O que faz uma especialista em Microbiologia, diretora-executiva de uma rede de laboratórios de análises clínicas de abrangência nacional, vogal da direção da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos e docente na Universidade Católica, à frente de uma loja de roupa, acessórios e calçado femininos? No caso de Rita Carmo Ferreira, a executiva na área da saúde que passou a envergar também o figurino de empresária no universo da moda, faz todo o sentido.
A abertura de portas da La Bohême, em dezembro de 2015, foi o remate perfeito para a paixão desta empreendedora pela arte de bem vestir, que já a havia levado, antes disso, a apostar na formação em consultoria de imagem e a representar, em conjunto com o marido, uma linha de acessórios, lenços e turbantes para mulheres com doenças oncológicas. A inspiração para dar molde ao negócio da boutique veio, por sua vez, de um dos países com maior tradição nesta indústria: Itália. A “muita vontade” de trazer para Portugal a marca Luisa Spagnoli originou o casamento de interesses que deu origem à La Bohême, conta a sua fundadora. “Em 2015, visitei esta marca italiana, apresentei o projeto de a representar no nosso país e depressa aceitaram esta parceria.”
A La Bohême apresenta uma oferta para as diversas situações da vida da mulher, da mais casual à mais formal.
Nos meses que mediaram até que o “sonho” ganhasse contornos de realidade no coração da Avenida Casal Ribeiro, em Lisboa, onde a esperava o “espaço amplo e intimista, numa zona central e nobre” pelo qual procurou, Rita Carmo Ferreira aproveitou para embarcar noutras viagens em busca “de marcas que completassem a oferta da La Bohême”. Privilegiar insígnias nacionais e internacionais “de elevada qualidade e requinte”, algumas das quais “ainda sem visibilidade em Portugal”, foi a rota traçada para a “criteriosa” escolha das coleções, garante. Desde logo, para alcançar a meta de disponibilizar “uma oferta para as diversas situações da vida da mulher, desde a mais casual à mais formal”.
Soluções à medida para executivas
Fazendo do “atendimento personalizado e especializado” – inclusive “com consultores de imagem na frente de loja”, sublinha – uma peça-chave no serviço prestado, a La Bohême criou soluções que servem para “facilitar a vida” às mulheres executivas. Além da “consultoria de imagem adaptada a este segmento”, esta boutique procura “responder às clientes empresariais que, perante uma limitação de tempo, desejem ou precisem de um atendimento fora do horário de funcionamento habitual”, nota a empresária. De igual modo, acrescenta, “podemos apresentar uma seleção personalizada de peças e acessórios numa outra morada de conveniência, em dia e hora a acordar”.
Sei o que é pertencer ao segmento das executivas, ter compromissos diferentes e querer estar sempre impecável.
A atenção prestada à medida das necessidades deste tipo de clientes é talhada também à imagem da experiência de Rita Carmo Ferreira. “Sei o que é pertencer a este segmento, ter compromissos diferentes, por vezes até no mesmo dia, e querer estar sempre impecável.” O equilíbrio com que joga com as diferentes peças do seu guarda-roupa, consoante as circunstâncias, é a mesma com que coordena os diferentes papéis em que se reveza.
Paixões compatíveis
A “paixão”, sempre ela, somada a “muito esforço, organização, rigor, disciplina, dedicação e focalização”, asseguram que a direção-executiva da Redelab, a presença no corpo diretivo da Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, a docência de Microbiologia na Universidade Católica e a condução dos destinos da La Bohême se conjugam sem mácula. Se perguntarem a Rita Carmo Ferreira se os gostos pela ciência e pela moda destoam entre si, esta empresária é perentória: “de todo, não há qualquer incompatibilidade”.
A paixão pela vida levou-me a formar-me em Biologia e a paixão pela arte levou-me ao interesse pela moda.
“Sou uma apaixonada pela arte e pela vida”, confessa. “A paixão pela vida levou-me a formar-me em Biologia e a especializar-me em Microbiologia e a paixão pela arte levou-me ao interesse pela moda.” Ambas se cerziram, porém, por influência familiar. Vindo de “uma família de professores e engenheiros”, a ligação às ciências e à saúde surgiu “de uma forma muito natural”, marcando um percurso que, já depois da formação académica, a conduziu aos Laboratórios Roche, à Johnson & Johnson e à fundação da Redelab.
O ponto de partida para a descoberta da moda foi, por seu turno, dado pela avó materna, que fez questão de ensinar crochet, tricot, arraiolos e ponto cruz à única neta menina. Artes que, mais tarde, permitiram a Rita Carmo Ferreira “adaptar as roupas que comprava” ao seu gosto, vinca. O tal que diz resultar “da soma das partes”, através da conjugação de peças e acessórios transformados pela própria, com “elementos de diferentes estilos” que se equilibram. “Sempre em harmonia” como procura que aconteça, de resto, na sua “eclética” vida profissional.