Texto de Paulo Neto, coach executivo e de equipas, agile coach e fundador da Building Bridges
Há alguns anos organizava um encontro de amigos a que chamava “Manhãs de Silêncio”. Eram momentos muito especiais em que quem vinha partilhava a sua presença e o seu silêncio num espaço de privilégio, a Serra da Arrábida.
No final de cada encontro fazíamos uma pequena roda para que cada um pudesse partilhar o que fazia sentido para si. Num desses encontros um dos participantes começou a agradecer-me a organização o que me fez sentir um pouco desconfortável. Interrompi dizendo que não era preciso… a Filomena, respondeu-me “Paulo, precisas de aprender a aceitar o agradecimento”.
Aquelas palavras ecoaram em mim de tal forma que nas horas seguintes reflecti sobre o seu significado. Foi importante, percebi que ao não deixar agradecer estava a impedir o prazer de agradecer e de partilhar e por consequência também eu não podia retribuir o agradecer.
Estar grato, sentirmo-nos agradecidos por algo é gerador de bem-estar e felicidade. A gratidão é fonte de felicidade. Na sociedade em que vivemos agradecemos cada vez menos e exigimos cada vez mais. Ao não agradecer não valorizamos e vai-se perdendo a noção daquilo que temos. Ao continuar neste sentido arriscamos perder a noção do quanto essas pequenas coisas são importantes nas nossas vidas.
As coisas mais importantes na vida não têm valor em euros… um abraço do nosso amigo vale quantos euros?
Naquela manhã compreendi e senti a relevância de aceitar e agradecer. O pequeno agradecimento é uma retribuição que provavelmente será importante para quem recebe, mas também para quem tem o prazer e o privilégio de agradecer por algo. Estamos a gerar um pequeno momento de felicidade entre pessoas que nos aproxima e nos torna mais humanos.
Numa sociedade cada vez mais desumanizada a importância destes pequenos gestos é cada vez maior. Para ser mais feliz e gerar felicidade nos outros basta “apenas” retribuir sobre a forma de agradecimento.
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