O antes e o depois da COVID-19

Depois de um mês e meio de confinamento devido à pandemia, ficou claro que o teletrabalho e o recrutamento à distância são possíveis e vão aumentar no futuro próximo.

Matilde Coruche é diretora de Recursos Humanos da AstraZeneca Portugal.

A pandemia da COVID-19 veio para ficar, pelo menos no mercado de trabalho. Na gestão de recursos humanos, como certamente em muitas outras áreas, iremos ter um pré-COVID-19 e um pós-COVID-19. Um pré-coronavírus em que o teletrabalho era pouco frequente no nosso país e quase tudo se fazia presencialmente. E um pós-coronavírus, em que trabalhar à distância vai, certamente, fazer parte do dia-a-dia de muitos profissionais, sobretudo devido ao uso de plataformas digitais que mais do que permitir, agilizam o trabalho à distância e em equipa.

Esta mudança que estamos a vivenciar vai fazer parte de todos os manuais, será estudada como a revolução industrial foi ao longo dos nossos percursos académicos. A questão é que, desta vez, somos nós que a estamos a viver e a toda a velocidade! Somos nós que, sem aviso prévio e sem manual de crise que contemplasse uma situação deste género, temos de fazer adaptações constantes, independentemente de todas as dúvidas sobre o melhor caminho a seguir. Esta será uma experiência que nos dará, a todos, uma grande bagagem para enfrentar o futuro.

Dentro de um ano a realidade do teletrabalho irá aumentar exponencialmente. Isso representa um novo desafio ao nível da cultura organizacional, dado que é, aparentemente, mais difícil manter o sentido de pertença e a união entre equipas. A criatividade e o desenvolvimento de ações de team building vão ser peças chave.

Neste momento, e após várias semanas a viver em Estado de Emergência, é tempo de definir como regressar à normalidade. Com mais incertezas do que certezas, há que seguir o bom senso, pensando sempre nas nossas Pessoas e na sua saúde, ou não fosse esta uma crise de saúde pública, e mantendo o equilíbrio das nossas empresas, naturalmente.

Especificamente no que diz respeito ao teletrabalho, a realidade nunca mais será a mesma. Esta pandemia veio demonstrar o quão autónomas e  produtivas são as pessoas, o quão flexíveis na gestão das suas tarefas conseguem ser, mesmo que em situações extremas como as que muitas famílias vivem devido à necessidade de apoiar o seu agregado familiar, em particular os mais novos. Este foi um passo de gigante nesta área. Acredito mesmo que dentro de um ano a realidade do teletrabalho irá aumentar exponencialmente. Isso representa um novo desafio ao nível da cultura organizacional, dado que é, aparentemente, mais difícil manter o sentido de pertença e a união entre equipas. A criatividade e o desenvolvimento de ações de team building vão ser peças chave.

E o recrutamento? O recrutamento também pode ser feito à distância e vimos isso mesmo durante o último mês e meio. As ferramentas digitais permitem-nos quase tudo o que um contacto presencial nos dá. Será apenas uma questão de adaptação. Acredito que iremos evoluir muito rapidamente para processos de recrutamento virtuais, podendo em alguns casos haver entrevistas presenciais nas fases finais.

Em suma, a gestão dos Recursos Humanos nunca mais será como a conhecemos. Vamos todos aprender com a experiência e melhorar, a cada dia que passa, as nossas competências neste novo mundo laboral.

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