Frederico Lupi é o CEO do Grupo Inapa desde junho de 2023. Entre 2015 e 2023 foi membro do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do Grupo como diretor de Operações (COO). O gestor iniciou a sua carreira em 1993, como diretor financeiro adjunto em duas sociedades industriais. Posteriormente, enveredou pelo setor bancário, integrando o Grupo BCP no qual desempenhou várias funções, de 1996 a 2014. Entre estas, foi membro da Comissão Executiva do NovaBank na Grécia, onde viveu durante 5 anos. Em 2015, foi CFO do Grupo EIP e é nesse mesmo ano que inicia o seu caminho no Grupo Inapa, como responsável das subsidiárias do Grupo: Inapa Portugal, Inapa España, Inapa France, Inapa Shared Center, Inapa Belgium, Korda e Inapa Angola. Adicionalmente, manteve os pelouros de IT e sustentabilidade. É licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e fez vários programas executivos no INSEAD.
Desafiado pela Executiva a homenagear as mulheres e querendo fugir ao lado pessoal que “quase inevitavelmente vive neste tipo de textos”, Frederico Lupi recorre à História de Portugal, incluíndo a mais recente, para eleger três mulheres que o “marcaram indelevelmente”. Mas no fundo, a sua Mãe e a sua mulher estão lá como as grandes referências.
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“D Filipa de Vilhena. Talvez a sua vida não fosse notada não fosse o facto do seu episódio ter sido pintado e representado por homens. No entanto, se merece lugar na História, é porque este episódio revela algo de muito importante. Quando a minha Mãe mo contava, destacava que Filipa viu o caminho antes de todos e não hesitou. A restauração da independência valia a coragem de ela própria ordenar os seus filhos cavaleiros e mandá-los combater, com todos os riscos inerentes.
Antónia Ferreira. É um “lugar (muito) comum” de uma mulher que foi tudo num mundo de homens. D Antónia afirmou-se muito cedo num negócio difícil. Enfrentou uma crise que hoje seria “mundial” (a filoxera) e deixou um importantíssimo legado no Douro e uma fortuna à família. Mas o que eu queria destacar é que, D. Antónia – soube-o a primeira vez pela minha Mãe – já à frente dos seus negócios, resistiu a casar a sua filha com o filho do Duque de Saldanha, na altura o homem mais poderoso de Portugal. Isso custou-lhe anos de exílio em Londres e provavelmente a capacidade de fazer mais ainda pela sua riqueza pessoal. Mas fê-lo pela sua filha.
Paula Rego. Um génio! Provavelmente já tinha a sua imaginação fértil e desenhava bem desde muito nova. Como a minha Mãe me dizia “os grandes pintores são sempre, em primeiro lugar, grandes desenhistas”. No entanto, o que se destaca em Paula Rego é a sua decisão inabalável de abandonar a sua família, a sua terra natal e, com certeza, algum conforto, em busca da sua maior paixão: a pintura. Essa escolha transformou a sua vida.
A História de Portugal está cheia de grandes mulheres, por mérito delas e felizmente para nós. Os casos que destaquei têm, porém, um ponto que gostaria de referir: foram mulheres que não hesitaram em abdicar daquilo que muito homens considerariam prioritário – o status quo, os negócios ou o conforto – em prol de algo bem maior – o futuro, a família ou o sonho. É o impulso de mudança, a não hesitação, a coragem diante de grandes (e por vezes decisivos) momentos que me deslumbra nas mulheres. É o que as torna verdadeiramente maiores.
Também notaram certamente que conheci estes casos pela minha Mãe… lá está, uma mulher sobre quem não preciso de dizer nada, tantas foram as referências de vida que me deixou. Como também não quero dizer nada sobre a minha mulher, que há 30 anos exerce sobre mim a enorme força do contraditório a muitas das minhas certezas.
Muitas e muitas mulheres são fonte de inspiração mas, neste mundo (ainda) dominado por homens, é verdadeiramente importante entender que todos ganhamos quando as mulheres são mulheres.”
Leia outros testemunhos “As mulheres da minha vida”.
