O Valverde, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, é o sexto hotel onde trabalha, desde que aos 22 anos teve de escolher entre a ginástica acrobática e a hotelaria. Dos quase 10 anos como base principal da equipa de ginástica no Sporting trouxe o gosto por trabalhar em equipa, por isso tem um núcleo duro de colaboradores que a acompanha há anos. Começou como recepcionista no Meridien, chegou a diretora de vendas e marketing no Penha Longa e tornou-se diretora-geral no Bairro Alto Hotel. Antes de abrir o Valverde no ano passado, passou pelo Vidago Palace e pelo Pedras Salgadas Spa & Nature Park, ao mesmo tempo que se licenciava em Comunicação e Marketing. Tem energia para dar e vender e aceitou partilhar com a Executiva como é um dos seus dias de trabalho.
7h45
Esta é a hora de saltar da cama. Em menos de uma hora preparo o meu filho de 8 anos, tomamos o pequeno-almoço quando possível em família e quando necessário deixo os recados para a empregada que me apoia diariamente em casa.
8h30
Deixo o Santiago no colégio e sigo para o hotel, que abriu portas em 2014 e já ganhou vários prémios nacionais e internacionais. Quando preciso, passo no cabeleireiro, que pode ser junto à minha casa ou mesmo ao lado do hotel, onde tenho o Eduardo Beauté. Sentir-me como gosto aumenta a minha confiança.
9h15
É a hora normal de chegar ao hotel. Se não tenho nenhum cliente especial para receber, começo por fazer uma ronda para me inteirar das ocorrências – do que aconteceu e do que está previsto acontecer. É preciso saber quem são os clientes que temos, se há VIPs que mereçam uma atenção especial. Num hotel como o nosso há um contacto muito próximo com os clientes, é como receber as pessoas em nossa casa e é assim que elas esperam ser recebidas.
Nos cargos de chefia tenho cinco mulheres e um homem. No Valverde a atenção ao detalhe é fundamental e as mulheres são mais atentas.
9h30
Passo na sala do pequeno-almoço. É o momento do dia em que todos os clientes estão visíveis, por isso gosto de estar na sala para medir o seu grau de satisfação. E também para avaliar a interação dos meus colaboradores com os clientes.
10h15
Preparo a agenda para o dia. É necessário saber quantos clientes estão hospedados, qual vai ser o movimento e se as equipas estão completas ou se há que rodar pessoas para outras funções. Numa unidade tão pequena apostamos na polivalência, cada posição tem de estar preparada para desempenhar duas ou três. Temos 25 quartos e 26 colaboradores, com idades entre os 19 e os 50 anos. Tenho na equipa sete colaboradores com quem trabalho já há alguns anos. Alguns acompanham-me desde a Penha Longa e esta relação faz a diferença na forma como recebemos os clientes. Nos cargos de chefia tenho cinco mulheres e um homem. No Valverde a atenção ao detalhe é fundamental e as mulheres geralmente são mais atentas e disponíveis também para fazer algumas relações públicas.
11h
Faço duas reuniões semanais para acompanhar as funções de serviço que estão previstas – casamentos, batizados, reuniões de empresas. Aproveito para verificar se estamos a cumprir o orçamento, os objetivos, os racios pelos quais se rege a hotelaria – até agora temos superado em termos de ocupação e receita média.
13h
Cerca de 75% dos dias almoço no hotel com convidados. Podem ser hóspedes, jornalistas, ou clientes. Outras vezes aproveito para ir conhecer espaços novos na cidade ou ementas novas. Temos de estar atualizados com tudo o que se passa à nossa volta.
Sempre fui muito cautelosa com a imagem e a comunicação dos hotéis onde trabalho.
15h
Acompanho a jornalista de uma publicação internacional na visita ao hotel. Sempre fui muito cautelosa com a imagem e a comunicação dos hotéis onde trabalho. E desde que me licenciei em Comunicação reforcei essa atenção.
16h30
É hora de tomar um chá com os estagiários que estiveram connosco nos últimos meses. O Valverde é muito procurado para estágios . Temos sempre um ou dois estrangeiros porque a hotelaria em Portugal já tem nome e para nós também é bom para que os nossos colaboradores possam cruzar experiências com pessoas de outras nacionalidades.
17h30
Reúno com um dos nossos representantes internacionais. Temos agentes de comunicação para os Estados Unidos, Espanha, Reino Unido e Brasil e é preciso falar com eles – geralmente por skype – para ter o feedback das ações realizadas. Tenho de preparar uma apresentação em Madrid. Saímos na Hot List 2015 da Condé Nast Traveller como um dos melhor hotéis do mundo, por isso faz sentido agradecermos o título e apresentar o hotel a outras revistas do grupo.
18h30
Reunião com o proprietário do hotel, Pedro Mendes Leal, ex proprietário do Bairro Alto Hotel onde trabalhei antes e presidente da Emparque. Nestas reuniões falamos do Valverde, mas também analisamos propostas de outros grupos e fazemos consultoria quando tal nos é pedido.
Mais do que apostar na formação em sala, gosto de levar os colaboradores a ver as coisas onde elas acontecem.
19h30
Combino com a Chef e o seu assistente de cozinha um jantar amanhã no Mini-bar do Chef Avillez. Faz parte das funções acompanhar tudo o que há de novo na cidade, para estarmos atualizados com a oferta da cidade e as novas tendências. Mais do que apostar na formação em sala, gosto de levar os colaboradores a ver as coisas onde elas acontecem. Pode ser uma exposição na Gulbenkian, ou o Petit Palais do Olivier (que abriu recentemente). Os clientes pedem-nos sugestões e por princípio só recomendamos o que conhecemos.
20h
Antes de sair confirmo se está tudo organizado e certifico-me do que vai acontecer no dia seguinte. Às terças e quintas vou ao ginásio, onde tenho um personal trainer. É um break mental fantástico e que também faz bem à saúde. Ao longo do dia tenho de pôr os clientes em primeiro lugar, mas no Pump é o meu momento, é um mimo que dedico a mim mesma…sinto que alguém cuida de mim.
20h30
Apesar de não ter hora de saída, tento chegar a casa a horas de jantar e sempre que é possível jantamos em família, com a sorte de ter um marido que também é Chef, e que nos prepara habitualmente refeições irresistíveis. À sexta-feira é dia de jantar fora, num local escolhido pelo meu filho. Quando jantamos em casa, procuramos (em caso de bom tempo) fazer uma caminhada logo a seguir.
21h45
Depois de o meu filho adormecer posso ter de responder a emails e analisar assuntos que necessitam de mais concentração. Há épocas do ano que exigem algum reforço em casa, mas por hábito tento não o fazer. Quando não tenho trabalho, posso finalmente “desligar”. Por opção não recebo os emails do hotel no telemóvel, mas tenho-o ligado 24 horas.
O Gordon Ramsey é um Sherlock Holmes da hotelaria. Eu também acho que há sempre uma saída.
00h00
É quando consigo apagar a luz, mas antes disso passo quase sempre pela SIC Mulher, FOX ou Radical, os meus canais favoritos. Procuro não perder o Do You Think You Can Dance?, o Hotel Hell e o Kitchen Nightmares, do Gordon Ramsey. Também adorava chegar aos hotéis e ajudar a mudar e a resolver os problemas que têm. Para mim ele é uma espécie de Sherlock Holmes da hotelaria. Admiro a fibra que ele tem em não desistir. Eu também acho que há sempre uma saída. Gosto muito destes programas em que a força da equipa marca a diferença. Desde jovem, gosto da liderança e de trabalhar em grupo, aproveito sempre as sinergias e os diferentes potenciais de cada elemento para crescermos em conjunto. A união motiva-me!