Gabriela Fabião é diretora de Operações da rede Dr. Well’s, da Sonae, que conta com 25 clínicas no país, com gabinetes de medicina dentária e estética (medicina estética, cirurgia plástica e transplantes capilares). Licenciada em Engenharia e Gestão Industrial pelo Instituto Superior Técnico, Gabriela Fabião trabalhou na Noruega, de 2011 a 2016, na gestão de projectos em multinacionais do sector de Oil & Gas. Ao regressar a Portugal fez o The Lisbon MBA, que a levou a fazer parte da equipa de gestão das Clínicas Dentárias Santa Madalena. Em 2021 fez o programa One Step Ahead — Leading Women, da AESE, em parceria com a Executiva, que a levou a agarrar a oportunidade de dirigir as clínicas Dr. Wells.
Conheça melhor a carreira de Gabriela Fabião para quem a formação executiva se tem revelado decisiva no seu percurso profissional.
O que a levou escolher Engenharia e Gestão Industrial?
Quando entrei para a universidade, o curso era novo e o seu programa era (e continua a ser) muito completo, promovendo competências nas diversas áreas de engenharia, gestão, finanças, estratégia, marketing e mais. Como gostava de todas estas matérias o curso de Engenharia e Gestão pareceu-me a melhor opção para me ajudar a desenvolver conhecimentos e competências fundamentais para as diferentes dinâmicas do mercado de trabalho. Queria estar preparada para encarar o mercado de trabalho com sucesso.
Como evoluiu a sua carreira, desde que saiu da faculdade?
Ao terminar o curso, e perante o vasto leque de saídas profissionais, foi difícil escolher um único sector de interesse.Tive a oportunidade de trabalhar em diversas áreas como o sector industrial, automóvel, serviços públicos, alimentar, consultoria, energia, e saúde, desde 2018. As funções que desempenhei foram várias, desde engenheira de projecto, a consultora de gestão, e a vida levou-me a distanciar da engenharia e a aproximar da gestão, trabalhando na área de gestão de projetos até chegar à direção de operações.
Na sua opinião, o que é um bom líder, quais as suas características, comportamentos e atitudes?
Definições de bom líder há inúmeras e todas costumam ser óptimas! Para mim, o líder é o maestro de uma orquestra, e quando todos os elementos da equipa estão sintonizados, o resultado é uma obra prima! A liderança é sinónimo de confiança e alinhamento da equipa, promovendo a autonomia para tomada de decisões e foco permanente nos objectivos.
Quais os principais desafios que enfrenta enquanto diretora de Operações da rede de clínicas Dr. Well’s?
Na Sonae acontecem muitas coisas todos os dias, algumas delas extraordinárias e isso é resultado da dinâmica das nossas equipas também ser extraordinária! Frases Sonae como “Supera-te” e “Sê extraordinário” são convites claros ao desenvolvimento profissional que a Sonae partilha com todos os colaboradores, entre todas as suas insígnias. O principal desafio é inspirar diariamente as equipas, transportando os valores da Sonae de liderar com impacto e descomplicar desafios, para a realidade nas Clínicas Dr Well’s, e assim podermos avançar juntos e continuar a fazer o que está certo. É um enorme orgulho fazer parte desta família, onde cada desafio é superado rapidamente e em Equipa!
“Uma experiência internacional traz desafios, superação, e aprendizagens únicas”
O que a levou a fazer carreira internacional?
Tive o privilégio de viver uma experiência fantástica fora do país, trabalhando durante 5 anos na Noruega, no sector da exploração de petróleo do fundo do mar. Desempenhei funções na área da gestão de projectos e negociação da supply chain e procurement, e na área comercial com a responsabilidade de apresentação das propostas de projectos “subsea oil and gas”, em resultado de um trabalho de várias equipas multidisciplinares. Foi uma fase que marcou a minha vida pessoal e profissional, e que recomendo a todos, porque é tão importante podermos viver uma experiência internacional, qualquer que seja o destino, qualquer que seja a idade, uma vez que nos traz desafios, superação, e aprendizagens únicas.
Quais as principais lições retiradas da experiência internacional?
No meu caso, poder viver num dos países com reconhecida qualidade de vida e onde o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional faz parte das regras mais básicas, fez-me valorizar o tempo de outra forma. Nas mesmas 24h, conseguimos trabalhar 8h, descansar 8h e ter as restantes 8h para o que valorizarmos. Em Portugal trabalhamos mais horas e frequentemente retiramos tempo ao descanso, sem investirmos naquela parcela de tempo que seria para nós próprios. O equilíbrio estará em não permitir que o trabalho prejudique a nossa vida pessoal! Tem de ser ao contrário, o lado profissional pode ajudar-nos a desenvolver competências e a enriquecer o nosso conhecimento para que possamos trabalhar com ainda mais inspiração e motivação! E esta é uma das razões pelas quais os nórdicos se consideram mais felizes. Em Portugal estamos a fazer o nosso caminho para chegarmos a este equilíbrio, e espero poder ajudar com a minha pequena contribuição!
Quando se dá o regresso e porquê?
A decisão de regressar a Portugal coincidiu com a oportunidade de fazer o MBA em Lisboa na Nova-Católica e foi um ano de mudança em todos os sentidos. Desenvolvi um projecto próprio de consultoria, e no final do MBA surgiu a oportunidade de trabalhar no sector da saúde, na Direção de Operações da rede de clínicas dentárias Santa Madalena. Foi o meu primeiro contacto profissional com o sector da Saúde e com a complexidade de temas em torno da gestão de serviços de saúde. Lidamos com muitos desafios no sector da Saúde, a diferentes níveis. Ter tido a oportunidade de trabalhar neste sector nos últimos anos, atravessando toda a pandemia, foi uma experiência dura mas muito enriquecedora! O sucesso com que as Equipas se adaptaram diariamente às infinitas alterações que iam surgindo foi um importante factor de diferenciação e de resiliência. Todos os negócios tiveram de se adaptar mas a medicina dentaria teve desafios muito próprios.
“O desafio do conhecimento não termina nunca”
Como se preparou para saltar da Engenharia para a Gestão?
A formação contínua foi fundamental para ganhar competências e conhecimentos. O MBA foi decisivo para assumir cargos de liderança, e as sessões de coaching que iniciei no The Lisbon MBA ajudaram em várias fases decisivas. No ano passado, integrei a primeira turma do programa OSA, e o resultado foi muitíssimo positivo! A cada sessão do OSA sentia um reforço de energia e inspiração, e trabalhámos com o mindset focado na importância do papel da liderança feminina nas organizações. É um tema crucial para a liderança, cultura e futuro das organizações. Continuarei a investir na formação porque aprender é o nosso dia-dia e o desafio do conhecimento não termina nunca, e se não aprendemos ficamos para trás porque tudo está permanentemente em mudança!
O que é que a liderança feminina pode trazer de mais valia ou de diferente às empresas?
Defendo que as mulheres têm as mesmas capacidades de liderança que os homens, o mesmo foco e a mesma ambição para o sucesso. Frequentemente a liderança feminina aporta diferentes perspetivas, outro tipo de motivações e outra energia à gestão das pessoas e das empresas. As chefias que marcaram o meu percurso profissional foram homens e mulheres, e o seu sucesso e impacto nas equipas nada teve a ver com o género, mas sempre com o carácter, porque a excelência ou a liderança não dependem do género. Não somos iguais aos homens, mas temos as mesmas capacidades de liderança que os homens, e é por isso que devemos ter as mesmas oportunidades! A liderança feminina poderá trabalhar de forma diferente, e chegar a resultados diferentes, exactamente porque não somos iguais, mas, diferente não significa nem pior, nem melhor. A liderança feminina tem dado inúmeras provas sobre a capacidade de gestão e de liderança de mulheres em empresas ou até na gestão de países ou conflitos mundiais.
Porque decidiu fazer o programa OSA – Liderança no Feminino, da AESE e Executiva?
Sigo o trabalho da Executiva há alguns anos e tenho conseguido participar em alguns eventos, pelo que posso confirmar que todos têm sido muito interessantes e enriquecedores e verdadeiras fontes de inspiração e energia. Não hesitei em inscrever-me no primeiro OSA porque um programa desenvolvido entre a Executiva e a AESE só poderia correr bem!
O programa OSA pareceu-me o desafio perfeito para o momento que estava a viver profissionalmente, e de facto, ao terminar o programa, surgiu a oportunidade de dar o “step ahead” e senti-me totalmente preparada para agarrar a oportunidade. Não posso deixar de referir a importância do processo de coaching com uma mentora dedicada, que o OSA proporcionou, onde a cada sessão foi reforçada a importância do nosso propósito ao inscrevermo-nos num programa para avançarmos na carreira. E avancei.
De que forma este programa impactou a sua vida? A mentoria foi determinante para dar o salto das Clínicas Dentárias Santa Madalena para a Dr. Well’s?
O programa OSA marcou um ponto de viragem na minha minha vida profissional e, acima de tudo, foi um momento excelente para aprendizagem com outras mulheres, com a partilha de casos reais, de casos de carreiras de grande sucesso profissional conjugado com as dificuldades de mulheres normais, e a partilha de inúmeras histórias de mulheres inspiradoras com grande capacidade de liderança. Foram dias muito intensos e energizantes que nos dão força para querer mudar o mundo! A mentoria foi fundamental para o desenvolvimento de planos de ação e compromisso com os próximos passos. As sessões de coaching foram decisivas para o sucesso deste processo de “one step ahead” na carreira e para garantirem o conforto ao sair da zona segura, com acompanhamento e compreensão permanente. Recomendo o OSA!
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