Quer tenham uma relação complicada ou até de grande proximidade, há respostas a evitar quando interage com a sua chefia. E mesmo que sejam amigos, convém nunca misturar ambas as questões, para bem da empresa e da relação pessoal. A linguagem que usa com quem a dirige pode passar mensagens mais poderosas do que imagina sobre a sua atitude profissional, mesmo que não o diga com má intenção ou que nem se aperceba. Eis algumas frases comuns e problemáticas para muitos líderes — e como pode contorná-las como uma verdadeira diplomata.
“Isso não faz parte das minhas funções”
A flexibilidade e polivalência são duas aptidões muito valorizadas no mercado de trabalho. Dar este tipo de resposta até pode evitar-lhe trabalho extra, mas também pode impedi-la de progredir na sua carreira, catalogando-a como alguém que não está disposta a ir além das suas responsabilidades — ou pior, alguém que se acomodou e que não gosta de colaborar, diz a coach de carreira Abby Wolfe num artigo para o site The Muse. Por isso, analise se aquilo que estão a pedir não pode ser uma forma de mostrar que os seus talentos não se limitam áquilo para a qual a contrataram.
Se não for esse o caso, há uma forma de responder de uma forma mais diplomática. Em vez de dar a ideia de que é demasiado competente para realizar a tarefa aborrecida ou pouco qualificada, justifique-se com a sua agenda de tarefas cheia. “Teria todo o gosto em puder ajudá-la/lo, mas se o fizer não vou conseguiu entregar aquele outro projeto a tempo” ou “Como posso ajudá-la dentro deste tempo que tenho disponível?”, aconselha ainda Wolfe.
“Não foi essa a mensagem que me passou!”
Os mal-entendidos e erros de comunicação interna entre as equipas são mais comuns do que possamos pensar e quem está na liderança não está livre de se enganar. A menos que tenha provas documentadas de que não foram essas as instruções que recebeu, não compre essa briga, aconselha o site Fast Company num artigo sobre o tema. E mesmo que tenha as provas em seu poder, seja diplomata. Reencaminhe à chefia o email que recebeu com instruções, ou mostre-lhe a documentação/informação que tem em seu poder e diga antes: “Desculpe, mas estava a seguir à risca aquilo que me indicou. Explique-me, por favor onde está o erro; vou corrigi-lo o quanto antes.”
“Isso vai ser impossível…”
O seu responsável direto quer ver da sua parte uma atitude positiva e de confiança e, muitas vezes, esta frase surge como defesa por falta de convicção de que somos realmente capazes de superar desafios grandes. Em vez disso, pode ser mais vantajoso preparar logo ali um plano de ataque, com a ajuda da chefia: qual a estratégia, de que recursos dispõem, quantas pessoas serão precisas além de si para completar tudo em tempo útil.
Outra situação que se enquadra neste ponto é quando o chefe dá uma ideia que já sabe que não vai funcionar. Pode sempre explicar-lhe porquê, apresentando dados concretos ou, melhor ainda, sugerir: “Posso dar uma ideia? Porque não tentamos antes assim?”, lembra a autora de assuntos de carreira, Sarah McCord, num artigo para o site The Muse.
“Nesse prazo não consigo”
Imagine que lhe pedem para completar um relatório extenso para esse mesmo dia. Explicando o tipo de trabalho e tempo que isso implica, poderá tentar responder qualquer coisa como: “Consigo entregar-lhe uma primeira parte ainda hoje; o restante fica já marcado como prioridade logo para amanhã de manhã”. Também pode pedir ao seu chefe para a ajudar a estabelecer prioridades para que tudo seja mais eficaz, aconselha Sarah McCord. Demonstra uma atitude muito mais positiva e proactiva.
“Vou tentar”
Pode até parecer a melhor resposta a dar na altura, face um desafio em que não tem a certeza de ser bem-sucedida, mas dizer que “vai tentar” é uma demonstração de falta de confiança nos seus recursos para levar a cabo uma tarefa, com sucesso. A jovem empreendedora Juliana Oliveira, líder da Olimec, a empresa de metalomecânica que fundou há quase três anos na Maia, costuma dizer que esta é uma das frases que menos tolera ouvir na sua empresa. Por isso, não perde uma oportunidade para corrigir e “evangelizar”, como ela diz, os seus colaboradores no sentido de eliminarem a expressão do vocabulário. “Respondo sempre: ‘Não vais tentar, vais conseguir!’ Agora já são os colegas que o dizem uns aos outros”, contou recentemente numa palestra sobre empreendedorismo.
“A culpa não é minha!”
Por mais injusto que possa parecer, as empresas e chefias atuais não estão muito interessadas em saber se a culpa é sua ou de um colega — querem resultados e acreditam que tudo isso é uma perda de tempo que só atira a equipa para uma discussão cheia de desculpas estéreis. “Mostre-se antes disponível para encontrar uma solução, em vez de atirar a culpa para cima de outra pessoa — especialmente se tiver um cargo de gestão”, disse ao Business Insider Andrew Bailey, CEO de uma empresa norte-americana de coaching. Os diretores valorizam colaboradores que se mostrem como solucionadores e pessoas criativas.
“Não sei…”
Não podemos ter sempre a resposta para todas as questões ou problemas, e isso é perfeitamente normal, mas este tipo de resposta não a faz parecer bem na fotografia. Se for apanhada fora de pé por quem a dirige, experimente uma abordagem mais pro-ativa e profissional, como recomenda Jodi Glickman, especialista em comunicação e desenvolvimento de competências de liderança, à Business Insider. Em vez disso experimente outra abordagem: “Isto é o que eu sei sobre esse assunto, o que eu não sei é isto e esta é a forma como planeio descobrir ou arranjar uma solução.”