José António de Sousa: O SNS vai mesmo rebentar e todos os partidos da Assembleia da República são responsáveis

José António de Sousa, colunista da Executiva, escreve sobre o caminho que o SNS está a tomar e de quem é a responsabilidade.

José António de Sousa fez a maior parte da sua carreira na liderança de multinacionais no estrangeiro.

José António de Sousa é gestor aposentado depois de quatro décadas na liderança de multinacionais de seguros.

 

Um amigo meu de Lisboa, que se especializou em atender e vender serviços e produtos (seguros vários entre outros) a clientela estrangeira que quer vir viver para Portugal, disse-me recentemente que os cidadãos que mais o procuravam nestes últimos 2 anos eram os de nacionalidade americana.

Confirmou-se assim aquilo que já tinha ouvido de amigos que trabalham no mercado imobiliário na região de Vilar de Mouros / Caminha, e que se regozijam com a procura crescente de imóveis por parte de cidadãos americanos.

Eu comentei que até entendia a razão pela qual os reformados dourados europeus (nórdicos, franceses, e até russos ”de origem sefardita portuguesa” como Abramovich, etc.) escolhiam o nosso país para viver (ou fazer de conta que vivem, basta passar aqui mais de 180 dias, mesmo espaçados, por ano, para ter estatuto de residente fiscal), pois ficavam sem pagar impostos durante 10 anos (isto para um francês que chega a ter 75% de taxa de IRS é obra…), e depois ficavam a pagar uma “flat rate” de 20 % de aí em adiante.

Esta situação é um escândalo e um insulto para quem contribuiu em Portugal ao longo de toda a vida a pagar impostos para sustentar a corja que desbarata sistematicamente de forma irresponsável, consciente ou inconscientemente, o Orçamento do Estado em Portugal.

Estes turistas com Visto Gold e reformados dourados nunca pagaram um centavo de impostos em Portugal (a não ser as taxas taxinhas quando compram imóveis ) e ficam numa posição privilegiadíssima em relação aos pobres contribuintes portugueses, que pagam uma vida inteira impostos a uma taxa infinitamente superior, mesmo ganhando ordenados ou reformas miseráveis.

Ora bem, o meu amigo explicou-me que há 3 razões fundamentais pelas quais um número crescente de americanos está ávido por mudar-se para Portugal.

1) O primeiro motivo, e eu nunca teria pensado nisso (alvitrei fiscalidade e segurança) é para poder usufruir do Serviço Nacional de Saúde português, tendencialmente universal e gratuito para todos os portugueses que o financiam ao longo de toda a sua vida com os seus impostos, mas TAMBÉM para todos aqueles estrangeiros que obtêm do SEF o estatuto de residentes !!!!

Ora os americanos têm uma situação gravíssima com o seu sistema de saúde. A esmagadora maioria não consegue pagar o seguro de saúde, procuram empregos em que seja o empregador a pagar a apólice de seguro, mas, quando os limites de cobertura são baixos, ou a pessoa perde o emprego, ficam sem cobertura e sem atenção médica. Como dizia o meu amigo, há pessoas que quando saem do hospital já perderam a casa. Terão que a vender para cobrir os gastos médicos!

Sim, minha gente, ficam a saber aquilo que os nossos legisladores também deviam saber e corrigir, estes amigos vêm para cá com a familia, nunca pagaram um quinto de impostos em Portugal, e passam a ter serviço de saúde universal e integralmente gratuito no SNS, assim diz a Constituição irresponsável e primitiva que temos, feita há mais de 45 anos, e que nunca foi ajustada verdadeiramente para refletir os tempos que vivemos, e a forma em como a sociedade evoluiu.

Conheço cidadãos nacionais que custam ao SNS uns milhares de euros por mês em medicação especial para o cancro por exemplo, e que tomam isso com a maior naturalidade (mas contribuíram ao pagar toda a vida os seus impostos), e que nos EUA provavelmente já estariam mortos, sem possibilidade de pagar a fatura do próprio bolso. Estes tratamentos e medicamentos comparticipados, que seriam proibitivos nos EUA, e muito provavelmente nem seriam cobertos pelos seguros médicos, passam a estar acessíveis, “à borliú” , como cá se “soi” dizer, instantaneamente a todos os estrangeiros residentes.

Portanto, um alerta aos irresponsáveis que legislam, e aos ainda mais que nos governam, se não fizermos com urgência uma revisão das normas de cobertura do SNS, e das normas de concessão de residência a estrangeiros, arriscamo-nos seriamente a falir o SNS ainda nesta década ! A quantidade de gente de PALOPS e mesmo de outros continentes que vem para cá ter filhos, ou tratar-se, sem nunca ter contribuído para o sistema, está em aumento exponencial. Um país que tem 50% da população no limiar da pobreza, e paga os impostos mais altos da Europa, não pode continuar a financiar a entrada maciça de novos doentes no SNS, que não contribuíram para financiar o sistema.

Estão a decorrer periodicamente “webinars” que ensinam aos estrangeiros como vir usufruir do sistema. Isto está a espalhar-se como o fogo nos bosques da California. Ou o SNS entra em colapso financeiro, ou terão de aumentar ainda mais os impostos. Um recordatório público urgente para os nossos deputados: “The is no such thing as public money, there is only taxpayers money”, dizia Margaret Thatcher, em 1983. Façam o vosso trabalho !

2) A segunda razão da vinda dos cidadãos americanos para Portugal é efetivamente a segurança ! Sobretudo os pais com filhos pequenos em idade escolar estão aterrorizados com o ambiente insano que se vive nas escolas, e a crispação na sociedade americana, dividida em metades iguais desde que Trump surgiu na cena política como uma maldição satânica de crispação, de falta de ética, e de idolatração da mentira. Outra informação que me deixou de queixo caído é a de que um número crescente de alunos vai para a escola com uma mochila blindada, para os proteger de tiros disparados pelas costas quando vão a fugir, e dentro da mochila levam uma placa, blindada também, que lhes permite cobrir a cabeça caso um louco ataque a escola a tiro quando estão na sala de aula… Pais portugueses, se não sabiam o privilégio que é ter os vossos filhos a frequentar escolas decentes, seguras e normais em Portugal, regozijem-se e ajudem a preservar o nosso sistema de ensino público dentro dos mais elevados parâmetros de qualidade e de gestão ! Os americanos que para cá vêm agradecem, já que para vocês provavelmente isso é ”obrigação do Estado”.

3) A fiscalidade é a terceira razão, mas não é tão importante para os americanos, até porque a AT deles (IRS) não “larga o osso”. Mesmo residindo cá eles não se livram de pagar impostos lá (faz-se o acerto, para não haver dupla tributação). Para passar a ser residente fiscal em Portugal, teriam que prescindir da nacionalidade, o que nenhum quer. Ser americano por nacionalidade ainda dá um certo prestígio internacional nos países civilizados, sendo certo também que é um risco agravado quando se cai nas mãos das pessoas erradas…

Contrariamente aos cidadãos de outros países, como os britânicos, que para cá vêm usufruir do sistema público universal e gratuito do SNS assim sem mais, os americanos são mais seletivos e conscientes e compram um seguro de saúde em Portugal (custa “peanuts“ comparado com o deles), complementar ao SNS. Para a parte ambulatória, altamente recomendável. Para questões realmente sérias e urgências, usam o SNS, até porque na esmagadora maioria dos seguros de saúde que os portugueses têm dinheiro para comprar, os limites de cobertura contratados esgotam-se rapidamente quando se tem tratamentos de cancro, ou cirurgias, a fazer .

Fica o alerta dado, pois tenho a certeza que há muita gente em Portugal que ignora que se está a abrir o SNS sem qualquer filtro ou restrição a milhares e milhares de cidadãos estrangeiros, residentes legais é certo, mas que não contribuiram para financiar o sistema. Serviço que é pago com os impostos dos lumpen-proletarios deste país.

Fátima Felgueiras, excelente tema para um programa sério de investigação (se não houver censura). Aos Cavaleiros do Apocalipse wokes, aos adeptos da cultura de cancelamento, e aos “pides“ do politicamente correto, atenção, não voto e nunca votarei no Chega. Mas que já estou farto de irresponsabilidade, falta de bom senso, incúria, inação e mediocridade, de todo o espectro político na Assembleia da República, lá isso já.

 

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