Mais de um terço da geração mais jovem do setor da saúde afirma ter já testemunhado discriminação de género no local de trabalho, conclui um estudo do Movimento LIFE – Liderança no Feminino na Saúde. A análise feita pela GFK/Metris foi realizada no final do ano passado e teve por base 500 questionários feitos a mulheres e homens até aos 45 anos que trabalham na área da saúde, respeitando a proporção de género dos profissionais deste setor.
São 34% os inquiridos que dizem ter já assistido a discriminação de género no local em que trabalham. Acesso ao emprego, acesso à liderança e progressão na carreira são os casos mais citados. Quando questionados sobre se já sentiram discriminação de género no trabalho, o número reduz ligeiramente, para 27%. As mulheres são quem mais sentiu: 35% afirmam ter sido sujeitas a discriminação, comparativamente com 15% dos homens.
Para 22% das mulheres o género tem impacto na escolha ou não de exercer cargos de chefia, percentagem que desce para apenas 6% no caso dos homens
Os dados oficiais mostram que 75% da força de trabalho na saúde são mulheres, mas menos de 40% das líderes são do sexo feminino. Perante este dado, a jovem geração da saúde entende que uma das principais razões para a falta de igualdade na liderança no setor se prende com “os preconceitos relacionados com o papel da mulher na família Vs. trabalho”. Apesar da falta de paridade nas lideranças na saúde, este não é dos piores setores em termos de igualdade, segundo a visão dos inquiridos. É na liderança na política e no setor empresarial que esta jovem geração entende que há menor igualdade de género.
Só 28% das mulheres assumem que gostariam de exercer um cargo de liderança, em comparação com 38% dos homens.
Ainda sobre lideranças, só 28% das mulheres assumem que gostariam de exercer um cargo de chefia, em comparação com 38% dos homens. São 22% as mulheres que respondem que que o género tem impacto na escolha de vir ou não a assumir uma liderança, percentagem que desce para apenas 6% no caso dos homens.
O estudo mostra que os homens têm genericamente uma visão mais benevolente sobre o panorama da igualdade de género em Portugal. Mais de um terço dos inquiridos do sexo masculino considera que em Portugal há igualdade de oportunidades de género em cargos de liderança, ideia que é partilhada por apenas 11% das mulheres. Diferença semelhante se regista quando se pergunta se há igualdade de género, de forma geral, em Portugal: 41% dos homens respondem afirmativamente, quando apenas 14% das mulheres dizem que sim. Num ponto há grande unanimidade, com 80% da jovem geração da saúde a concordar que é muito importante que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres seja um objetivo de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
O que valorizam num líder
O estudo tentou também perceber quais as caraterísticas que a geração mais jovem da saúde valoriza num líder e de que forma o género impacta a perceção sobre as caraterísticas da liderança. A empatia/foco nas pessoas e a resolução de conflitos surgem como as caraterísticas mais evidenciadas, independentemente do género. Mulheres e homens concordam na avaliação feita às caraterísticas com melhor desempenho nas mulheres líderes: criatividade, competências de comunicação e empatia/foco nas pessoas. Contrariamente, no caso das competências dos homens quando são líderes, há maior divisão de opiniões entre mulheres e homens. Os homens entendem que são melhores na orientação para a solução e na assertividade, enquanto as mulheres destacam especialmente o empreendedorismo e as competências digitais dos líderes masculinos.
O Movimento LIFE é uma iniciativa contínua para conduzir a mudanças de comportamento e ações que contribuam para maior paridade na liderança no setor da saúde. É constituído por Faces de Eva.Estudos sobre a Mulher/CICS.NOVA (NOVA/FCSH) e da Roche a que se juntam cerca de 30 Embaixadoras.
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