Virgínia Abreu: “Não se deve criar encargos quando se criam negócios”

Quis ser advogada ou jornalista, mas a pressa de ser independente levou Virgínia Abreu a um primeiro emprego na indústria têxtil. Daí até lançar a sua empresa foi um passo. A Crispim Abreu soube crescer à sombra de grandes empresas como a Inditex, sobreviveu à concorrência asiática e hoje dá emprego a 300 pessoas.

Virgínia Abreu, co-fundadora e CEO da Crispim Abreu.

Filha de pais fotógrafos, o sonho de Virgínia Abreu passava pela advocacia ou pelo jornalismo, mas como queria tornar-se independente o mais cedo possível, colocou a faculdade de lado e aceitou um emprego numa empresa têxtil, o que acabaria por lhe ditar o futuro. Habituou-se a fazer um pouco de tudo, aprendeu sobre o negócio e, quando decidiu lançar-se nesta indústria com o marido, já sabia com que linhas se cosia. Um dos seus princípios é não contrair dívida para lançar um negócio e por isso a Crispim  Abreu começou modestamente, com três funcionárias, um motorista e uma mesa de corte. Mas nunca lhe faltou ambição, de tal maneira que, quando a Inditex dava os primeiros passos e Virgínia Abreu foi a Espanha para lhes mostrar o que fazia, não levava apenas amostras na bagagem, mas, também, alguns nomes importantes como clientes. Compreende-se, assim, o grande carinho que nutre, ainda hoje, pela Inditex, da qual começou por receber encomendas de 1500 peças e que agora podem ultrapassar as cem mil. Fornece, também, outras marcas importantes, designadamente, Purificacion Garcia, Agatha Ruiz de la Prada e Comptoir des Cotonniers.

A Crispim Abreu é uma das têxteis portuguesas que sobreviveu à concorrência asiática, porque a sua fundadora nunca baixou os braços. Apostou nos argumentos que tinha — rapidez da produção, qualidade e design — para se distinguir dos novos concorrentes e diz que, graças a esta estratégia, só perdeu os clientes que compravam o produto mais básico.

Gosta de acompanhar o desenvolvimento das coleções e de passar o dia no chão da fábrica, de tal forma que o marido já lhe disse várias vezes que não vale a pena ter um gabinete. Mas Virgínia sabe que é preciso estar perto das pessoas para sentir o seu estado de ânimo e poder motivá-las quando mais precisam.  

É apaixonada pelo que faz e não deixa morrer os sonhos mais antigos. Quando os filhos foram para a faculdade, seguiu-lhes os passos e licenciou-se em Direito. Não foi fácil, mas a sua persistência e a ajuda dos que a rodeiam permitiram-lhe terminar o curso com média de 13 valores. Hoje tem os filhos ao seu lado na empresa, que conhecem bem desde pequenos. “Cresceram na fábrica e com as empregadas”, reconhece a empreendedora sem remorsos, acrescentando que não há supermulheres; não há quem consiga fazer tudo. Apesar de algumas diferenças de opinião, típicas da diferença de idades e de experiências, é com orgulho que os vê começar a tomar conta da empresa que construiu com o marido.

Leia a entrevista completa de Virgínia Abreu, e de mais nove empreendedoras, no livro O Sucesso Não Cai do Céu, de Isabel Canha e Maria Serina. Compre-o aqui.

 

 

 

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