“O poder é uma ferramenta, a influência é uma habilidade. Um é um punho, o outro uma ponta do dedo”, escreveu Nancy Gibbs, editora de The 100 Most Influential People in the World da revista Time. A influência vem muitas vezes do reconhecimento social em que se é valorizado pelo poder, pelo dinheiro, pela popularidade ou por outra qualquer posição de domínio. Mas dissemina-se pelas ideias como Maria Filomena Mónica, pela forma de pintar como Paula Rego ou Joana Vasconcelos, ou de tocar como Maria João Pires. Ou mesmo de algo aparentemente tão simples como um blogue que tem a capacidade de conseguir chegar e tocar as pessoas, como o de Ana Garcia Martins. O seu blogue A Pipoca Mais Doce tem 60 milhões de visitas e a sua capacidade de atração levou a que, como revelou o Observador, a campanha de António Costa durante as primárias do PS em 2014 tenha tentado comprar posts favoráveis no seu blogue, entre outros relacionados com o lifestyle.
Mas a influência é mais do que poder, dinheiro e networking. Dois dos principais impérios empresariais têm a presença de mulheres na gestão, ainda que nenhuma delas conste desta lista porque se o poder do dinheiro destas empresárias é grande, o círculo de influência não vai além das pessoas e dos interesses que, de certo modo, controlam. Paula Amorim tem funções executivas apenas nos negócios ligados à moda, não sendo executiva na presidência tanto na Galp Energia como no Grupo Américo Amorim. Na Sonae, se os holofotes estão todos sobre Paulo de Azevedo, que lidera a Sonae SGPS, a irmã, Cláudia de Azevedo, tem poder pois é CEO da Sonae Capital e administradora da NOS SGPS e faz parte do núcleo que decide a estratégia acionista da família. A influência nem sempre se traduz num role model. Recentemente, um estudo/sondagem da Marktest sobre as Figuras Públicas em Portugal inquiriu os portugueses sobre as principais características que associam às figuras públicas quando estas participam em campanhas publicitárias, seja de marcas ou de solidariedade social. A maioria considerou que Cristina Ferreira, apresentadora e diretora de conteúdos não informativos da TVI, era a que ressumava mais honestidade e Sara Sampaio era o símbolo da juventude.
A ocupação de um cargo político ou hierárquico pode ser um factor de influência capaz de ir além do poder formal, detido ou não. A atual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, recolheu o lastro de influência, que a ocupação de um cargo com a relevância deste implica, substituindo Paula Teixeira da Cruz que entretanto perdeu impacto. Muitas vezes, na política e nas organizações o poder e o domínio são geradores de influência. São as pedras no lago manso a traçar círculos. Por isso, a perda de poder tem impacto no alcance da influência e na capacidade de fazer e realizar. Outras vezes, a chegada ao poder não se transforma em influência. Duas das principais fundações portuguesas são lideradas por mulheres. Leonor Beleza preside à Fundação Champalimaud por decisão do seu doador, António Champalimaud, desde a fundação em 2004, e Isabel Mota, tomou posse em Abril de 2017 para liderar a Fundação Gulbenkian. Mas Leonor Beleza, que integra esta lista, junta o poder de decisão numa das maiores fundações em Portugal e uma presença política e de influência como conselheira de Estado. Para já, Isabel Mota detém poder e networking, tem de partir em busca desse halo que se configura na influência.
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