E se para parecer mais profissional ou avançar na carreira precisasse de esconder algumas das suas melhores qualidades? É o que aconselha Sarah Cooper, que construiu uma bem sucedida carreira de humorista nos Estados Unidos com o que aprendeu enquanto trabalhou na Yahoo! e na Google. Depois de deixar a carreira como líder de equipas de design de interfaces de utilizador, Sarah Cooper escreveu dois livros que se tornaram best sellers – 100 Tricks to Appear Smart in Meetings e How to Be Successful Without Hurting Men’s Feelings -, tem um podcast semanal, Unprofessional, e é presença regular no Finantial Times, precisamente onde escreveu uma crónica dedicada a este tema. Recorrendo à ironia, enumera as qualidades que qualquer mulher deve esconder dos colegas e das chefias, para que “uma vez sem exemplo” não se torne regra e lhe arruine a carreira.
Tomar notas
Sarah Cooper diz que basta ser boa a tomar notas numa reunião para que esta passe a ser uma tarefa obrigatória em todas as reuniões da empresa. Apesar de ser uma qualidade, vai acompanhá-la no seu próximo emprego, e no seguinte, e no seguinte, até fazer com que a sua carreira “descarrile”. Numa reunião, antes que qualquer dos participantes se sente, seja a primeira a perguntar “Quem é que pode tomar notas?”, garantindo que não será de certeza essa pessoa.
Organizar festas
Para as chefias, é mais simples pedir a uma mulher que organize uma festa no escritório do que pedir a um homem. Sarah Cooper aconselha-a a nunca transparecer que gosta de falar sobre festas, planeá-las ou até mesmo que fica empolgada por participar nelas. Esconda o entusiasmo quando alguém falar em karaoke e não mencione, por exemplo, as suas qualidades culinárias. Este é um dos raros casos em que é preferível não mostrar iniciativa, mas ao menos garante que, no futuro, será quase certo que esta tarefa não sobrará para si, desviando a sua atenção e energia do trabalho que é verdadeiramente importante para continuar a progredir dentro da empresa.
Dar dicas de designer de interiores e de moda
Para ilustrar este ponto, a humorista usa como exemplos um poderoso advogado que mostrou interesse na louça que melhor combina com a casa de banho das novas instalações da sociedade e um engenheiro sénior que fez sugestões acerca da palete de cores da farda da empresa.
“O que fazem eles atualmente?”, questiona a humorista. “Articulam-se com empreiteiros relativamente ao design do escritório e elaboram folhas de cálculo com os tamanhos das sweatshirts para os colaboradores”, ironiza.
Fazer café, encomendar comida, limpar o frigorífico
A autora de dois best sellers recomenda que lute contra qualquer vontade que tenha de se alimentar ou de alimentar os seus colegas. A humorista sugere trazer o café já preparado de casa e dizer que foi o seu marido a fazer.
“Traga refeições congeladas, desligue o frigorífico e diga a toda a gente que se estragou para que tenham de instalar um novo”, afirma. “Caso contrário, será forçada a mudar a secretária para a cozinha para que seja mais simples cozinhar e limpar”.
Dominar as redes sociais
A não ser que a sua função esteja associada a marketing digital, não revele os seus conhecimentos e potencial nesta área.
“Se o fizer, dará por si a criar ‘memes’ sugeridos pelo seu CEO às três da manhã, a acordar tarde, a perder uma chamada de um cliente importante, a ser retirada de um projeto que lhe daria mais visibilidade, a descarregar frustração no seu marido, a divorciar-se e a acabar numa aplicação de relacionamentos, incapaz de perceber naquilo em que a sua vida se tornou”, brinca Sarah Cooper.
Atender o telefone, utilizar a impressora, encomendar papel de impressão, papel higiénico ou toalhas, garantir que toda a gente preenche a papelada, resolver problemas pessoais
A humorista diz que evitar estas tarefas pode reprimir os seus instintos, mas é um sacrifício que deve fazer para que possa ter uma carreira verdadeiramente bem sucedida. “Ou, simplesmente, uma carreira”, termina.