Depois de 11 anos a trabalhar em Londres, no Reino Unido e de um percurso profissional de gestora todo-o-terreno, com etapas nas indústrias das cervejas, telemóveis, operadoras de telecomunicações, estações de televisão e comércio, Pureza Vasconcelos e Sousa regressou a Portugal como country manager da Betclic. “Foi uma das melhores decisões que já tomei”, assegura.
A Betclic é uma casa de apostas desportivas líder no mercado nacional, com uma atuação que se estende à produção de audiovisuais (através da Betclic NXT) e ao apoio à cultura (fez uma parceria com Dino Alves no âmbito do Moda Lisboa), entre outras. Em 2021 anunciou o patrocínio às Ligas Masculina e Feminina de Basquetebol – desde então designadas Ligas Betclic –, pois a sua dedicação ao desporto nacional tem englobado o seu apoio a várias modalidades desportivas de pequena e grande dimensão, regulando-se por valores e causas socialmente relevantes, tais como a saúde física e mental, equidade desportiva e sustentabilidade.
Na sua nova missão, Pureza Vasconcelos e Sousa enfrenta desafios que são comuns à maioria dos gestores, “como a necessidade de motivação e coesão das equipas, as melhorias dos processos, entre outros” e “os desafios desafios mais peculiares à nossa indústria, tais como a sustentabilidade ou o jogo responsável”.
O que a levou a estudar Gestão de Empresas?
O meu pai é engenheiro civil, mas durante a sua carreira exerceu diversos cargos de gestão, pelo que sempre falámos muito os dois sobre os problemas das empresas, dos desafios e das ideias que surgiam para os resolver. Acredito que isso tenha feito para que me interessasse desde cedo pela área de Gestão de Empresas.
Quais os principais passos da sua vida profissional?
A minha primeira experiência profissional foi na PT, seguindo-se a Unilever. Em ambos os casos ingressei em estágios na área de marketing e, ao fazê-lo, aprofundei o interesse pela área que o curso de Gestão na Católica já ia suscitando. Quando acabei o curso, comecei a trabalhar na Central de Cervejas como junior brand manager da Sagres. Toda essa experiência, recordo agora, acabou por ser uma grande escola.
Posteriormente, procurei desenvolver uma carreira internacional. Foi então que comecei a colaborar com a Nokia, na equipa de Global Consumer Insights, com base em Londres. Na Nokia, tive a sorte de trabalhar em grandes projetos, viajando por vários países, e acabei por ser chamada para trabalhar na equipa de Marketing Strategy Global.
Depois de cinco anos, um dos nossos grandes clientes, a Telefonica, desafiou-me para assumir um cargo de Gestão de Marca a nível europeu (enquanto global sénior marketing manager), também baseado em Londres, e aí tive a oportunidade de consolidar todo o meu conhecimento em Telecoms e gerir marcas incríveis como a O2 ou Movistar.
Três anos mais tarde, a Sky, que tinha lançado a ‘NOWTV’ como resposta à entrada da Netflix no Reino Unido, estava a procurar perfis um pouco mais séniors que viessem consolidar e fazer crescer o negócio. Acabei por integrar a equipa como head of brand and marketing NOWTV para o Reino Unido. Foi uma experiência incrível, já com um grande foco em digital, naquele que foi identificado pela Google como o mercado digital mais desenvolvido do mundo.
Passados 11 anos em Londres, volto a Portugal e agarro a oportunidade de ser country manager na Betclic — uma das melhores decisões que já tomei.
Desafiar aquilo que é convencional pode ser difícil. Mas esse desafio pode trazer enormes vantagens e relevar oportunidades previamente mais encobertas ou menos evidentes. E é precisamente isso que tenho tentado fazer.
Nesse percurso passou por áreas tão diferentes como cervejas, telemóveis, operadoras de telecomunicações, estações de televisão, comércio e jogo. O que une todas estas etapas?
Sei que pode não ser o mais habitual, mas para mim trabalhar em diferentes indústrias nunca foi uma questão. Na verdade, isso pode ser uma mais-valia porque levamos connosco experiências e skills para as etapas profissionais seguintes – e se essas etapas forem dentro da mesma indústria é igualmente bom.
Dito de outra forma, nas diferentes indústrias temos a oportunidade única de aportar o nosso know-how e aplicar, de modo adequado e engenhoso, estratégias e ideias que tivemos noutro sítio a uma nova realidade. A verdade é que desafiar aquilo que é convencional pode ser difícil. Mas é igualmente verdade que esse desafio pode trazer enormes vantagens e relevar oportunidades previamente mais encobertas ou menos evidentes. E é precisamente isso que tenho tentado fazer, sempre que posso. Claro que isso pressupõe algum gosto algo constante pela aprendizagem – que tenho – ou em “estar confortável em estar desconfortável”. Contudo, creio que é também nesses momentos sui generis que dou o meu melhor enquanto profissional.
O que a levou até Londres e que principais aprendizagens trouxe desse período?
Creio que pretendia “abrir as minhas asas” e ver até onde podia chegar, sem grandes tetos ou restrições. Trouxe comigo muitas aprendizagens que ainda hoje me ajudam no meu dia-a-dia. Dou como pequenos exemplos a importância do planeamento estratégico, questionarmos sempre as coisas e de termos a nossa própria visão e opinião sobre os temas, mas também de sabermos comunicar essa mesma perspetiva. Aprendi coisas muito simples e humanas, que são naturais ao longo de qualquer carreira, como o respeito pelas diferenças e pela multiculturalidade e o valor que essas singularidades podem trazer, ou o quão fundamental é escolher fazer o que está certo simplesmente porque é a coisa correta a fazer, pois existe dignidade, peso e segurança nisso mesmo.
O sentido de hierarquia ainda é muito estruturado no nosso país e é mais informal no Reino Unido, onde também é mais natural expressar livremente a opinião de cada um a nível profissional, porque é uma coisa fomentada desde a escola. Esta liberdade e questionamento são muitas vezes territórios férteis para a inovação e progresso nas empresas e é fundamental mantê-los vivos.
Que principais diferenças destaca entre trabalhar em Portugal e no Reino Unido?
Para mim, uma das principais diferenças reside no sentido de hierarquia em Portugal – que é ainda muito estruturado no nosso país e é mais informal no Reino Unido, onde também é mais natural expressar livremente a opinião de cada um a nível profissional, porque é uma coisa fomentada desde a escola. Esta liberdade e questionamento são muitas vezes territórios férteis para a inovação e progresso nas empresas e é fundamental mantê-los vivos.
De regresso a Portugal
O que a fez regressar a Portugal?
Já estava há muito tempo em Londres e esperava, então, o meu segundo filho. Comecei a pensar que, se não voltássemos naquele momento a Portugal, talvez não o fizéssemos de todo. Por isso, comecei a procurar oportunidades no país – e, de facto, pouco tempo depois estávamos de volta.
Como surgiu a proposta para liderar a Betclic?
Com a intenção de voltar para Portugal, comecei então a investigar oportunidades no país e acabei por ter uma conversa com um headhunter que me intrigou bastante e que me falou sobre a oportunidade de ser country manager na Betclic. Achei um desafio incrível, onde poderia realmente acrescentar valor e pôr em prática a minha experiência de Gestão, de Marketing, e também toda a experiência que tinha ganho em Digital – e, de facto, tenho dado muito, mas aprendido muito também, através de uma equipa incrível em termos de capacidade, dedicação, espírito de equipa e grande sentido de humor.
Qual o principal desafio que enfrenta enquanto gestora de uma empresa de apostas desportivas e como se preparar para os enfrentar?
Acho que muitos dos desafios que enfrento são comuns à maioria dos gestores, como a necessidade de motivação e coesão das equipas, as melhorias dos processos, entre outros. Mas também existem de facto desafios mais peculiares à nossa indústria, tais como a sustentabilidade ou o jogo responsável.
O patrocínio da Betclic às Ligas masculina e feminina de basquetebol, que foi feito em condições de investimento iguais para ambas as ligas, permite ter um enorme impacto no desenvolvimento deste desporto, bem como contar, através de um documentário internacionalmente premiado, a história inspiradora de luta e também de inacreditável sucesso daquele que é o primeiro português a jogar na NBA: Neemias Queta.
Quais os planos para o futuro e como se propõe alcançá-los?
Como líderes de mercado, pretendemos continuar a ser relevantes para além dos limites da nossa categoria — mais do que uma marca de casa de apostas, somos uma marca de entretenimento e, por isso, queremos continuar a contar histórias que promovam as modalidades, o desporto e os incríveis atletas que temos em Portugal. Por outro lado, também pretendemos continuar a apoiar projetos que tragam um impacto positivo à sociedade através do desporto, entrando até dentro de outros territórios, tais como a música ou a cultura — essas pontes podem e devem existir e permitirão um impacto positivo ainda maior para todos.
De que forma e com que objetivos é feito o apoio da Betclic e patrocínio ao desporto nacional?
Na Betclic, somos todos apaixonados por desporto e por isso o apoio à indústria é sempre central na forma como pensamos — em Portugal, o futebol é rei, mas o apoio a outras modalidades é crítico para o seu desenvolvimento presente e futuro. Por exemplo, o patrocínio da Betclic às Ligas masculina e feminina de basquetebol, que foi feito em condições de investimento iguais para ambas as ligas, permite ter um enorme impacto no desenvolvimento deste desporto, bem como contar, através de um documentário internacionalmente premiado, a história inspiradora de luta e também de inacreditável sucesso daquele que é o primeiro português a jogar na NBA: Neemias Queta. Através deste patrocínio, conseguimos ainda dar visibilidade a temas de enorme significado, tal como a equidade — tanto no desporto como fora dele.
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