Rita Gonzalez começou a sua carreira como analista financeira do Banco Finantia, em 1997, logo após terminar a licenciatura em Economia, na Universidade Nova de Lisboa. Ao longo de três anos, ocupou ali outras funções, como analista de projeto e Institutional Fixed Income Sales.
Em 2000 passou a integrar a equipa do Banco Espírito Santo de Investimento, primeiro como Institucional Equity Sales, para Portugal e Espanha e, dois anos depois, como Institucional Senior Sales para as regiões de França, Suíça e Londres. Em setembro 2015, com a venda do banco ao grupo Haitong, assumiu as funções de Head of Corporate Access até abril de 2017, altura em que decidiu sair e fundar uma consultora financeira, aproveitando os seus mais de 17 anos de carreira na banca de investimento. Desde então, já trabalhou com clientes como a EDP, REN, Sonae, BME, Iberdrola e Ferrovial no seu posicionamento no mercado de capitais.
“A maior decisão que tomei na minha carreira foi ter decidido sair do banco onde trabalhava há 17 anos. Estava a decorrer um plano de restruturação e por isso achei que era a melhor altura para sair. Acho mesmo que já posso afirmar que foi a melhor decisão da minha vida.
Confesso que foi muito difícil na altura. Por um lado, porque foi o banco onde praticamente me criei profissionalmente e onde construí grandes relações pessoais e profissionais – tínhamos uma equipa única, muito cúmplice. Por outro, quando decidi sair não tinha ainda alternativa, nem plano pensado, o que me deu medo. O facto de o meu marido também trabalhar no banco contribuiu para a minha decisão — era prudente um de nós sair. Mas algo me dizia – confio muito na minha intuição –, que era a altura da grande mudança. E assim foi.
Os princípios são sempre difíceis e tudo o que é novo desafia-nos. O facto de estar no mesmo sítio há muito tempo fez com que a saída da minha zona de conforto tenha sido muito complicada, a nível de autoestima, de procura de alinhamento interno e externo, ou seja, impacto total e absoluto no meu ser. No meu caso, e sem plano B, tive que repensar no meu reposicionamento profissional. Estive alguns meses parada e quase em estado de observação/contemplação, o que foi muito importante para a minha escolha.
Segundo os meus padrões históricos, tudo indicaria que iria continuar a trabalhar para outrem. Mas afinal não era isso que estava destinado. Passado uns meses, em 2017, formei a minha empresa, a RG Consulting, uma consultora financeira independente que apoia empresas cotadas no seu posicionamento no mercado de capitais, no sentido de identificar o targeting certo de investidores institucionais.
Nesta altura aconteceu também a mudança da diretiva europeia que rege o mercado de capitais, a DMIFII, um momento novo e complexo que decidi aproveitar, utilizando a minha experiência acumulada na área da banca de investimento. Esta decisão trouxe um impacto revolucionário na minha vida profissional, mas também pessoal. Hoje, tenho uma força que sai de mim, uma vontade de dar o meu melhor que antes não existia — ou melhor, que estava muito apagada. Para mim, hoje em dia o meu potencial é o mundo e isso dá-me uma alegria, uma energia e uma adrenalina, que obviamente contagia o meu lado pessoal. Podemos encarar uma mesma situação como um problema ou como uma oportunidade. É a história do copo meio cheio, ou meio vazio – eu pessoalmente, identifico-me com o meio-cheio!
Penso que o meu maior erro foi deixar-me vezes demais na minha zona de conforto e não ir mais além. Isso não é bom nem motivador. Nem sempre é fácil, mas é sempre possível mudar este “modus operandi” — tento sempre aproveitar os meus erros como meio para aprender algo. Apercebi-me disto quando saí do banco e me afastei. Consegui ter uma perceção mais imparcial da realidade e apercebi-me que houve coisas que não fiz por medo de falhar, por medo de ser julgada e pelo conforto que julgava ter. A vida está sempre em movimento, a todos os níveis e temos que de aproveitar esse movimento para darmos o que temos de melhor.
Como disse Charles Darwin, ‘não são os mais fortes que sobrevivem, são aqueles que têm a capacidade de se adaptar melhor’. É por esta mesma razão, que temos que estar preparados.
Em conclusão: ‘o pessimista reclama das mudanças, o otimista adapta-se a elas’. É essencial que cada um de nós saiba tirar proveito das alterações que a nossa vida vai sofrendo, olhando para elas com positividade. As mudanças são, sem dúvida alguma, cruciais porque nos libertam da monotonia e estagnação do quotidiano, fazendo-nos pensar out of the box.”