes onde a minha experiência anterior traria uma mais-valia. Estas valências, individualmente ou em conjunto, foram alavancas durante a minha carreira. Por exemplo, quando mudei da Vodafone para a Google o meu conhecimento de Telecom permitiu-me saber posicionar a oferta de valor da Google para este segmento. Ao mesmo tempo, a minha experiência em Marketing fez de mim uma mais competente consultora no desenvolvimento das relações com os marketeers com quem trabalhei e com os quais desenvolvi parcerias para as soluções de marketing digital da Google. Mais adiante, dada a afinidade de Telecom com Consumer Electronics, as minhas responsabilidades começaram também a abranger esta indústria e hoje estou numa área funcional completamente diferente daquela onde comecei na Google. Trabalho em estratégia e desenvolvimento de produto para os dispositivos móveis da Google, mas continuo a minha viagem na eletrónica de consumo. Vejo a minha carreira com uma rede de ligações: indústria ou skills, e desta forma tenho experienciado e estado exposta a diferentes oportunidades.

Quais as principais mudanças que destaca nesta área desde que começou a trabalhar e hoje?

A área tecnológica está em constante evolução desde os anos 1970, mas o ritmo de inovação tem, sem dúvida, vindo a crescer dramaticamente nos últimos 15 anos e, na minha opinião, com dois grandes marcos transformadores e com ramificações a diversos níveis.

O primeiro foi a revolução móvel. Claramente, uma derivação do lançamento do iPhone 3, em 2008, a explosão móvel — o smartphone como centro digital para o consumidor — ganhou muita tração a partir de 2010 e todos os negócios virados para o consumidor tiveram que se adaptar. O impacto desse desenvolvimento tecnológico implicou a proliferação de uma app-economy que teve como impacto a adoção de redes sociais mas também de real-time apps como o Uber ou Lift. Este tipo de plataforma contribuiu para o desenvolvimento da “gig economy” que se caracteriza pelo desenvolvimento de um mercado de trabalho não convencional, de freelancer de curto prazo, potenciado pelo uso de plataformas digitais e com muito impacto em diversas economias durante a pandemia.

A outra grande área de destaque é, sem dúvida, a área da Inteligência artificial (IA) que afeta diversas áreas de negócio e não deixará nenhuma indústria imune.  Apesar do mediatismo que a IA está a ter agora, a tecnologia está a ser desenvolvida há anos  —  a Google anunciou que seria AI-first em 2016 — e muitos de nós já a experienciamos em muitas aplicações, apesar de não estarmos conscientes. Se usada de forma responsável, este desenvolvimento irá permitir aumentos impressionantes na criatividade e produtividade das empresas e nas sociedades. Isto terá um impacto massivo nas organizações que devem começar a pensar hoje em que áreas podem futuramente aplicar estes desenvolvimentos aos seus negócios.

 

Se não tivesse feito o The Lisbon MBA a minha entrada na Google não teria acontecido

 

O que a levou a trocar a Vodafone pela Google? O MBA teve influência nessa mudança?

Sem qualquer dúvida que o The Lisbon MBA teve um impacto profundo no desenvolvimento da minha carreira e na passagem para a Google. Decidi fazer o MBA com o desejo de expandir não só o meu conhecimento e perspetiva sobre outras indústrias, mas também de fazer crescer a minha network. Foi durante o MBA que comecei a perceber melhor a dinâmica da Google como empresa. Lembro-me de termos trabalhado um case study sobre a aquisição do sistema operativo Android pela Google que despertou o meu interesse e comecei a “investigar” . Foi também através do MBA, numa sessão de networking, que conheci parte da equipa da altura da Google Portugal e comecei a estabelecer as minhas relações que se revelaram frutíferas.

Posso afirmar, com confiança, que se não tivesse feito o The Lisbon MBA Católica|Nova a minha carreira e a minha entrada na Google não teria acontecido.

A ideia da Google em comparação com a Vodafone apresentou-se como uma oportunidade de poder conhecer uma indústria completamente diferente com um crescimento excecional e completamente disruptivo.

 

Quais as principais diferenças que sentiu entre as duas empresas?

As duas empresas eram mais parecidas na altura, do que se possa imaginar. Nas duas encontrei um ambiente extremamente dinâmico com um foco extraordinário em ter impacto para o consumidor. As principais diferenças encontrei-as na inovação disruptiva que as soluções Google traziam para o mercado do marketing digital e que me obrigavam a ter de estar sempre a par das mais recentes inovações e também na maior integração que existe a um nível global do produto, em comparação com uma empresa de Telecomunicações que opera e compete apenas a nível nacional.

 

Em que consistem as suas funções atuais na Google e o que mais gosta nessas funções?

No meu mais recente projeto sou Head of Global Insights para o Pixel Phone, Buds Watch e Tablet e a minha equipa é responsável por fazer a ponte com as equipas que desenvolvem o produto (o que é que os consumidores procuram no telefone do futuro e o que  temos que desenvolver) e o Marketing (como é que nos devemos posicionar de forma a que a mensagem transmita o que os consumidores procuram).

O que mais gosto nesta função é perceber como é que as necessidades dos consumidores evoluem e pensar, de forma estratégica, como é que podemos responder desenhando um plano para atingir os objetivos a que nos propomos.

 

Decidi fazer o MBA porque queria tornar-me uma melhor gestora

 

Porque decidiu fazer o MBA e porque escolheu o The Lisbon MBA?

Decidi fazer o MBA porque queria voltar a estudar e queria ter uma experiência desafiadora que me mostrasse outras realidades e que me desse ferramentas e frameworks para me tornar uma melhor gestora.

O The Lisbon MBA permitiu-me ganhar exatamente o que procurava e mostrava-se altamente inovador sendo uma parceria de duas escolas de topo do país ao mesmo tempo que juntava uma terceira (MIT Sloan) que sempre quis conhecer como aluna. Ao mesmo tempo, o currículo promovia as áreas de liderança com uma abordagem hands-on e o corpo docente internacional faziam do The Lisbon MBA Católica|Nova a escolha natural e com maior benefício para mim.

 

Como viveu a experiência de learning by doing tão crítica no The Lisbon MBA Católica|Nova?

Com alguma intensidade, e talvez nervosismo ao início, mas com o desenvolver das relações que os nossos grupos de trabalho formavam, tornava-se divertido e desafiador. Durante o MBA tive de trabalhar verdadeiramente com equipas multidisciplinares dado o volume de trabalho e a diversidade de conhecimentos. O mais interessante era ver o que cada um de nós, dada a nossa experiência individual, trazia para o resultado final.

Hoje, já com alguma distância, vejo que o The Lisbon MBA me tornou mais apta para desafios em relação aos quais à partida poderia achar que não teria as bases para os enfrentar, mas hoje possuo as ferramentas adequadas e esse é o skill mais importante que desenvolvi.

  

Para muitas mulheres, a falta de tempo é o maior obstáculo para fazer um MBA. Como é que ultrapassou esse desafio?

Fazer um MBA é um comprometimento de tempo, de atenção e de esforço que, para valer a pena, nos obriga a estar nele a 100%. A decisão de fazer o MBA tem impacto naqueles que nos são mais próximos, por isso é necessário que todos os envolvidos na nossa vida percebam esse impacto.

No entanto, o MBA não demora uma eternidade, tem um princípio e um fim e um resultado fantástico e foi com essa perspetiva que geri a minha vida pessoal durante o ano que me dediquei ao MBA.

Apesar de na altura não ter ainda filhos, tinha diversos colegas que já eram pais e o principal para eles era o  total alinhamento familiar com períodos de tempo (que apesar de serem mais curtos do que normalmente) eram 100% dedicados à família.

 

Para trabalhar em tecnologia ter uma atitude de curiosidade é o mais importante

 

É um bom exemplo de que é possível fazer carreira em tecnologia sem ter formação na área. O que diria às mulheres sobre fazer carreira em tecnologia? 

Diria que cada vez mais as empresas percebem que ter uma força de trabalho diversificada em todas as áreas dá-lhes uma vantagem competitiva porque o resultado final é melhor. A diversidade promove diferentes perspectivas e como tal melhor input e consequentemente output. Ao mesmo tempo, é bom reforçar que todas temos um espaço, e que as profissões não têm um género.

Se o objetivo é trabalhar numa empresa tecnológica, sem, como eu, ter um background em engenharia, não se inibam, pois todas as empresas têm diversas áreas funcionais onde os skills não-técnicos são muito necessários para o sucesso. Ter uma atitude de curiosidade é o mais importante.

Um conselho que também é muito útil é o de criar relações de network com profissionais em áreas diametralmente opostas à nossa. Um contato na área técnica dá-me uma perspetiva diferente sobre um determinado objetivo e essa junção de “saberes” é única na procura de um melhor resultado, mas também na abertura de novas oportunidades de trabalho.

 

O que gosta de fazer nos seus tempo livres e como procura manter o seu equilíbrio?

Para manter o meu equilíbrio aposto no Yoga. Uma prática regular ajuda-me a manter-me focada e a sentir que preparo o meu corpo para longos dias de reuniões e sentada à secretária. Também gosto muito de ouvir podcasts. Enquanto os oiço posso estar a fazer outras atividades e ao mesmo tempo a pôr-me a par de novas tendências, novos produtos e também para desenvolvimento pessoal. Os meus favoritos são “Pivot”, “Tech News Briefing (WSJ)” and “Dear Headspace”.

Nos meus tempos livres gosto de passar tempo com os meus filhos e marido, viajar, dar passeios a pé e ver uma boa série na televisão.

 

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