Numa TED que é uma ode ao empowerment feminino, Reshma Saujani parte da sua própria história de vida para apontar o dedo a uma das faces da dualidade de critérios e do preconceito de género com que a sociedade separa homens e mulheres desde tenra idade. Lembrando como, em 2012, ao candidatar-se ao Congresso de Nova Iorque, mesmo não sendo eleita, se orgulha de ter feito “aos 33 anos, pela primeira vez na vida, algo realmente corajoso, sem a preocupação de ser perfeita”, a fundadora da ONG Girls Who Code diz ser o exemplo de como “estamos educar as nossas raparigas para serem perfeitas e evitarem o risco e o fracasso”, ao passo que “os rapazes são ensinados a serem corajosos”.
Mesmo quando somos mais ambiciosas, a socialização da perfeição leva-nos a correr menos riscos nas nossas carreiras.
Enquanto muitos se afligem com o défice orçamental, Reshma Saujani confessa estar verdadeiramente preocupada com o “défice de coragem”, que ajuda a explicar que as mulheres continuem sub-representadas nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na política, nos lugares de topo das empresas e na maioria dos centros de decisão em qualquer aspeto da vida pública. Afinal, além das demais barreiras de género que permanecem por derrubar, “mesmo quando somos mais ambiciosas e confiantes, a socialização da perfeição leva-nos a correr menos riscos nas nossas carreiras”, alerta.
Nesta palestra mobilizadora que a convidamos a escutar, a ativista fala ainda da Girls Who Code, a organização que criou “para ensinar as raparigas a programar” e através da qual aprendeu uma lição maior ainda: a de que “ao ensiná-las a programar, estava a educá-las para serem corajosas”. Uma experiência que lhe mostra todos os dias que “quando ensinamos as raparigas a serem corajosas e lhes proporcionamos uma rede de apoio que as acarinha e incentiva, elas serão capazes de construir coisas incríveis”.