Depois de uma década de carreira na EDP, onde ajudou a criar a Universidade EDP e a desenvolver programas corporativos de Recursos Humanos com destaque para a Transformação Digital e a Diversidade e Inclusão, Ana Sanches lidera atualmente a equipa de People Experience, na OutSystems. Nas suas palavras, o seu foco é “ajudar a entregar uma experiência de colaborador extraordinária, promovendo a mudança e potenciando o compromisso das pessoas de forma a atingir os melhores resultados de negócio”. Elege a Gestão da Performance, o Desenho Comportamental e a Felicidade no Trabalho como três tópicos entusiasmantes da sua atual prática como profissional.
“Houve duas coisas que me marcaram muito nos primeiros dias: a primeira foi o momento de Onboarding, que foi espectacular! O cuidado com que somos recebidos, com muita informação e todo o material que precisamos para sermos bem sucedidos (computador pronto, rato, headphones) e uma cartinha especial do nosso manager faz toda a diferença para sentirmos a motivação extra de estarmos a começar num novo trabalho com o pé direito. A segunda, foi a rapidez com que o contexto mudou. Em poucas semanas a minha função mudou algumas vezes de scope e a própria área sofreu alterações relevantes. E isto tudo feito com uma agilidade a que não estava nada habituada!
Dito isto, passar de uma empresa na área da energia para tecnologia é um grande desafio pois o ritmo é completamente diferente. Se não dermos respostas imediatas e seguras em tech podemos passar a ser segunda escolha para o nosso cliente e isso não é aceitável. E acho que isso se reflecte imenso na forma de trabalhar – nas ferramentas colaborativas que se usam (como o Slack ou Asana), na maneira como as pessoas interagem sem o filtro da hierarquia e na entrega dos projetos, que tem que ser o mais ágil possível e com muita iteração ao longo do caminho, algo que não estava tão habituada também.
Senti uma enorme diferença na forma de dar e receber feedback – numa empresa com 60% de millennials o feedback flui de forma mais orgânica e “cândida”, sem receios e com intenção de contribuir para o teu desenvolvimento.
Por outro lado, algo que me atraiu imenso nesta empresa foi a sua cultura, que assenta em valores com os quais me revejo muito – perguntar porquê, ajudar os outros, saber prioritizar, comunicar assertivamente, são tudo traços que vejo muito presentes. Mais recentemente sinto que o sentido de urgência e a capacidade de colaborarmos de forma eficaz “em rede” se tornaram também prioridades nas quais o nosso trabalho tem que assentar.
Também senti uma enorme diferença na forma como se gere performance, na maneira de definir objetivos e de dar e receber feedback – numa empresa com 60% de millennials o feedback flui de forma mais orgânica e “cândida”, sem receios e com intenção de contribuir para o teu desenvolvimento. E receber feedback constante é algo que exige muito de cada um de nós mas é também muito gratificante do ponto de vista do nosso crescimento como profissionais.
A OutSystems cresceu bastante no ano em que entrei (2018) e isso reflectiu-se na sua estrutura e na forma como se viu “obrigada” a definir melhor processos internos. Nesse aspecto a minha experiência anterior ajudou-me a contribuir com essa visão e estruturação. Uma coisa que fazia bastante na minha experiência anterior era gestão de conhecimento e documentação e acho que também consegui trazer um pouco dessa skill para a equipa.
Em termos de novas aprendizagens, a principal foi que os primeiros meses são importantíssimos para conhecer a empresa e estabelecer relações de confiança. Não há segundas oportunidades de causar uma primeira boa impressão e por isso é fundamental saber que estamos a ter impacto nos outros quando reunimos ou colaboramos pela primeira vez.
Gostava de ter conhecido [o livro The First 90 Days] mais cedo pois acho que reúne um conjunto de estratégias óptimas para quem está numa transição e quer ser bem sucedida.
Também aprendi que não assumir que sabemos a “fórmula de sucesso” por ter experiências anteriores mas sobretudo ter curiosidade intelectual e conhecer ao pormenor o contexto da empresa, é essencial para termos as peças de informação que nos permitem sermos bem sucedidos na nossa função.
Em termos de rotina diária, passei a trabalhar fora de Lisboa o que é bastante bom em termos de qualidade de vida (menos trânsito!) e tenho flexibilidade para trabalhar a partir de casa quando me faz sentido (muita gente usa esse mecanismo para ter momentos de concentração na empresa) que é uma coisa que pretendo usufruir com frequência.
Finalmente, o conselho que deixaria a quem vai mudar de emprego é muito básico: leiam o livro “The first 90 days”! Gostava de o ter conhecido mais cedo pois acho que reúne um conjunto de estratégias óptimas para quem está numa transição e quer ser bem sucedida. Depois entrem no desafio com a dose certa de “humbition” – ambição de terem sucesso nesta nova função com a humildade de irem aprender muito com quem vos rodeia e com o contexto onde se vão inserir. Boa sorte!”