O meu maior desafio: Felisbela Torres de Campos

Felisbela Torres de Campos, diretora do departamento de Registo & Assuntos Corporativos na Syngenta Crop Protection, tem um percurso profissional de mais de 30 anos, a maioria dos quais em empresas multinacionais ligadas ao sector agrícola.

Felisbela Torres de Campos é diretora do departamento de Registro & Assuntos Corporativos na Syngenta Crop Protection.

Nasceu em Lisboa, mas é neta de lavradores e talvez por isso a Agronomia tenha sido uma paixão desde pequena. Licenciada pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, Felisbela Torres de Campos iniciou o seu percurso profissional na Pioneer Hi-Bred Sementes de Portugal onde, durante uma década, desempenhou funções de gestão de projetos, vendas e assessoria técnica, sempre com uma forte ligação ao mundo rural.

Em Setembro de 2003 integra a Syngenta, uma das maiores empresas no mundo especializada em sementes e produtos fitofarmacêuticos de suporte à atividade agrícola. Ao longo dos últimos 17 anos foi assumindo diferentes responsabilidades funcionais a nível nacional e ibérico, sempre com enorme ligação ao dia a dia da agricultura. Grande parte do seu trabalho passou sempre por andar no terreno, a acompanhar a sementeira, a rega ou a colheita de produtos agrícolas, que lhe permitiram desenvolver skills que a habilitaram a evoluir para outras funções.

Em virtude da cada vez maior globalização da economia e interligação entre mercados, esta é hoje uma indústria altamente regulamentada com vista a garantir o respeito pela sustentabilidade ambiental e social nas regiões onde opera ou onde os produtos são comercializados. Hoje, a sua responsabilidade enquanto diretora do departamento de Registo & Assuntos Corporativos na Syngenta Crop Protection é precisamente a de garantir que há um alinhamento absoluto entre o que são as preocupações da sociedade e o desenvolvimento do nosso negócio.

Desde 2017 que está também na presidência da ANIPLA, a Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas que representa 95% das empresas que operam na fileira industrial da proteção agrícola e das plantas.

 

“O primeiro desafio da minha carreira foi há quase 30 anos, quando na entrevista de recrutamento o diretor-geral da empresa comentou: “Sabe que normalmente para o lugar que se está a candidatar os CV de mulheres vão diretamente para o lixo?. Trabalhar numa atividade maioritariamente de homens era extremamente desafiante, pois ainda se pensava que uma mulher não podia, ou não conseguia, exercer determinadas funções. Hoje, só posso dizer que a minha experiência de viajar pelo mundo, a aprender imenso e muito rápido, com colegas com muita experiência, predominantemente homens, me ajudou a sentir mais confortável e a valorizar o trabalho em equipa, principalmente em equipas em que era a única mulher.

Em 2011, já com a liderança de uma pequena área de negócio na Syngenta Crop Protection em Portugal, numa situação muito confortável, com uma equipa pequena, mas com excelentes resultados durante quase uma década, vejo-me perante um grande desafio. Em consequência de uma nova restruturação da empresa a nível mundial, propõem-me assumir a gestão de uma gama de produtos a nível ibérico. Com a carreira a atingir um dos picos mais altos, o que me fez hesitar foi o facto de me imaginar completamente sozinha noutro país, com filhos menores, sem o apoio da família e em viagens constantes. Foi realmente assustador para toda a família, mas com o apoio de todos, arrisquei, mudei-me para Madrid e posso hoje dizer que a experiência foi muito gratificante.

Cinco anos passados, com todas as dificuldades inerentes ao percurso, grande distanciamento familiar e de amigos, surgem outros amigos, outros colegas, clientes, os parceiros e stakeholders, que dizem muito sobre a nossa forma de liderar. Um líder é aquilo que a equipa como um todo nos permite ser e eu tenho tido uma grande dose de sorte em trabalhar com profissionais muito competentes, profissional e emocionalmente, excelentes seres humanos que acreditam e participam no que me está destinado.

A diversidade de funções obrigou-me a aprofundar a resiliência como pessoa, e acredito verdadeiramente que as conquistas só são possíveis e gratificantes quando conseguidas por uma equipa, seja ela profissional, familiar ou com a ajuda de amigos e como líder não podia estar mais orgulhosa.”

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