Texto de Paulo Neto, coach executivo e de equipas, agile coach e fundador da Building Bridges
Como responsável de um grupo de trabalho ou de uma equipa o líder quer o melhor para cada pessoa e bons resultados individuais e coletivos. Para isso procura estar disponível, ajudar, esclarecer, motivar. A cada “Tens dois minutos?” está sempre pronto! A prioridade é garantir que cada elemento pode continuar, que tenha a melhor orientação, que ultrapasse cada encruzilhada cada dificuldade. Resumindo, procura oferecer o seu melhor.
Este modo de estar, muito comum nas nossas organizações, cria condições para que em cada dificuldade seja mais fácil perguntar do que agir. Sem dar conta, está submerso em interações que com o passar do tempo se vão tornando mais complexas. Neste ‘carrocel’, arrisca perder a noção da responsabilidade de cada um ficando as decisões centradas em si. Arrisca a tornar-se um recurso a quem se recorre para avançar.
Esta situação é inconveniente em várias perspectivas: o seu trabalho começa a ser feito fora de horas; fica ‘esvaziada’ de energia porque está sempre a servir, mas não necessariamente a liderar; a equipa não se desenvolve; gera dependência que pode levar à inércia…
Para evitar este caminho, ou para sair do carrocel em que se encontra, precisa de alterar as suas interações. Crie uma cultura de responsabilidade em cada elemento através de uma interação que conduza a menos interações. Em cada interação invista proporcionalmente à capacidade que o elemento tem para encontrar a resposta que procura: se tem capacidade não invista tempo; se não tem capacidade invista o que achar necessário para ajudar.
Siga cinco técnicas como forma de gestão:
1. Não aceite em todos os momentos a interação que lhe é pedida; pode sugerir que aconteça um pouco mais tarde
2. Não tem de dar resposta a tudo o que lhe é pedido; pode perguntar o que a pessoa pensa ou se já tentou fazer alguma acção para solucionar
3. Tente perceber se a situação está a ser trazida em última hora, porque sempre se encontra uma solução;
4. Pergunte o que faria se não estivesse disponível.
5. Evite dizer como se faz e, sobretudo, fazer.
Dito de outra forma, lidere o que quer que aconteça, não deixe que a pressão, a falta de tempo ou mesmo a ansiedade da pessoa com quem fala a condicione. Ao escolher esta atitude, este caminho, está a criar uma forma de estar que gera autonomia e capacidade de gestão. Crie condições para que cada pessoa se lidere a si mesma e não se ‘pendure’ em si para que os processos avancem.
Tenha presente que cada ‘pequena’ interação é um momento de liderança que necessita ser gerido como tal. Seja o líder, não o recurso.