Costumo dizer que só no dicionário é que a “sorte” vem antes do “trabalho”. No começo e durante todo o nosso caminho, seja qual for, devemos ter sempre presente que sem esforço não se chega a lado nenhum. Ser bom no que fazemos exige vontade, compromisso, estudo, muito trabalho, empenho, bastantes sacrifícios e dedicação permanente.
Quando decidi que queria ser cozinheiro estava na faculdade a estudar Comunicação Empresarial. Apesar de no último ano já saber que queria seguir um percurso diferente, comprometi-me a acabar o curso porque aprendi desde pequeno, com a minha Mãe, que não devemos deixar nada a meio. Este conselho tem sido um guia ao longo da minha vida. Hoje estou muito contente por ter completado a formação universitária porque estudar é muito, muito importante. Foi, sem dúvida, uma etapa fundamental.
Quando alguém mais jovem me diz que quer ser cozinheiro e me pergunta o que deve fazer digo sempre que deve estudar o mais que conseguir. Ir o mais além possível em termos académicos porque o estudo enriquece-nos e ensina-nos a pensar. O gosto pelo estudo e a capacidade de pensar é crucial ao longo da carreira.
Para decidirmos o caminho que queremos tomar em termos profissionais considero que os estágios têm um papel determinante. É muito importante experimentar e perceber o que é exatamente a profissão na qual temos interesse para tomarmos uma decisão de forma consciente e não irmos ao engano. A prática é essencial. Quando fiz o primeiro estágio numa cozinha, na Fortaleza do Guincho, logo que entrei, o meu coração disparou e senti uma emoção enorme, única e absolutamente indescritível. Foi um momento transformador. Percebi logo que tinha encontrado uma grande paixão. E é mesmo importante apaixonarmo-nos por aquilo que fazemos – faz toda a diferença. A paixão funciona como um motor, é uma força que nos empurra, que nos leva sempre para a frente e que nos ajuda a vencer e ultrapassar qualquer dificuldade.
Depois de escolhermos um caminho devemos procurar agarrar todas as oportunidades de aprender com os melhores. E devemos estar dispostos a encontrar mentores em todas as pessoas que trabalham connosco, estejam acima de nós, ao nosso lado ou abaixo de nós. Podemos aprender com todos, apenas temos de estar dispostos a isso. O facto de termos uma visão clara de onde queremos chegar e de termos sempre vontade de fazer mais, acaba por funcionar como um mapa.
No entanto, ninguém faz caminho sozinho. Por isso, devemo-nos rodear de pessoas que partilhem os nossos valores, a nossa forma de estar, que tenham orgulho no que fazem, que sejam respeitadoras, trabalhadoras e que, sempre que possível, sejam melhores do que nós, para que a aprendizagem e a evolução seja constante. Uma equipa forte, competente e unida em torno de uma paixão e de uma visão comum é uma poderosa arma secreta.
Para mim, a vontade de pôr mãos à obra e de experimentar torna o caminho muito mais divertido. A criatividade e a vontade de inovar têm um papel central na minha vida. Não tenho todas as respostas, mas tenho muitas ideias e nada me dá mais gozo do que dar forma a uma ideia e testar se funciona. Se não funcionar, não há qualquer problema. Outra funcionará e entretanto ganhámos experiência e conhecimento. E é sempre mais divertido o caminho do que a chegada.
Quem quiser criar e gerir o seu próprio negócio deve adquirir algum conhecimento e experiência em termos financeiros para conseguir acompanhar o dia-a-dia, interpretar os números e tomar decisões com conhecimento. Seja qual for o negócio, é importante que seja rentável. A rentabilidade é essencial para se conseguir viabilizar projetos. Outro ponto importante é saber admirar e respeitar os concorrentes. Devemos ter grande respeito pelo trabalho dos outros. Há sempre lugar no topo para mais um, não é preciso querer que os outros desçam. Ser competitivo não implica ser ganancioso, nem invejoso. Não é preciso denegrir os outros para sermos melhor. Quem é o meu maior concorrente? Sou eu próprio porque quero sempre ser melhor e ir mais além.
Por fim, apenas posso dizer que quando comecei a minha ambição era ter um pequeno restaurante, em Cascais. Se nessa altura alguém me tivesse dito que hoje iria estar onde estou, não acreditaria. Nunca imaginei fazer o caminho que fiz, ter os restaurantes que hoje temos, ter construído uma empresa com mais de 300 pessoas, nem ter as perspetivas de futuro que hoje temos. O que hoje sou é a soma de todas as vivências que tive, as boas e as menos boas. Foram todas importantes! Olhando para trás, não mudava nada. Sinto-me muito agradecido por ter feito o caminho que fiz, por estar onde hoje estou e espero continuar a ter a possibilidade de evoluir e de aprender, todos os dias.
Texto publicado no livro Como Chegar a Líder – 600 Conselhos de Carreira (Vindos de Quem Sabe), que conta com textos de outros 61 autores e foi coordenado por Isabel Canha e Maria Serina. Saiba mais aqui.