A pequena Filipa queria ser médica mas a “vontade de ajudar pessoas, rapidamente se transformou em ajudar também marcas e negócios através do design e da criatividade”. À frente da White Way, agência de Estratégia & Criatividade de Marca e Design que fundou em 2006 com outros sócios que a “desafiaram a aplicar a sua energia no seu empreendedorismo”, tem clientes como a Mota-Engil, PLMJ, REN, Siemens, OGMA ou Oney Bank. Define-se como obcecada pelo controlo e planeamento e escreve sempre Cliente com C grande para sinalizar a dedicação que lhes dedica. O seu dia de trabalho é marcado por três momentos de picos de stress. Esta executiva gosta do “sentimento de fazer as coisas detalhadamente bem”, mas também de se divertir. A família e os amigos estão sempre presentes e o seu maior projeto é “a filha Maria, claro!”
07h15
O “sonar” do iPhone tenta que o “acordar” seja com um som agradável, tenho este despertador há muitos anos – como se acordar cedo seja em algum momento fácil – mas levanto-me e vou direta a um banho. A manhã é claramente o meu momento de energia e depois do banho, estou pronta! Vou direta ao quarto da Maria (a minha filha com 6 anos). Tal como eu, cheia de energia – depois de arrancada da cama– a Maria dá-me a conversa matinal e como diz o meu marido: vocês falam, falam, falam, falam…
08h10
Esta é a hora do (primeiro) stress do dia! A hora limite de sair de casa para contar com o trânsito e chegar à escola um pouco antes das 9h. Pelo caminho ouvimos alternadamente as músicas da Mãe (rádio) ou as músicas dos D.A.M.A., Descendentes, brasileiradas da moda… sim, já as decorei todas!
08h45
Se tudo correu bem até aqui, “tchau jacaré dá cá um beijo” e a esta hora é que começa o meu dia, o telemóvel deixa de ser a jukebox mais desejada lá de casa para ser uma ferramenta de trabalho, puxar os mails, telefonemas matinais para a equipa com lembretes de última hora, ajustar a agenda com reuniões internas, reuniões com Clientes, almoços e…… já referi que sou controlfreak?
09h00
Tenho noção que sou privilegiada, não apanho grande trânsito para a White e trabalho em frente à praia. O que faz com que, nos dias que não tenho reuniões fora, esta seja a melhor altura do dia – é a esta hora que estou a escrever esta agenda. Chegar à agência antes dos outros é perfeito, dá-nos tempo para organizar mentalmente o dia, as prioridades e depois ter total disponibilidade para os outros à medida que vão chegando – sim, é uma agência de estratégia e criatividade, o que significa que não estamos todos aqui à mesma hora, não foi fácil entender e respeitar isto mas consegui. Aproveito também para tomar o meu pequeno-almoço neste sossego que não vai durar muito, iogurte de coco ou torrada em pão sem glúten, outra “aventura” que dura há um ano mas que tem resultado.
09h30
Eu gosto do que faço, para além da gestão da agência que partilho com o meu sócio, sou responsável pelo business development, supervisão de contas dos Clientes estratégicos e da equipa de serviço a Cliente. A manhã na White é uma agitação entre os temas que tinha previsto tratar e todos os imprevistos que vão “caindo” durante o dia e que levam a várias conversas, telefonemas com Clientes, re-organização de planeamento. Tenho uma lista de to-dos organizados por temas no Evernote – software para controlfreaks e que agora acredito que vem salvar a minha vida, ou talvez não…
11h00
Organizada por defeito (ou feitio), as manhãs têm reuniões de processos – seja passagem de briefings, discussão de projetos, faturação, planeamento – tudo faz parte de um trabalho em Equipa que faz a agência andar para a frente. Tento estar presente em todos os processos, o que hoje em dia não é fácil pois tenho dias em que as reuniões com Clientes se sobrepõe a tudo o resto e é neles o meu foco, chama-se delegar responsabilidades – eu consigo!
13h00
Gosto de sair para almoçar, seja em trabalho, com uma amiga, com alguém da agência, almoçar fora para mim é parar. Na maior parte dos dias este desejo fica só por aqui e como uma salada ou uma sopa rápida aqui em baixo no edifício. Pelo menos um dia por semana, tento almoçar com uma pessoa da agência, implementei esta iniciativa a meio do ano e percebi que falar com as pessoas fora do nosso habitat é por vezes muito mais produtivo e conhecemos melhor as pessoas à nossa volta. A gestão das pessoas e equipas é para mim um tema sensível, estou constantemente a tentar aprender mais sobre liderança e gestão de pessoas, workshops, formações, bootcamps, vou a todas… o desafio é diário e a palavra motivação assusta-me por ser usada vezes demais em todas as questões relacionadas com recursos humanos.
14h30
Esta é a hora do (segundo) stress do dia! Reuniões a começar, algum mail “bomba” que chegou antes do almoço e normalmente estou fora da agência a caminho de reuniões e a tentar resolver as pontas soltas. As reuniões são sempre boas, não há reuniões más, assim como não há Clientes melhores ou piores, era o mesmo que começarmos a tentar rotular as agências e não vamos por aí. As reuniões tem diversos objetivos, receber briefings, dar kick-off a projetos, fazer pontos de situação mensais, apresentação da agência ou simplesmente conversar com o Cliente para tentar avaliar e perceber necessidades. Gosto de falar mas também gosto muito de ouvir e nesta área, saber ouvir é fundamental para perceber os Clientes, as suas Marcas e qual o papel que a agência deve representar para ser uma mais valia nesta cadeia.
17h30
Ainda há tempo para ver e responder aos mails, fechar propostas e alinhar projetos. Se estou fora da agência já não regresso, na era da mobilidade gosto de assentar onde for mais próximo, pode ser logo quando saio de um Cliente, num café, num hotel, desde que tenha wi-fi e seja tranquilo está ótimo. Se estou na White o final de tarde é para reunir equipas, perceber como estão a evoluir os projetos, ajustar cronogramas, discutir orçamentos e tentar encontrar as melhores soluções. Criatividade, pesquisa, expertise, co-criação, arriscar ideias, criar, implementar, ver o nosso trabalho na rua, já disse que gosto do que faço? É meio caminho andado para tudo correr bem.
19h00
O que não aconteceu até aqui, terá que ficar para amanhã ou no limite para o turno da noite. É altura de pensar que temos 2 horas pelas frente para conseguir ir buscar o “embrulho” a casa dos avós – sem o apoio deles nada seria possível – jantar sentados à mesa, fazer um jogo, preparar a mochila, lanche, saco do ballet… será que a farda está lavada? Tudo se resolve. Agora o importante é que são horas de ir para casa.
20h00
Esta é a hora do (terceiro) stress do dia! Tudo o que sou na agência em casa não sou bem igual, gostava de ter as refeições todas organizadas à semana, mas ainda não consegui manter este sistema pois acontecem sempre imprevistos ou um convite para jantar em casa dos avós no dia em que por acaso até tinha o jantar feito. Ainda assim, nos dias em que jantamos em casa o mais importante é que no máximo às 20.30h tenho um copo de vinho na mão e estamos todos sentados à mesa (ufa..!!!).
21h00
Lá em casa não se vê televisão, optámos por acompanhar o mundo por outros meios e assim ganhar tempo para nós. Jogar um mikado, um jogo da glória, ver as novidades do 1º ano ou simplesmente fazer palhaçadas a dançar músicas do YouTube, tudo serve para gastar as últimas “pilhas” do dia.
22h00
A Maria dorme – ou pelo menos devia – e eu aproveito para me dedicar a todos os outros temas que ficaram para trás durante o dia. Deitada na cama, pego no iphone e navego entre as redes sociais, viagens pelo mundo, grupos no WhatsApp com 30 mensagens por ler, últimas do Observador, bedshopping porque não há tempo para grandes idas ao shopping, e isto tudo nos dias bons. Nos dias mais “difíceis” de portátil no sofá, revejo propostas, preparo apresentações de new business ou fecho orçamentos. E ainda há os outros dias, aqueles que têm um final maravilhoso em que adormeço primeiro que a Maria!