Chitra Stern, o rosto do Martinhal Beach Resort

Criado por Chitra e Roman Stern, o Martinhal Beach Resort & Hotel abriu a primeira unidade em Sagres, em 2010, mas já se estendeu a outras zonas turísticas do país.

Chitra Stern apaixonou-se literalmente por Portugal.

Chitra Stern, administradora do grupo Martinhal Family Hotels & Resorts, foi distinguida como Gestora do Ano em Portugal, na Gala dos Amadeus Brighter Awards 2015, que distingue personalidades que se destacam na área do turismo. Os resultados obtidos na promoção da marca “Martinhal”, associados à sua expansão em Portugal, com a abertura de três novas unidades, valeram-lhe o prémio atribuído. Segundo a gestora, a comunicação foi uma via essencial para atrair clientes ao Martinhal Beach Resort & Hotel, em Sagres, a primeira unidade do grupo, aberta desde 2010. Teve, como base principal, a divulgação da região como destino turístico para todo o ano, o que contribuiu para que o resort já tenha sido mencionado em mais de 24 mil artigos em publicações de toda a Europa.

Chitra Stern nasceu em Singapura, no seio de uma família abastada ligada a produção de bens alimentares. Aos 19 anos mudou-se para Londres, com o objectivo de estudar engenharia electrónica na University College London. Mas como o que faz mover a capital da Grã-Bretanha é o sector financeiro, passou a trabalhar na PricewaterhouseCoopers (PwC) com o objectivo de se mudar para este ramo. “Se estivesse, na altura, em Sylicon Valley, na Califórnia, talvez continuasse com os estudos na área da electrónica”, diz. Mas não era isso que acontecia.

Foi nessa altura que se cruzou com o marido, Roman Stern, suíço de Zurique, na altura consultor de gestão e seu sócio no Martinhal Family Hotels & Resorts. Pouco antes do final do milénio, saíram ambos da empresa, para fazer um MBA na London Business School a tempo inteiro. Em simultâneo, Roman coordenava um investimento familiar na Irlanda, um negócio ligado à hotelaria, e outro de apartamentos perto do lago Zurique, na Suíça. “Ou seja, entrámos nos investimentos hoteleiros e no imobiliário ao mesmo tempo”, explica Chitra Stern.

Portugal foi amor à primeira vista. Comprado o terreno do Martinhal em 2001, a construção começou no ano seguinte.

Portugal vence a Croácia

Em 2001, já depois de concluído o MBA, procuraram primeiro a Croácia para investir. Nesse mesmo ano, deslocaram-se mais tarde à zona do Carvoeiro, no Algarve, para estudar um projecto a desenvolver por um grupo de investidores suíços e alemães, que tinham uma opção de compra de um lote de terreno. “Assim que descobrimos Portugal e, em particular o Algarve, vimos que era um destino fantástico, com praias bonitas, gente simpática, a maioria a falar inglês, o que não acontece em Espanha, França ou Itália, e uma gastronomia excelente”, diz Chitra Stern.

Na época, a via do Infante e a A2 para sul estavam em fase de finalização. Era a hora certa de investir numa região onde o turismo iria certamente crescer, num país calmo que era ideal para a família que pretendiam criar. Compraram uma casa em Lagos, para onde se mudaram, e começaram o negócio imobiliário na cave. “Foi assim que descobrimos o Martinhal, um terreno com alvará de loteamento, cujo proprietário era uma empresa de construção suíça”, explica Chitra Stern, revelando que fizeram um acordo para comprar o terreno por fases, e começaram a desenvolver os planos de arquitectura e de posicionamento e conquista de mercado a partir Dezembro de 2001. A construção começou no ano seguinte.

A distância do aeroporto não convencia os operadores turísticos, mas o investimento constante em comunicação atraiu os turistas.

Como se atraem clientes

O mais difícil foi conquistar os operadores turísticos, passo essencial, pois são eles que constroem o mercado. “No início argumentavam sempre que o resort ficava muito longe do aeroporto”, conta a empresária, acrescentando que a Martinhal Family Hotels & Resorts teve de investir muito em comunicação, para criar uma procura que atraísse os operadores turísticos para esta região. “Foi complicado e difícil”, revela. Apesar da procura que já têm, continuam a investir, “porque é isso que deve fazer numa boa marca para atrair clientes de diferentes gerações, segmentos e países”.

O resort está enquadrado na paisagem de Sagres.

O resort está enquadrado na paisagem de Sagres.

O Martinhal Beach Resort & Hotel tem, como vista principal, uma praia de areia branca e uma baia de águas calmas, que vão do verde ao azul, com algumas ilhas. A fundo vê-se o casario de Sagres e o porto de pesca. É difícil encontrar algo equiparável. Foi esta situação, aliada à boa gastronomia de mar da região e à oferta de uma grande diversidade de produtos turísticos ligados à natureza, incluindo passeios em BTT e de mar, para ver golfinhos e baleias, que fizeram o casal Chitra e Roman Stern investir em Sagres no início do século XXI.

A vista a partir do Martinhal Beach & Resort Hotel.

A vista do Martinhal Beach Resort & Hotel.

Hoje, o resort é essencialmente procurado por estrangeiros, que representam 95% dos seus clientes. São principalmente famílias, pois esta unidade está especialmente preparada para receber pais e filhos, que vão ali mais de Abril a Outubro, período em que a taxa de ocupação ronda os 70%. Os principais clientes são os britânicos. Mas também há alemães, suíços, cidadãos do Benelux e de muitas outras origens, incluindo portugueses. Para os receber, Chitra e Roman Stern construíram um resort sofisticado, com arquitectura equilibrada e elegante, onde o estilo contemporâneo se mistura com o clássico de inspiração algarvia, que também se sente no design de interiores e em algumas peças expostas, de designers consagrados como os suíços Vitra, os italianos Vistosi ou os catalães Sante & Cole, por exemplo. Nelas podem pontuar a cortiça, o xisto de Monchique, os vimes.

Em março deste ano abriram uma unidade Quinta da Marinha e já têm outra em fase de desenvolvimento no Chiado, em Lisboa.

A chegada à capital 

Depois de ter sido criada a procura para este tipo de produto e marca, Chitra Stern decidiu alargá-la a outras localizações e conceitos. Primeiro, através da abertura, na Quinta do Lago, mais perto do aeroporto de Faro, do Hotel Martinhal Quinta Family Resort, com uma oferta similar à primeira unidade, cuja procura está mais ligada ao golfe. O passo seguinte natural do Grupo Martinhal foi a Área Metropolitana de Lisboa. A unidade da Quinta da Marinha, próxima de Cascais, abriu em março de 2016 e tem um conceito semelhante. O Martinhal Chiado Family Suites, já em fase de desenvolvimento na zona do Chiado, em Lisboa, irá oferecer 37 apartamentos para acolher famílias.

VINHOS PORTUGUESES, O OUTRO NEGÓCIO DO CASAL STERN

Chitra e Roman Stern gostam tanto dos vinhos portugueses, que decidiram abrir comercializá-lo nos mercados de Singapura e da Malásia. Portugal é um país diferente. Tem uma grande diversidade de castas e faz essencialmente vinhos de lote. É uma alternativa num mundo que está essencialmente habituado a vinhos monocasta, seja de Cabernet Sauvignon, Sauvigon Blanc ou Pinot Grigio, só para dar alguns exemplos. “Mas ainda há muito a fazer para promover a marca Portugal para se conseguir vender bem. O mais difícil tem sido dar a provar o primeiro copo”, diz Chitra Stern, acrescentando que este seu negócio tem crescido lentamente, principalmente em Singapura, onde há uma oferta alargada de vinhos, desde a Califórnia, à Austrália e Nova Zelândia. Mas mantêm-se empenhados. Para esta empresária, será necessário ainda bastante tempo de promoção de Portugal para que os mercados internacionais procurem os vinhos nacionais de forma significativa. Salienta que o desenvolvimento do turismo por cá pode estar a ajudar, e que ela própria aposta essencialmente em produtos portugueses na oferta de food & beverage dos seus hotéis. “Quando mais turistas provam os vinhos portugueses, mais irão procurá-los lá fora”, defende, explicando que é isso que acontece com a Austrália ou a Nova Zelândia, onde estudam muitos malaios: “Quando voltam a casa procuram, nas prateleiras, principalmente vinhos destes países”. Ora aí está uma pista, que podia ser seguida pelo sector dos vinhos, já que há cada vez mais estudantes europeus a estudar em Portugal através de diversos programas de intercâmbio.

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