Gritar no local de trabalho revela uma atitude pouco profissional, independentemente de quem é e da função que ocupa dentro da organização. Além de mostrar perda de compostura por parte de quem grita, muitas vezes, a situação torna-se desconfortável e embaraçosa, especialmente se acontecer em público, frente a pares ou superiores.
Mas, quando se trata de um chefe, a situação muda de figura. Para ele, gritar pode ser a forma de comunicação mais eficaz naquele momento porque se encontra numa situação de superioridade, mas na verdade, para si, o mais provável é que seja uma forma de comunicação desajustada e agressiva. Encontra-se em inferioridade e isso pode deixá-la sem saber como reagir, receando as consequências. Então, o que deve fazer?
Em primeiro lugar, é importante tentar perceber de que tipo de situação se trata, ”se é pontual ou um padrão de comunicação habitual do chefe com os seus colaboradores”, diz Paula Gonçalves Pereira, coach profissional e líder do Comité de Comunicação e Marketing da ICF Portugal, com quem falámos a propósito deste tema.
Quando confrontada com um padrão de comunicação desajustado por parte do seu chefe, ter uma conversa com ele, a sós, pode ser benéfico. Escolha um momento mais calmo e oportuno para partilhar o impacto que o tipo de comunicação dele teve em si, referindo o que gostaria que acontecesse para que a comunicação se torne mais eficaz. “Caso faça esta escolha”, diz Paula Gonçalves Pereira, “poderá surpreender-se com a eficácia de uma conversa franca, em privacidade. Pode até acontecer que o seu chefe não altere o padrão de comunicação com os outros, mas consigo seja mais cuidadoso.”
Se está perante um episódio pontual, tente analisá-lo de “cabeça fria” para encontrar a causa desse comportamento, refletir e evitar que se repita. “Pode também concluir que se tratou de uma explosão emocional desencadeada por frustração face a uma ocorrência que não dependia de si”, salienta a coach.
Por outro lado, se é algo recorrente e o seu chefe apenas grita consigo, relembre as situações em que isso aconteceu e tente perceber o que está a acontecer na dinâmica da relação para que tais abusos se sucedam. “Tente também perceber se é só o chefe que tem este comportamento ou se identifica outras pessoas que se comportam assim consigo. As conclusões a que chegar vão ajudá-lo a identificar o que pode alterar na sua forma de comunicar, que inspire maior respeito por si”, conclui Paula Gonçalves Pereira.
Quer se trate de um episódio único ou de uma situação que já se repetiu no passado, é importante manter a compostura, evitar reagir como o seu chefe e tentar chegar a uma resolução através de um diálogo calmo com intervenções claras, mas assertivas.