Se já fez networking, com certeza sabe que as normas sociais neste género de eventos são diferentes das do dia-dia. Por exemplo, dirigir-se a um grupo de desconhecidos e apresentar-se é uma atitude totalmente aceitável, tal como convidar recém-chegados a juntar-se à conversa.
Porém, quer já tenha ou não participado em encontros deste tipo, muitas das vezes o nervosismo instala-se e pode dar por si ou a evitar interações, mexendo no interior da sua mala ou olhando para o telemóvel, ou a declinar convites, acabando mesmo por não estar presente nos eventos por se sentir nervosa e ter dúvidas sobre como deve interagir. Aliás, neste tipo de eventos, o telemóvel acaba por ir além da sua utilidade original. Mais do que uma ferramenta de comunicação e de trabalho, é também um meio de evitar falar com os outros. Segundo a Kaspersky Lab, 75% dos utilizadores portugueses recorre aos seus dispositivos móveis para se fingir ocupado e evitar interações.
Num artigo para a Ellevate Network, Chloe Carmichael, psicóloga clínica, responde a três questões, que provavelmente já lhe passaram pela cabeça a meio de um encontro de networking ou a impediram de participar num, explicando como superar o nervosismo nesses momentos, para que não tenha nem de voltar a esconder-se atrás do telemóvel ou de recusar convites.
E se o tema do evento não for o do meu ramo de atividade/área de interesse?
Não pode pensar nos eventos de networking como uma forma de “gratificação instantânea”, explica Carmichael. Se os participantes não pertencerem ao seu ramo de atividade, não há problema. Existe sempre a possibilidade de eles conhecerem alguém que lhe seja útil e vice-versa. Ao ajudar outras pessoas, estas possivelmente irão retribuir-lhe mais tarde o favor. Como refere Carmichael, pode apenas ser vantajoso a médio/longo prazo, mas é uma das melhoras formas de construir uma rede de contactos profissionais diversificada, ao mesmo tempo que satisfaz a curiosidade pessoal e se desenvolve enquanto pessoa. Tenha também em mente que as pessoas podem mudar de carreira, incluindo você, e que os contactos que fizer agora podem ser muito úteis no futuro.
E se ficar retida a falar com alguém?
Uma vez que os eventos de networking têm regras diferentes das do dia-a-dia, nada a impede de terminar uma conversa, mesmo que tenha sido apenas uma breve troca de palavras, sem parecer indelicada. De acordo com a plataforma Undercover Recruiter, o ideal é conversar com uma pessoa durante 5 a 10 minutos e depois passar para a seguinte. Por isso, se precisa de se “libertar” da conversa que está a ter, Carmichael sugere que verbalize o porquê de estar presente no evento. Agradeça o contacto e explique que quer misturar-se na multidão e falar com outras pessoas.
Outra alternativa sugerida pela psicóloga é sorrir para alguém que esteja a passar e estender o braço para que se possa apresentar e convidar a pessoa a juntar-se à conversa. A partir desse momento pode focar a sua atenção no recém-chegado ou, caso este inicie conversa com alguém do seu grupo, pode aproveitar a deixa para ir embora e juntar-se a outras pessoas. Se quiser, em ambas as situações, pode trocar cartões de visita com os participantes, contudo, apenas deve fazer a promessa de entrar em contacto se tiver realmente intenções de a cumprir.
Quando e como devo fazer follow-up?
Estabelecidas as relações, após o evento, é fundamental fazer follow-up, seja via LinkedIn ou por email, onde expressa que teve prazer em conhecer a pessoa. Pode até mesmo usar essa expressão (“Prazer em conhecê-la/lo no evento XYZ”) no campo de assunto da mensagem. Carmichael aconselha também a fazer uma verificação regular à sua lista de contactos e às mensagens trocadas para perceber quais as ligações que valem a pena manter e em que deve investir. De acordo com a especialista, uma forma eficaz de o fazer é convidando o seu novo contacto a participar consigo noutro evento de networking.
Num artigo para a plataforma The Balance Careers, Alison Doyle, especialista em carreira, sugere outra opção de follow-up. Experimente mencionar no email uma conversa ou tópico que tenha discutido com o seu novo contacto durante o evento. Uma referência rápida à conversa que tiveram vai ajudar a pessoa em questão a reavivar a memória. Mas não se esqueça de ser rápida. Doyle recomenda que o follow-up seja feito, no máximo, 24 horas depois de ter travado conhecimento com o seu novo contacto.