A Google é acusada pelo governo norte-americano de praticar ” desigualdades salariais sistemáticas ”, ou seja, de pagar menos às suas funcionárias do que aos homens nas mesmas funções. A questão está a ser investigada pelo Departamento do Trabalho, que abriu um processo contra a gigante da Internet em janeiro passado.
Segundo responsáveis daquele departamento, os dados reunidos apontam para o facto de a empresa violar leis federais do trabalho no pagamento de salários a mulheres. “Encontrámos disparidades salariais sistemáticas contra as mulheres, praticamente em toda a força de trabalho da empresa”, disse Janette Wipper, diretora regional do Departamento do Trabalho (DT), testemunhando num tribunal de São Francisco, a 7 de abril, e citada pelo jornal britânico The Guardian. Uma das advogadas daquele organismo governamental disse que, apesar da investigação não estar ainda concluída, “existem provas convincentes de uma discriminação salarial muito significativa contra as mulheres, nos postos de trabalho mais comuns da sede da Google”, acrescentando que essa disparidade é “bastante extremada, até para os padrões deste setor”.
Por ser uma empresa contratada pelo estado norte-americano a nível federal, a lei dita que seja obrigada a disponibilizar cópias de toda a sua informação relacionada com leis de igualdade de oportunidades de trabalho. O DT exige à empresa acesso aos registos de remuneração e registos dos funcionários (relacionados com matéria salarial) e acusa a empresa de se recusar a entregar esses dados, o que levou à abertura do processo.
A Google nega veementemente as acusações e argumentou através de um porta-voz que “entregou centenas de milhares de registos” àquele organismo e que as acusações formalizadas no processo são “exageradas”, revelam informação confidencial ou violam a privacidade dos trabalhadores.
Em comunicado enviado ao The Guardian e à revista Fortune, a Google defende-se: “Discordamos veementemente destas afirmações. Todos os anos fazemos uma análise abrangente e sólida sobre o pagamento por género e não encontrámos nenhum gap salarial de género. Além de fazer uma afirmação sem fundamento de que ouvimos falar pela primeira vez em tribunal, o Departamento do Trabalho ainda não forneceu quaisquer dados ou partilhou a sua metodologia [de investigação].”
Dias antes, a 4 de abril e por altura da comemoração do Equal Pay Day, nos EUA — que pretende consciencializar para o direito das mulheres receberem salário igual por trabalho igual — a Google anunciava na sua conta de Twitter que tinha “fechado o gap das desigualdades salariais entre géneros a nível global”, e que estava a “partilhar as lições aprendidas para ajudar outras empresas a fazer o mesmo.”
O processo contra a Google vem numa época em que o setor das TI está debaixo de fogo, nos Estados Unidos, por entre acusações de discriminação de género, assédio sexual ou desigualdades salariais dirigidas a várias empresas. Em janeiro deste ano, o mesmo Departamento do Trabalho abriu um processo contra a Oracle por alegada discriminação no pagamento de salários a mulheres, afro-americanos e asiáticos.
Atualização: A Google emitiu um comunicado online no qual nega estas acusações e fala do estudo salarial que efetuou em finais de 2016 e que, segundo a empresa, concluiu não existirem desigualdades nas remunerações de homens e mulheres nas mesmas funções.