Ao perguntar a diversos profissionais se têm tido a possibilidade de fazer networking, a resposta é geralmente negativa. A que se deverá este facto? Falta de tempo, dificuldade em estabelecer contactos com desconhecidos ou eventualmente outro factor qualquer?
No início da minha carreira em Portugal, no grupo Johnson & Johnson (J&J), senti a necessidade de criar um pequeno grupo de quatro colegas de outras empresas, que tal como eu estavam também a assumir as funções de Trade Marketing Manager. Em 1990 esta função estava a dar os seus primeiros passos e era muito útil trocarmos impressões sobre o seu conteúdo. Com alguma regularidade agendávamos os nossos almoços de trabalho e sentíamos a importância dos mesmos. Isto é simplesmente networking. A sua vantagem é permitir um conhecimento mais profundo e alargado para uma decisão mais ponderada.
Sem a minha rede de contactos não teria tido conhecimento do espaço onde tenho hoje o meu escritório. Esta possibilidade não estava em nenhuma imobiliária
O network, ou rede de relacionamentos, é estabelecido com pessoas com quem temos um denominador comum e que não fazem parte do círculo mais restrito de relacionamentos (família, amigos). Exige um esforço inicial de aproximação e continuado de “dar e receber”, pressupondo uma relação de equilíbrio entre os diversos intervenientes. Algumas vezes, pessoas que conhecemos num contexto de networking acabam por se tornar amigos, outras vezes mantêm-se como “conhecidos”.
Temos possibilidade de estabelecer network em vários âmbitos: ex-colegas de faculdade, ex-colegas de determinada empresa onde trabalhámos, pais de alunos a frequentar o mesmo estabelecimento de ensino que os nossos filhos, vizinhos, etc.. E o network pode ter os mais variados benefícios. Por exemplo, em dezembro de 2014 “descobri” o espaço em que a minha empresa está hoje através de uma ex-colega da Johnson & Johnson, com quem tenho mantido contacto regular, e que conhecia bem outra ex J&J que trabalha neste edifício. Esta possibilidade não estava em nenhuma imobiliária e sem esta rede de relações, nunca teria tido conhecimento da disponibilidade deste espaço.
Uma rede de contactos alargada é útil quando precisa de saber como funciona um determinado setor ou função
A empresa que fundei, ELPing Organizational Fitness, tem organizado encontros de directores de Recursos Humanos com a finalidade de proporcionar network, para além de dar ferramentas para uma melhor gestão do tempo e consequentemente mais qualidade de vida. Na maior parte dos casos ninguém se conhecia previamente…
Recomendo frequentemente às pessoas que me pedem aconselhamento sobre as suas carreiras que procurem conhecer como funciona um determinado sector do mercado ou função. Um network alargado é especialmente útil nestas ocasiões: na realidade, nada melhor do que conversar com duas ou três pessoas do sector / função para entender o contexto, principais oportunidades, ameaças, forças e fraquezas.
Mas como fazê-lo? Uma das ferramentas mais úteis para desenvolver o network é o Linkedin, que permite estabelecer novos contactos e alimentar os existentes. Partilhar com os seus contactos do Linkedin artigos ou reflexões que lhes possam interessar poderá ser uma forma de manter visibilidade nesta plataforma.
Organize a sua vida para aceitar o próximo convite que receber para eventos do seu setor. É uma oportunidade para conhecer pessoas
Participar em eventos do setor, seja como orador ou como participante, também permite conhecer num mesmo local várias pessoas relevantes. Provavelmente recebe muitos convites que lhe permitiriam alargar o seu network e tem por hábito desperdiçar estas oportunidades. Gostaria de lhe deixar o desafio de organizar a sua vida, a fim de aceitar o próximo convite que surgir. Quem sabe que pessoas poderá conhecer, o que poderá aprender, ou que novas ideias ou oportunidades poderão surgir?
Investir continuamente em alargar a sua rede de contactos poderá permitir-lhe atingir o nível em que “it is not so much who you know, but the people that know you“.
Eduarda Luna Pais estudou Tecnologia Médica e fez um MBA na Northeastern University, nos Estados Unidos. Fez carreira na Johnson & Johnson antes de se tornar consultora e depois partner na empresa de executive search Egon Zehnder. Em 2009 fundou a ELPing Organizational Fitness.
