Há alguns dias, a astrónoma norte-americana Nicole Gugliucci decidiu fazer um tweet sobre um fenómeno muito irritante que estava a acontecer às amigas: uma mulher dá uma ideia e é completamente ignorada pelos seus pares; pouco depois, ouve um homem repetir exatamente o mesmo pensamento como se fosse da sua autoria e, de repente, toda a gente adora. Em pouco mais de uma semana teve mais de 68 mil retweets, o que prova que muita gente se reviu naquela situação. “As minhas amigas inventaram uma nova palavra: hepeated.”
O termo em inglês, uma contração das palavras “he” e “repeated” (qualquer coisa como “repetido por ele”), descreve uma prática que traduz bem os enviesamentos inconscientes que ainda subsistem em algumas culturas empresariais relativamente à participação feminina em reuniões de trabalho. Gugliucci recebeu muitas respostas de mulheres à sua publicação de Twitter, relatando que isto lhes acontecia diariamente, tanto no trabalho como na vida social.
O “hepeating” é só mais um neologismo a juntar a tantos outros que descrevem comportamentos sexistas, escreve Lindsay Dodgson num artigo para a Business Insider. “Já existe o ‘mansplaining’, que acontece sempre que um homem lhe explica qualquer coisa de forma condescendente, e o ‘manterrupting’, quando ele literalmente começa a falar por cima de si, cortando-lhe a palavra.”
De forma a combater esta prática, muitas mulheres e homens empenhados em mudar o cenário dos enviesamentos de género nas empresas — que são feitos, muitas vezes, de forma inconsciente, mas que não deixam de traduzir crenças enraizadas — optam por repetir e salientar os pontos-chave referidos por mulheres em reuniões de trabalho, dando imediatamente crédito à sua autora, para que todos fixem as contribuições mais relevantes e quem as fez.