Elaborada com o intuito de promover a diversidade de género nas conferências que, um pouco por todo o mundo, se debruçam sobre a área dos media, a lista de 103 oradoras que o site Journalism defende que devem ter uma palavra a dizer neste tipo de fóruns de discussão – e na qual se inclui Paula Cordeiro – apresenta múltiplas alternativas válidas para que se evitem os painéis predominantemente masculinos. Uma iniciativa inspirada pela plataforma online All Male Panels Tumblr, que reúne exemplos de como “a falta de diversidade de género ainda é evidente” neste tipo de eventos.
Nascido desta preocupação que, de acordo com os seus promotores, mobiliza um “coro de protestos” composto não só por mulheres, mas “cada vez mais também por homens”, o rol de 103 investigadoras, jornalistas, editoras e executivas que se notabilizam neste campo de atuação inclui a portuguesa Paula Cordeiro, na categoria de radiodifusão e podcasting. Para a Provedora do Ouvinte da RTP, que é também docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, esta nomeação é encarada com “grande orgulho”, por representar “o reconhecimento numa área tão competitiva, disputada e concorrencial, como são os media”.
Quebrar o glass ceiling
Acreditando que esta distinção resulta do facto de “ter feito um esforço para desenvolver o meu trabalho também em contexto internacional”, Paula Cordeiro alerta, todavia, para a “falta de oportunidades” que continua a obstar à ascensão de muitas profissionais nesta área, “fruto das eternas questões de género que ainda afetam as mulheres nos vários domínios laborais”. “O panorama tem melhorado ao longo dos anos, mas ainda temos uma sociedade muito paternalista e conservadora”, afirma.
Temos muitas mulheres na comunicação social mas poucas em lugares de decisão com visibilidade internacional.
Saudando a iniciativa deste site britânico, a investigadora considera que “há necessidade de se promover a diversidade a vários níveis e setores”, mas que a esta questão subjaz outra “mais profunda, que se se prende com o chamado glass ceiling que as mulheres estão empenhadas em quebrar”. “Apesar de termos muitas profissionais do sexo feminino na comunicação social e indústrias relacionadas, temos poucas mulheres em lugares de decisão e menos ainda em lugares de decisão com visibilidade internacional.” De igual modo, constata, a presença de mais mulheres nas redações e nas equipas de produção “contribui para uma maior propensão para tratar as questões femininas com maior equidade”, o que, contudo, “não quer dizer que esta seja a regra no discurso mediático”.
Daí que, com vista a alterar esse cenário, “qualquer iniciativa que favoreça a diversidade deva ser devidamente acompanhada e promovida”, conclui esta especialista.