Texto de Paulo Neto, Coach ICF ACC , Team and Agile Coach, Facilitador e fundador da Building Bridges
As pessoas que estão na nossa vida refletem quem somos, são de alguma forma o nosso espelho e o resultado do que fomos oferecendo e aceitando.
Há pessoas que gostamos e admiramos, mas não estão presentes porque vivem noutra parte do mundo ou porque vivem em contextos diferentes dos nossos, e apesar disso continuamos a apreciá-las. Há outras fisicamente perto, mas que não estão na nossa vida, são-nos indiferentes e há quem desejaríamos que não estivessem perto de nós… Algumas destas situações não foram escolhidas, aconteceram, mas a forma como lidamos com elas reflete quem somos.
Cada pessoa, cada grupo, é uma pequena parte do nosso espelho e é possível que não esteja completo, que existam partes de nós que ainda não se revelaram e que precisam de outras circunstâncias e de outras pessoas.
Nas nossas interações, cada oferta cada rejeição, quer as nossas quer as dos outros, vão refletindo o que somos e o que não somos, contudo, nem sempre temos a consciência de que ao aceitarmos uma coisa estamos a rejeitar outra e vice-versa. O que escolhemos é reflexo do nosso sentir e pensar e é o que nos aproxima ou afasta de outras pessoas ou situações. Cada escolha pode resultar em aproximação ou afastamento, atraímos ou afastamos pessoas ou grupos e assim se vai criando o nosso espelho, a nossa identidade.
O nosso espelho pode ter uma superfície grande ou pequena, pode ter muita luz ou falta dela, pode ser muito ou pouco colorido, mas certamente reflete quem somos. Há também uma parte de nós que não permitimos que os outros conheçam e até mesmo uma parte de nós que desconhecemos, mas ela está presente e de alguma forma isso também é refletido.
Não podemos, no entanto, ter uma visão egocêntrica, porque se por um lado os outros são o nosso reflexo também nós somos reflexo para os outros. Esta realidade facilmente nos conduz para a noção de que todos somos influenciados e influenciadores, que vivemos em rede. É importante colocar uma boa parte da nossa atenção nos outros, é com eles afinal que vamos desenvolvendo a nossa identidade e que também contribuímos para a identidade do outro.
Podemos mudar e melhorar o que vemos deixando que algumas coisas venham à superfície ou até descobrindo-nos, mas precisamos que essas partes de nós possam ser oferecidas aos outros. Precisamos de oferecer o nosso melhor para que o nosso reflexo possa ser o melhor.
É possível que também precisemos de escolhas diferentes.
Deixo o desafio de observar como as pessoas interagem consigo. É esse o espelho, essa é a resposta ao pedido feito ao espelho. Quem sou eu?