Tornar as casas mais valiosas e interessantes foi a tarefa a que se dedicaram há cinco anos Margarida Diniz, designer de interiores, e Catarina Diniz, estratega de marcas, para melhorarem a performance do negócio imobiliário e fazerem dele “um mercado de sonhos”, transformando espaços antes inertes em casas e apartamentos “que marcam e fazem sonhar”. Com o apoio do Audax/ISCTE criaram uma start-up, a Home Staging Factory, e lançaram-se num mercado completamente novo em Portugal. Contam que “a paixão por este trabalho é o segredo do negócio” e que o mercado adere cada vez mais a este serviço inovador. “Antigamente, os consultores imobiliários apresentavam qualquer casa, mesmo que fosse um susto e só servisse para afugentar clientes. Hoje, a realidade já é outra”. Os investidores são os principais clientes desta empresa que veem nos estudantes, no turismo, e no aluguer de longa duração, formas de rentabilizar os investimentos. Em entrevista à Executiva, Catarina Diniz explica o negócio que é cada vez mais um sucesso.
A missão da Home Staging Factory é transformar paredes e vigas em sonhos e emoções, com o objetivo de vender as casas mais rapidamente.
Como surgiu a ideia de criar este negócio?
Em 2009 quando a Margarida trabalhava como consultora imobiliária na Sothebys e se deparou como a fraca apresentação do produto imobiliário, mesmo no segmento de luxo. Estudou o marketing do produto imobiliário e descobriu o conceito home staging nascido na década de 1970 nos Estados Unidos, atualmente um instrumento básico utilizado em todo o mundo.
Em 2010 e após mais de 10 anos a trabalhar em branding e publicidade eu resolvi fazer uma pós-graduação em Empreendedorismo no Audax/ISCTE e em conjunto apostámos no desenvolvimento do conceito home staging – mínimo investimento para máximo rendimento, e profissionalizar a apresentação do produto imobiliário. Decidimos criar casas que fizessem sonhar, e assumimos como missão “transformar paredes e vigas em sonhos e emoções” com o objetivo de ajudar os proprietários a vender e os clientes a comprar.
Em 2011 começámos a apresentar o conceito às agencias imobiliárias e paralelamente fazíamos prospeção de mercado na internet. O primeiro projeto surgiu de um contacto pela internet. Selecionávamos as casas que tinham potencial mas que estavam sub-valorizadas, mal apresentadas e pouco atrativas. Basicamente selecionávamos os diamantes em bruto que mereciam ser polidos.
Como define o conceito?
É um conceito de valorização imobiliária que nasceu nos anos de 1970 nos Estados Unidos no seio de uma grande crise imobiliária e cujo objetivo é valorizar um imóvel e torná-lo atrativo para o maior número possível de compradores. Home staging significa “pôr a casa no palco”, pô-la em destaque, mostrar os seus melhores atributos e torná-la interessante e valiosa. O objetivo é maximizar o potencial de atração da casa com o mínimo investimento, para a vender rapidamente ao melhor preço. De tal forma, que já é utilizado tanto por proprietários, como por imobiliárias, como por promotores imobiliários e nota-se uma diferença substancial na apresentação das casas que estão para venda ou arrendamento.
Qual a reação do mercado a este conceito?
Foi desde sempre a melhor. Os consultores imobiliários adoraram o conceito, achavam-no muito relevante porque sabiam que era a resposta para muitos dos produtos que tinham em mãos e que não tinham qualquer oferta de compra ou arrendamento. Mas a maioria tinha muito receio em assumir perante o proprietário que as suas casas não estavam em condições de serem apresentadas ao cliente final. O normal quando uma casa não tem visitas e não tem interesse para o mercado é ir baixando o preço até ter propostas. Poucos eram os que olhavam para o produto e percebiam que tinha que ser trabalhado antes de ser posto à venda.
A empresa surgiu em plena crise e veio ajudar a vender casas que nunca mais conseguiam comprador sem lhes baixar o preço.
Que tipo de clientes vos procuram?
A maioria são proprietários interessados em rentabilizar os seus imóveis, principalmente para arrendamento – estudantes, turismo e longa duração -, mas que precisam de ajuda profissional para o tornar atraente para os potenciais clientes. As imobiliárias mostram cada vez mais interesse por esta atividade e os promotores imobiliários também – neste caso mais para mobilar, decorar e equipar empreendimentos para turismo e assim venderam um produto com rentabilidade garantida. Querem um serviço chave-na-mão. Todos os nossos clientes têm perfil de investidor e muita atenção ao retorno dos investimentos. Por isso, a aplicação do nosso conceito “home staging – mínimo investimento, máxima rentabilidade” – é muito bem sucedida.
Como enfrentaram a crise?
A Home Staging Factory nasceu talvez na fase mais crítica da crise, na época em que a taxa de absorção do mercado era superior a 18 meses. O nosso objetivo sempre foi criar um instrumento que ajudasse o mercado imobiliário a contrariar a crise e conseguimos. Também soubemos aproveitar o ‘boom’ de turismo e especializámo-nos na preparação, decoração e equipamento de casas, para arrendamento turístico. Neste momento trabalhamos essencialmente para os vários segmentos do turismo – desde apartamentos low cost a apartamentos premium, como um apartamento T4 no Chiado que mobilámos integralmente.
Este serviço não é de primeira necessidade…
Digamos que é um serviço básico, sem o qual se perde dinheiro. Por isso é que os nossos clientes têm todos perfil de investidor. Sabem que investindo um pouco acabam por ganhar muito mais.
O que gostam mais nesta atividade?
O que nos dá mais gozo é o processo de transformação do espaço e assistir à reacção dos nossos clientes quando o voltam a ver após a intervenção! Apesar de saberem que o vamos maximizar acabam sempre por ser surpreendidos. Na verdade, muitas vezes o chamado “antes & depois” até a nós nos surpreende!
Como querem evoluir?
Hoje a Home Staging Factory integra duas áreas – home staging e decoração de imóveis e a gestão de arrendamentos de curta duração, que surgiu como resposta à necessidade dos nossos clientes. Pretendemos continuar a crescer no segmento do turismo e apostar no design de boutique hotéis, hostels, e novos conceitos de alojamento. Queremos trabalhar em conjunto com investidores, designers e empreendedores com vontade de promover os produtos e marcas portugueses, apostando na diferenciação e criatividade nacional. E continuar a desenvolver o produto “pronto-a-habitar”, particularmente interessante para os investidores estrangeiros. Também é importante para nós conseguir dedicar tempo e recursos a projetos especiais pro-bono como o que fizemos para a Colónia da Fundação “O Século”. O grande desafio é manter a paixão como o segredo do negócio.
QUANTO CUSTA O HOME STAGING
Depende das áreas e do estado da casa mas mobilar totalmente um apartamento para arrendamento turístico, por exemplo, pode custar entre os 5 mil e os 10 mil euros para um T1 ou entre 7 mil e os 16 mil para um T2. Depende do estilo e do objetivo pretendido.